Seguidores

domingo, 26 de junho de 2011

Bomba de gás lacrimogêneo

Era meados de 2006. O Brasil estrearia na Copa do Mundo contra a Croácia. Eu ainda pagava os meus pecados na agência Vila Esperança (1542-3) do Banco do Brasil.
Naquele dia, o expediente terminou mais cedo por causa do jogo. Liguei para o meu amigo Rolando e perguntei:

- E aí, onde vamos?
- Tatuapé.
- Que lugar?
- Copacabana Bar.

Legal, até rimou! E lá fui eu no meio da multidão, desviando das pessoas para chegar a tempo ao bar.
É incrível como tudo fica diferente quando o Brasil joga numa Copa do Mundo. A atmosfera é de folia: sair mais cedo do trabalho ou entrar mais tarde ou interromper o expediente... Camisas, cornetas, buzinas e... expectativa. Principalmente naquele dia, que era o primeiro jogo.
Havia fila para entrar. Que coisa horrível! Mas o importante era que, mesmo lá fora, dava para acompanhar. E foi lá fora, na fila, que vi Kaká fazer o primeiro e único gol brasileiro naquele jogo.
Entrei, assisti ao segundo tempo, tomei alguns chopes, olhei para a bunda de várias meninas e perdi meu amigo Rolando.
Acabou o jogo e eu resolvi ficar mais um pouco. De repente, uma briga do lado de fora. Ouço alguém gritar que a polícia chegou. Mais alguns segundos, escuto um barulho forte e fumaça espalha-se pelo ambiente. Meus olhos choram, minhas vias respiratórias ardem. Filhos das putas! Jogaram bomba de pimenta ou gás lacrimogêneo, não sei...
Todo mundo corre para sótão do bar. Ficamos lá esperando a fumaça se dissipar. Foi horrível! Não sei como mantive a calma. Fiquei surpreendentemente calmo, enquanto escutava várias mulheres chorarem, ligarem para os pais, namorados, etc. Eu fiquei ali, esperando. Esperei bastante, viu. Quase uma hora. Não fui o primeiro a descer. Desceram dois ou três e falaram que estava tudo bem. Já dava para respirar. Mas a prudência me disse para esperar mais um pouco. Mais três ou quatro pessoas desceram e, como eu estava ficando sozinho, resolvi descer também.
Havia uma grande confusão lá embaixo. Policiais pegando depoimento de várias pessoas. Todo mundo querendo saber por que a bomba havia sido jogada lá dentro se a briga era lá fora.
Eu, apesar de calmo, estava assustado e o instinto jornalístico não prevaleceu. A pergunta que todo mundo queria saber é, para mim, até hoje, um mistério.
Aproveitei a confusão para sair sem pagar. Não fui o único. Naquele dia, o dono do bar deve ter levado um prejuízo e tanto. De qualquer forma, não o levou à falência. Quinta-feira (feriado de Corpo de Cristo) à noite, voltei lá e reencontrei amigos que não via desde o ano passado. Dessa vez, paguei a conta com satisfação. Rever amigos é sempre muito bom e não podemos deixar passar tanto tempo sem encontrá-los. Periga cair no esquecimento. É mais uma coisa que posso contar: JÁ ESTIVE NO MEIO DE UMA MULTIDÃO ONDE UMA BOMBA DE GÁS LACRIMOGÊNEO EXPLODIU. Não que seja motivo de orgulho, mas definitivamente, quem não bebe, não tem história!

P.S. Hoje foi fácil para o Corinthians golear o São Paulo. Só aconteceu o que aconteceu, porque os são-paulinos estavam com a cabeça na Parada Gay, em vez de se concentrarem no jogo. Até o Rogério Ceni, para não passar em branco o dia do Orgulho São-Paulino, resolveu engolir um peru.

domingo, 19 de junho de 2011

Atlético-GO: vamos falar direito!

Vamos combinar uma coisa de uma vez por todas: o Atlético-GO é Atlético Goiano e não Atlético Goianiense, como a maioria diz.
Se fosse Atlético Goianiense, seria Atlético-GYN, pois GYN é a sigla de Goiânia e é goianiense quem nasce em Goiânia. Claro que todo goianiense é goiano também, mas a questão aqui é falar corretamente o nome do time. Pois GO é a sigla do estado de Goiás e quem nasce no estado de Goiás, independentemente de ter sido em Goiânia, Caldas Novas ou Rio Verde, é goiano.
Portanto, o Atlético-GO, daqui para frente, deve ser chamado de Atlético Goiano por todos que lerem este texto.
Confesso que eu já chamo de Atlético Goiano desde o final do ano passado e já devia ter escrito esse texto há muito tempo, mas sempre coisas mais urgentes clamavam por uma crônica. O importante é que o Jovem Dragão tarda, mas não falha.
Ainda gostaria de argumentar que, se fosse para chamar o Atlético Goiano de Atlético Goianiense, deveríamos mudar o nome do Atlético Mineiro para Atlético Belorizontino e do Atlético Paranaense para Atlético Curitibano. Já que é para chamar o natural do estado pelo natural da capital do mesmo estado, sejamos lógicos.
O problema é que essa discussão poderia ir longe, pois poderíamos querer mudar o nome do Fluminense para Carioca, uma vez que fluminense é quem nasce no estado do Rio de Janeiro e carioca é quem nasce na cidade do Rio de Janeiro. Por isso também é errado falar em capital carioca. Capital carioca seria um pleonasmo. Por isso se fala em Baixada Fluminense, Região Serrana Fluminense, etc, etc.
Seguindo a discussão, o Bahia passaria a se chamar Salvador, o que seria uma ótima idéia, pois a Bahia tem a fama de ser o estado mais religioso do Brasil e conseqüentemente todos adorariam torcer para o Salvador. Aê, Bahia Futebol Clube, se isso acontecer, vou querer meus direitos autorais, hein! Essa idéia é minha! Sem prepotência, mas que ótima idéia! Imaginem o que vocês angariariam de torcedores! Não duvido nada que em menos de cinco anos, ultrapassassem Corinthians e Flamengo em termos de torcida, mesmo sem ganhar título nenhum, principalmente, porque o Brasil, maior país católico do mundo, tem no futebol uma religião. Eu já sou torcedor do Salvador! Principalmente por causa dos meus royalties. Não esqueçam de mim, hein tricolores! Ah, vamos continuar as sugestões para o novo time: nada de tricolor. Tricolor é colorido e colorido é arco-íris e arco-íris é símbolo GLS. Já que é Salvador, a cor deve ser vermelha, que é cor de sangue.
Voltando ao tema e aos problemas (e até rima – tema com problema), vejam só o tamanho deste: se vai mudar o nome do Fluminense para Carioca e o do Bahia para Salvador, teria que mudar o do Ceará para Fortaleza. O grande problema é que já existe um time chamado Fortaleza.
Nessa discussão toda, o único time que se daria bem, seria o São Paulo, pois ainda que precisasse mudar o nome para o da capital, continuaria sendo São Paulo mesmo.
Aliás, São Paulo, Bahia e Fluminense são tricolores com nome de estado. No caso, o Fluminense não tem o nome do estado, mas sim o de quem nasceu no estado. Já o Fortaleza é o único tricolor com nome de capital. E o Grêmio não é nem uma coisa nem outra. Depois dizem que pegamos no pé dos gaúchos... mas são os fatos. Já prevejo um comentário: “Eles preferem que tu pegues em outro lugar, tchê”.
Para que não haja confusão nenhuma e os problemas sejam solucionados antes mesmo de começarem, fica muito mais fácil acertar só o que está errado e deixar o que está certo, certo. Portanto, daqui pra frente, que o Atlético-GO seja Atlético Goiano. E que todos os outros continuem com os seus nomes atuais. Sem revoluções!
Mas se aparecer algum Salvador vermelho lá na Bahia, vou querer meus royalties.

domingo, 12 de junho de 2011

Proposta de casamento

Eles se conheciam havia já um ano. Trabalhavam no mesmo lugar, conversavam sempre. Às vezes, almoçavam juntos; às vezes, até de domingo! Tomavam sorvete e comiam pizza, não necessariamente nessa ordem. Ela gostava de caminhar ao lado dele e ele gostava de vê-la sorrir por qualquer besteira. Eram amigos. Nesse um ano que se conheciam, nunca se deram as mãos ou os braços. Quer dizer, literalmente falando. Figurativamente falando, sim, já se deram as mãos e os braços.
Uma noite, enquanto caminhavam sob as estrelas, ele quebrou o silêncio:

- A gente podia casar, né? - disse assim, como quem convida para ir ao cinema.
Ela olhou para ele obviamente surpresa e perguntou:
- Casar??? Como assim?
- Casar, uai! Juntar as escovas de dentes, amarrar o burro, juntar os trapos, etc.
De vez em sempre, ele respondia assim, como se fosse o Homem de Neanderthal.
- Mas a gente nem se gosta. - disparou ela, à queima-roupa.
Ele se ofendeu:
- Como a gente nem se gosta? Eu me sinto hiper bem quando estou contigo. Você diz que ora por mim todos os dias. Sinceramente, não parece atitude de quem não se gosta.
- A gente se gosta. Mas como amigo. Não para casar. - corrigiu ela.
- Ah, é verdade, eu tinha me esquecido que, para casar, é preciso ser inimigo. Por isso, dizem que se casa CONTRA alguém e não COM alguém. Por isso também, há tantos divórcios. Casando com o inimigo... É, você tem razão. Prefiro continuar sendo seu amigo.

O silêncio retornou àquela noite. Ele estava contente em ser amigo dela. Só queria uma companhia para o fim dos seus dias. Ela pensava que ele tinha idéias muito radicais. Religião, família, dinheiro... às vezes, ele dizia coisas que a chocavam. Se ele não fosse tão doce, outras vezes, ela juraria que ele era louco. Deve ser louco mesmo! Como pode ser tão contraditório?
Ele quebrou o silêncio novamente:


- Acho que a gente podia casar, mesmo sendo amigos. Seríamos um casal diferente. Dificilmente nos separaríamos.
- Supondo que a gente se case... como amigos... como você acha que a gente teria um filho?
- Como todo mundo faz quando quer ter um filho, oras.
- Você acha que rola?
- Claro! Você é bem gostosa!
- Que é isso, menino?! Isso são modos de falar comigo? - ralhou ela.
Ele não respondeu. Apenas sorriu e olhou para ela com aquela cara de lobo no cio.
Ela pousou ambas as mãos sobre a face dele e disse com toda ternura:
- Escuta uma coisa: eu não sou apaixonada por você.
Ele ficou exultante e exclamou:
- Isso é maravilhoso! Magnífico! Porque eu também não sou apaixonado por você. Nem pretendo ficar. E espero que você também não fique. Esse nosso estado de espírito - desapaixonado - é o melhor para tomarmos uma decisão desse porte. Podemos raciocinar, pesar os prós e os contras e decidir com base em dados; não em emoções. Se nossa visão estivesse encoberta pelo véu da paixão, jamais teríamos essa discussão. Você diria "sim" e nós casaríamos sem nem pensar. Que bom que não estamos apaixonados!
- Tudo bem. Vamos ver aonde essa discussão nos levará. Quais seriam os contras de se casar comigo?
- Acho que a sua vida financeira é muito bagunçada. Você compra por impulso, o que demonstra sua ansiedade e seu descontrole sobre ela [ansiedade]. Quando você efetua uma compra, você se sente momentaneamente feliz, porém, no momento seguinte, sente-se frustrada por não ter conseguido se controlar. Então precisa fazer outra compra para reduzir aquela frustração/ansiedade. A partir do momento que nos casarmos, a sua vida financeira interferirá na minha vida financeira e as brigas e divórcios da maioria dos casais acontecem por causa de dinheiro. Esse é um ponto negativo seu muito sério. Mas agora é a sua vez. Quais seriam os contras de se casar comigo?
- Bem... você é tão cabeça dura que, se eu não soubesse que você é extremamente inteligente, eu diria que você é muito burro. Ou talvez isso seja um agravante. Você não poderia ser tão inteligente e tão cabeça dura ao mesmo tempo. Isso faz de você um completo tapado! Você acha que sabe tudo e quer ter sempre razão. Você é mão-de-vaca, só pensa em si próprio e não tem ambição. Como eu poderia casar com um cara que não ambiciona nada na vida?
- Acabou comigo, hein!
- E você, comigo!


Um tempo se passou enquanto ambos absorviam o que tinham acabado de falar e ouvir. Impossível absorver tudo assim, de uma vez. Então, logo ele retornou à conversa:


- Vamos aos prós, então?
- Sim. Eu gosto quando estou com você, gosto de conversar com você e me sinto útil lhe dando conselhos. Gosto do seu humor negro, das suas ironias e quando você tenta me ensinar alguma coisa. Você é atencioso, simpático com todos; você é carismático! Todo mundo gosta de você. Certo. Nem todo mundo. Mas seria legal ser mulher de alguém tão popular. Você é uma ótima pessoa e parece saber lidar bem com dinheiro. Ah! Também é uma ótima companhia. Mas... e na sua opinião, quais seriam as vantagens de se casar comigo?
- Eu vou te falar duas vantagens principais: 1) a gente se dá bem e a tendência é nos darmos cada vez melhor. 2) você é dona de uma moral ilibada.


Ela sorriu timidamente e agradeceu.


- Obrigada. Por que diz que a tendência é nos darmos cada vez melhor?
- Como você não acredita em Astrologia, nem vou tentar explicar.
- Eu não entendo como um cara tão inteligente pode acreditar tanto em Astrologia!
- E eu não entendo como uma mulher com dois diplomas do Ensino Superior pode acreditar na Teoria da Criação. Mas a gente não discute essas coisas, porque respeitamos as crenças do outro e é por isso que nos damos bem. Estamos sozinhos e gostamos das nossas respectivas companhias. Por isso, acho que devemos casar.


COM LICENÇA, QUERIDOS LEITORES, PERMITAM UM PARÊNTESE DO NARRADOR PARA UMA OBSERVAÇÃO QUE EU NÃO PODERIA DEIXAR PASSAR:
QUEM, EM SÃ CONSCIÊNCIA, DIRIA "GOSTAMOS DAS NOSSAS RESPECTIVAS COMPANHIAS"?
CONTINUANDO...


- Bom... ainda bem que não estamos apaixonados. - considerou ela.
- É.
- Isso quer dizer que eu não preciso decidir nada agora.
- Certo.
- Então eu vou pensar, vou analisar a questão por todos os ângulos e, quando decidir, te dou a resposta, ok?
Ele sorriu e finalizou:
- É por isso que eu te amo!
- Também te amo!
Despediram-se com um abraço apertado, ela entrou na casa dela e ele seguiu de volta para a casa dele.

sábado, 4 de junho de 2011

A volta da inflação

Acabei de voltar do supermercado e da feira com a minha mãe. Que programa de índio!
Detesto ir às compras, mas a pobre mamãe está com bursite e tendinite no ombro e deve evitar fazer força. O problema é que ela é teimosa e continua fazendo faxina em casa, puxando o varal para cima, não adianta. Quando estou em casa, tento evitar que faça esforços. Nem reclamei de ir ao mercado para carregar caixas de leite e de refrigerante. Ela já cuidou muito de mim. É o mínimo do mínimo que eu posso fazer.
Mas este texto não é para falar da minha mãe. Antes de entrar no tema do texto, gostaria de ressaltar uma das regras masculinas que há num e-mail que cirula na rede, o qual já recebi, pelo menos três vezes: FAZER COMPRAS NÃO É DIVERTIDO. E olha que, quando vou ao mercado com a minha mãe, nem sou eu que gasto dinheiro, hein! Imaginem se fosse...
Pior que pensando no tema, cheguei à conclusão que o problema não são nem as mulheres. Já fui ao mercado com meus amigos fazer compra, quando fomos à praia ou fazer compra para algum churrasco. Isso aconteceu apenas uma ou duas vezes! Nas outras, eu disse: “Vão lá, comprem, depois digam quanto é a minha parte”.
Tem mulher que não pode ir ao shopping. Começa a parar em todas as vitrines e exclama: “Ai, que lindo!” Na maioria das vezes, não precisa daquilo, mas acaba comprando só porque é lindo! Ainda bem que o dinheiro não é meu, mas de qualquer forma, é melhor nunca convidar esse tipo para ir ao shopping.
Para não dizerem que sou machista, vou citar a esposa de um amigo meu, dona Cláudia, que é uma bênção no shopping: podemos ir ao cinema, restaurante, café e ela só vai ao cinema, restaurante, café. Ela pode andar sozinha na frente e deixar, meu amigo e eu conversando atrás sem problema nenhum. É... tem pessoas e pessoas...
Mas desta vez eu vim aqui para reclamar da inflação. Esse maldito fenômeno de aumento de preços que corrói o poder de compra do povo. Quando eu ia ao supermercado, o café custava dois reais e alguns centavos. Hoje eu vi o mesmo produto, da mesma marca custando seis reais e muitos centavos. Um aumento de mais ou menos 150%.
Da mesma forma, sou da época que o leite custava menos de um real. Hoje, já está mais de dois reais. Último exemplo: a Coca-Cola – melhor refrigerante do mundo, inigualável – custava R$ 0,89. Hoje fui obrigado a comprar Soda Limonada, pois nem a Pepsi Twist estava nesse preço!
Cada dia que eu vejo que não consigo mais economizar meu vale-refeição e que vejo que os investidores estrangeiros estão saindo do Brasil por medo da inflação, o que faz com que a nossa Bolsa esteja com um desempenho negativo este ano, eu xingo o Lula.
Se vocês acham que a mídia de massa fez a minha cabeça, me escrevam, então, para que eu abra os olhos. Ainda não me arrependi de ter votado na Dilma, mas já era hora de cortar a cabeça de seus dois principais ministros: Mantega e Palocci. O primeiro, pelo que fala; o segundo, pelo que não fala. Acredito que a presidenta e a sua equipe conseguirão dominar a inflação, mas sim, a culpa é de seu antecessor, senhor Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele gastou demais no ano passado! Se fossem investimentos, como as obras do PAC, tudo bem. Investimento desenvolve o Brasil. Mas foram gastos. Gastos para promover a campanha política de sua pupila. Multado seis vezes pelo TSE, não faço a mínima idéia se pagou alguma das multas. Mas, se pagou, foi com o nosso dinheiro e não com o dele.
Estou muito preocupado com essa inflação que vem crescendo e que já chegou ao bolso dos mais fracos. A inadimplência já está aumentando.
Atenção, Brasil, os próximos 10 anos serão os mais promissores da nossa história. Nunca estivemos tão propensos a vencer. Nos próximos 10 anos a maior parte da população brasileira será economicamente ativa! É preciso estar preparado, é preciso investimento. Portos, aeroportos, ferrovias e hidrovias. Tudo isso é infraestrutura. Eletricidade também. Saneamento básico. Se Lula tivesse investido nessas áreas, em vez de gastar com propaganda eleitoral, o Brasil não estaria vivendo o retorno dessa maldição e perdendo tempo em ter que destruí-la. Poderíamos estar pensando nos próximos passos do desenvolvimento.
Mas... não há nada perdido.
Vamos, Brasil!

sábado, 28 de maio de 2011

Filme velho

Agora eu vou apresentar para vocês o roteiro de um filme tão antigo quanto a humanidade. Bem mais antigo do que o cinema. O filme é velho, mas ainda dá um IBOPE tremendo!
SE ALGUÉM TE ENGANA UMA VEZ, A CULPA É DA PESSOA, QUE É UMA BAITA VIGARISTA, 1-7-1, MAU-CARÁTER. MAS SE ALGUÉM TE ENGANA DUAS VEZES, A CULPA É SUA, QUE É TROUXA, BUNDA-MOLE E CORNO MANSO. Pode ter certeza: quem engana uma vez, engana duas, engana três. Não tem essa de segunda chance, as pessoas mudam, ele prometeu que nunca mais vai fazer isso. Vão por mim, o roteiro é sempre o mesmo: agora ele é seu cachorrinho. O que você manda, ele faz. Quando ele te reconquistar, ficará um tempo na moita, só espreitando. Afinal, agora ele é gato escaldado. Você vai se sentir no paraíso e vai dizer: “Nossa!! O Jovem Dragão estava errado. Ele mudou mesmo...” NÃO SE ILUDA!
Às vezes, essa fase dura bastante. Pode durar dois, três anos, até o homem sentir que ganhou definitivamente a confiança da mulher. Quando isso acontecer, ele voltará a ser o que sempre foi: um canalha! A princípio, uns picotes no barzinho depois do expediente. Ele precisa voltar pra casa a tempo de dizer que precisou fazer hora extra porque não sei quem faltou. Mas... ele passou 3 anos sem fazer hora extra! E agora vem com essa historinha? Mas a mulher acredita. E ainda fica com dó. Meu marido é tão esforçado! Tão bom! É muito engraçada a história do filme. Ou muito dramática, depende de quem assiste. Depois disso, ele não mais perderá tempo em barzinho. É do escritório, consultório, obra, padaria, hospital ou o que for, para o motel. As horas extras continuam. Às vezes, são reuniões, para variar a desculpa.
Uma bela quarta-feira (tem que ser de quarta-feira, pois na quinta ou na sexta, a esposa geralmente já planejou o fim de semana) ele diz que precisa viajar no final de semana, a trabalho, porque a empresa vai dar um treinamento ou qualquer outra coisa. Na verdade, ele vai passar um final de semana romântico com a outra, enquanto você fica aí largada, cuidando dos filhos e da casa. Domingo, ele chega com aquela cara de cansado, dizendo que o final de semana foi um porre de estressante. O cara é um ator, interpreta fantasticamente bem o papel dele! Se for inteligente, ainda diz que, no próximo, irá passar com a esposa, para recuperar o tempo perdido...
Eu falar isso aqui não muda nada, pois todo mundo (homens e mulheres) sabe que é assim que funciona. Nada mudou em milhões de anos nem vai mudar. Amamo-nos desse jeito. O final da história, vocês já sabem: depois daquela declaração de amor, a esposa se pendura no pescoço do marido e sapeca-lhe um beijo de saudades. Se bobear e o cara tiver fôlego...

P.S. Escrevi esse texto no primeiro semestre de 2007, inspirado pela história de duas amigas, uma das quais eu inclusive queria ser amante. Não consegui ser amante e é engraçado verificar como a gente muda. Na época, eu era dessas pessoas que achavam tal roteiro engraçado; hoje, estou achando dramático; amanhã... vai saber...
Relendo o texto, vejo um autor que parece o dono da verdade, como se essa fosse a única verdade. Meu Deus, quanta prepotência! Aos 23 anos, parecia que eu já fora casado, pois falo como se fosse uma autoridade no assunto.
É realmente muito interessante perceber as mudanças que ocorrem na vida da gente. Não acho que o autor (eu, há quatro anos) estava errado, mas esse é o texto de um autor que queria ser amante. Ele precisava convencer a mulher a não perdoar o marido. Por isso, entendo a posição do cronista. Mas não era só uma questão de convencimento. Ele deveras acreditava nisso.
A maravilha da vida é que ela nos coloca dos dois lados para que aprendamos e para que vejamos a questão por outra perspectiva, em vez de simplesmente julgarmos. O julgamento é um quando se está fora do furacão e outro quando se está dentro.
Dois anos mais tarde, vim a ser o cara que precisava de uma segunda chance, mas que moral tinha eu para pedir, depois de escrever isso? Não pedi e agora entendo porque o orgulho é um pecado.
A vida é linda, porque é um eterno aprendizado. Quem sou eu para dizer que todo mundo merece uma segunda chance? Que as pessoas mudam? Mas, independente disso, gostaria de finalizar com um exemplo bancário.
Todo mundo sabe que eu trabalho no ramo financeiro, porque já até escrevi aqui sobre isso. O banco não lhe empresta dinheiro, enquanto você ainda deve a ele. Parece óbvio. Mas quando você paga a sua dívida, independentemente de ter atrasado – o que gerará multa e juros de mora – ele empresta novamente. Principalmente se você atrasar o pagamento do empréstimo, ou seja, trair a confiança do banco, mas depois pagar com juros e multa, o banco lhe emprestará mais dinheiro, se você precisar. Não seria isso uma segunda chance? É óbvio que o seu limite de crédito (confiança) diminuirá e somente com o tempo, honrando seus compromissos (pagando em dia as parcelas), seu limite de crédito (confiança) vai aumentando gradualmente, conforme você for se mostrando merecedor.
Nada mais natural.

domingo, 15 de maio de 2011

A paixão é uma droga

A paixão é uma droga. Não, eu não estou xingando nem maldizendo essa palavra que, para mim, não representa um sentimento. Representa uma doença.
Como toda droga, a paixão é prazerosa. Se não fosse, não seduziria. Cerveja, por exemplo, é gostosa. Eu gosto. Mas, em grandes quantidades, mata. Não sei qual é o prazer do cigarro. Nem do charuto. Nem do cachimbo. Nem do narguile. Nem da maconha. Nem do crack. Nunca fumei. Não consigo. Me engasgo e fica uma sensação horrível na garganta. Mas que deve haver algum prazer, não tenho a menor dúvida.
Existe um remédio chamado POLARAMINE. É um antialérgico delicioso! Docinho... muito agradável ao paladar de crianças e adultos. Dá vontade de tomar o vidro inteirinho. Mas é um remédio. E alguém muito inteligente já disse que a única diferença entre o remédio e o veneno é a dose.
Imagino que as drogas sejam como o POLARAMINE: muito gostosas! E que, por isso mesmo, viciam. Quanto mais gostosas, mais rápido viciam.
Nunca provei lança-perfume, cocaína, heroína, ecstasy, LSD nem nenhuma outra droga ilícita. Mas paixão eu já provei. E vou dizer uma coisa para vocês: é altamente viciante! Você passa o dia todo pensando nela, a desejando, querendo cheirá-la, tocá-la. Quando você está com ela, você a beija, toca e sente todo o prazer que aquela droga te dá. O momento da separação é doloroso e temos crises de abstinência entre um encontro e outro. Nos afastamos dos nossos amigos. Nos afastamos da nossa família. Queremos ficar só com ela. Brigamos com os nossos pais e com quem quer que diga que ela não presta. Ficamos cegos.
Estou falando de um viciado em paixão, mas se fosse de um viciado em cocaína, não precisaria mudar UMA palavra.
Percebam que a cara de um apaixonado e de um maconheiro são idênticas. Ambos parecem estar em outra dimensão. As drogas os transportam para outro mundo. Apaixonados fazem loucuras que só um drogado faria. Sim, a paixão é uma droga! E eu não entendo por que a nossa sociedade considera bonito, bom, legal estar apaixonado e considera feio, mau, torpe estar bêbado. Não tem diferença nenhuma. Como toda droga, a paixão também mata.
Às vezes, mata literalmente quando acontecem crimes passionais, como o que matou a jovem Eloá, em Santo André, ou o outro, que matou a advogada Mércia Nakashima, em Guarulhos. Citei apenas esses dois exemplos, pois são os mais recentes, mas o que não faltam são exemplos de crimes passionais. Usando o adjetivo, a gente até esquece da locução adjetiva que ele representa. Crime passional é a mesma coisa que crime “de paixão” ou “por paixão”. Qual é a diferença entre isso e roubar dinheiro para comprar cocaína? A diferença é que roubar é menos grave.
A paixão mata também simbolicamente. É o que eu chamo de “overdose de paixão”. Como todas as outras drogas, nosso corpo rapidamente se acostuma às pequenas doses. PRECISAMOS de doses cada vez maiores. PRECISAMOS estar mais e mais tempo com a “pessoa amada”. É nessa hora que alguns casam. Cuidado quando alguém disser que PRECISA de você. Você provavelmente estará lidando com um drogado.
Mas, casando ou não, nosso corpo acostumar-se-á àquela nova dose. Chegará o inevitável momento da impossibilidade de aumentar a dose. Nessa hora, dizemos que a relação “esfriou”, que o “amor” acabou ou algo semelhante. É chegada a hora da natureza cobrar o seu preço.
A lei da natureza é a lei do equilíbrio. A paixão nos tira do equilíbrio e nos joga nas nuvens. Uma outra lei da natureza é a lei da gravidade e, tudo que sobe, tem que descer. Esta “queda” é a morte simbólica. Se passamos tanto tempo no “paraíso”, demoramos para voltar ao equilíbrio. E essa volta parecerá ser o “inferno”.
Por isso, a paixão é a mais cruel das drogas. Ela pode “matar” várias vezes a mesma pessoa. Porque, quando o romance esfria, tendemos a procurar outra pessoa para saciar nosso vício por paixão. E o ciclo recomeça. Sabendo disso, devemos buscar constantemente o equilíbrio e desenvolver rituais religiosos a fim de evitar as paixões.
Tudo isso foi descoberto a partir do final de agosto de 2010, quando iniciei meu processo de desintoxicação. Em cinco meses, li quatro livros fundamentais para o processo:
  • A CAMA NA VARANDA, da Regina Navarro Lins;
  • SHE, A CHAVE DO ENTENDIMENTO DA PSICOLOGIA FEMININA, de Robert A.Johnson;
  • HE, A CHAVE DO ENTENDIMENTO DA PSICOLOGIA MASCULINA, do autor anterior e
  • WE, A CHAVE DA PSICOLOGIA DO AMOR ROMÂNTICO, do mesmo autor.
A recuperação não é fácil, mas é possível. Claro, como com qualquer outra droga, depende de uma decisão do drogado. Não adianta a família interná-lo numa clínica se ele não quiser recuperar-se. Por isso, se você não estiver firme no seu propósito, você acaba desistindo.
No final de janeiro de 2011, pensei que estava curado. Tal qual um ex-alcoólatra que precisa ir a uma festa e resistir à bebida, eu me reaproximei da minha “bebida alcoólica”. Tal qual o ex-alcoólatra; podia ver, cheirar, ouvir, mas não podia tocar e nem pensar em levar à boca.
Durante dois meses e duas semanas, tive um comportamento exemplar. Mas no começo de abril, tive uma recaída. Soube que ela esteve em São Paulo e não me contatou. Pior: foi ela mesma quem me disse. Podia ter ficado quieta. Mas não... Estou novamente em processo de recuperação.

sábado, 7 de maio de 2011

Os times da minha vida

Confesso que eu estava curioso para conhecer o famoso e tão falado Coritiba, agora mais famoso e mais falado do que nunca. O time que sequer empata há 24 jogos é a equipe a ser batida no futebol brasileiro.
Os Coxas Brancas tinham pela frente o Palmeiras, time com o maior número de títulos nacionais da história, clube de tradição invejável e camisa de peso. Único time brasileiro a ter representado inteirinho – do goleiro ao ponta-esquerda – a seleção brasileira, num amistoso contra o Uruguai na inauguração do Mineirão, em 7 de setembro de 1965. Não só representou, como representou bem e venceu por 3 a 0 aos uruguaios. Eu não perderia este jogo por nada e, como não tenho TV a cabo, saí do trabalho à caça de algum lugar onde pudesse assistir ao jogo.
Graças a Deus, encontrei, mas o Coritiba me decepcionou. Caramba! Mas eles meteram 6 a 0 no Verdão!! O que mais você queria?
É que eu fiquei mal-acostumado. Na minha vida, tive a oportunidade de ver três equipes espetaculares, que apresentavam futebol maravilhoso, davam show, venciam, convenciam, goleavam e encantavam.
A primeira delas foi o Palmeiras do primeiro semestre de 1996. Quando estivermos frente a frente, posso escalar de memória aquela equipe sensacional para vocês. Se eu escrever aqui, vocês vão achar que eu pesquisei no Google. Aquela equipe era espetacular! De 1 a 0 a 9 a 0, eles fizeram todos os resultados possíveis no semestre. Marcaram mais de 100 gols no semestre e no Campeonato Paulista. O zagueiro-artilheiro Cléber fez mais gols do que a maioria dos atacantes do Paulistão daquele ano, em que o Verdão só perdeu para o Guarani. E só perderam a Copa do Brasil, pois enfrentaram um Cruzeiro de um certo goleiro Dida numa noite inspiradíssima, em que só não defendeu pensamento e o primeiro gol do Luizão. Em contrapartida, o arqueiro palmeirense Veloso falhou clamorosamente e entregou a vitória aos mineiros. Uma pena, pois aquele time, se mantido, tinha tudo para ter sido campeão mundial interclubes no ano seguinte. Aquele Palmeiras marcou indelevelmente a minha memória como referência de futebol-arte.


Outro time sensacional que eu vi atuando foi o Corinthians durante o ano inteiro de 1999. Uma das poucas equipes que conseguiram vencer no mesmo ano o campeonato estadual e o nacional, o Timão, naquele ano, ficou apenas a uma vitória de igualar o recorde de vitórias consecutivas em início de Campeonatos Brasileiros que é do Internacional que, em 1978, conseguiu 8. Aquele Corinthians só não ganhou a Libertadores, primeiro, porque não está no seu DNA; segundo, porque enfrentou o goleiro Marcos, que naquela noite fez três milagres reconhecidos pela igreja palmeirense e foi canonizado São Marcos; e Alex, um dos melhores, se não o melhor camisa 10 que já vi jogar.


Por último, o Santos do primeiro semestre de 2010, campeão paulista e da Copa do Brasil, a equipe também conseguiu atingir a marca de 100 gols no semestre. Com Ganso, Neymar e Robinho, a equipe brincava em serviço e proporcionava espetáculos imperdíveis.
Eu até poderia citar o Barcelona de 2010 e 2011, porém assisti a poucos jogos do time espanhol. Verdade que esses poucos jogos me encheram de prazer e foi impossível não torcer para a equipe azul-grená. Mesmo quando perdem, jogam bonito. Mas repito: assisti a poucos jogos dos catalães, até porque só tenho TV aberta. Aceito convites para jogos do Barcelona na casa de amigos, hein!
Por causa dessas experiências anteriores, fiquei mal-acostumado e, quando ouço falar numa grande equipe, não espero nada menos do que aquilo.
No jogo entre Coritiba e Palmeiras, apesar da goleada, eu não vi uma equipe ofesiva. Vi uma equipe com padrão tático muito bem definido, mas sem talentos individuais. Com uma marcação impressionante, quando algum palmeirense pegava a bola vinham dois ou três do Coritiba tirar-lhe a mesma. E, principalmente no final do jogo, quando o Palmeiras pareceu ter desistido, o Coritiba aumentou o volume de jogo e conseguiu mais dois gols. Mas dos seis gols, só dois foram em jogadas bem construídas que não dependeram da sorte: o segundo e o quinto.
Tanto o primeiro quanto o sexto gols foram esquisitos, com os jogadores que marcaram, desequilibrados e, do mesmo jeito que a bola entrou, poderia ter saído. Elemento sorte.
O terceiro gol contou com ajuda da zaga palmeirense que desviou a bola, enganando São Marcos que, mesmo levando seis gols, fez um milagre, quando ainda estava 1 a 0. Elemento sorte de novo.
E o quarto gol foi de pênalti. Um pênalti infantil que o defensor cometeu por ingenuidade no horrível Bill. Deixasse ser driblado, oras! Não aconteceria nada, porque esse Bill é muito ruim. Esse eu conheço desde a época do Corinthians. Na época, o clube do Parque São Jorge tinha três amostras de fezes, um pior do que o outro, nesta ordem: Bill, Edno e Souza.
Enfim, não achei o Coritiba lá essas coisas. Claro que só vi um jogo e não dá para julgar ainda. Quero ver mais. Por enquanto, o que posso dizer é que o Coxa tem um jogador muito bom, que jogou na Portuguesa de Desportos, entre outros times e é o cara que traz toda essa sorte ao clube da capital paranaense. Pelo menos, nome de craque, ele tem: Rafinha.