Há um ano eu saí de
São Paulo para viver o maior sonho da minha vida! Foram treze anos
de espera, mas hoje posso dizer que valeu à pena cada dia de espera.
Um ano. O sonho virou realidade. Morar sozinho é bom demais! E o
sozinho a que me refiro é exatamente como planejei: nada das
dificuldades de cuidar de uma casa. Essa ideia de morar em pousada,
pensão ou hotel surgiu em 2010, quando em visita a Goiânia, conheci
um senhor que morava no hotel. Melhor do que isso, descobri que
mensalista paga valor reduzido de diária, é claro. Quando cheguei a
Fortaleza, então, só havia um medo: não achar nenhum lugar bem
localizado e aconchegante que estivesse dentro da minha capacidade de
pagamento. Mas Deus foi tão maravilhoso comigo – e na época eu
ainda resistia a atribuir-Lhe todas as bênçãos (eu chamava de
coisas boas) da minha vida – que logo no segundo dia encontrei essa
pousada Atlântico Centro e, quem me atendeu, foi logo a moça mais
simpática. Na verdade, todas são simpáticas, mas uma tem cara de
braba e a primeira impressão não é boa e a recepcionista titular é
sempre muito séria.
Lembro que quando
cheguei ao aeroporto Pinto Martins, olhei pela janela, já estava
escuro, mas não havia nuvens e o clima estava abafado, do jeito que
eu gosto, e pensei: “Começa uma nova vida. Agora sou eu mais eu”.
Eu estava meio certo e meio errado. De fato, começou uma nova vida.
Mas não era nem nunca foi “eu mais eu”. Ainda bem. Se não, não
teria resistido. Afinal, não é porque estou vivendo um sonho que eu
não acorde de vez em quando.
Jesus sempre esteve
comigo. Até quando eu não acreditava Nele! Sempre esteve me
guardando e me protegendo. Já passei por muitas e boas na minha
terra natal por causa do pecado e ai de mim se não fosse por Ele!
Sempre terei um carinho especial por Fortaleza, pois foi aqui,
escondido de tudo e de todos, onde Ele me encontrou. E, por causa
Dele e Nele, começou a minha vida nova. Completamente diferente de
tudo o que eu podia imaginar. Quando eu pensava em viver sozinho, era
para curtir uma suposta liberdade. Eu amava Carnaval, dentro ou fora
de época – futuramente ainda penso em publicar todos os textos da
minha vida pregressa para vocês verem. Semana passada terminou o
Fortal – carnaval fora de época de Fortaleza, segundo maior do
Nordeste – e eu dei graças a Deus, porque a festa foi do outro
lado da cidade. O foco mudou. O que eu achava que era felicidade,
vejo hoje que é só ilusão. Vocês podem me dizer que Cristo e o
Céu são ilusão, mas não são. Eu digo que são reais, porque eu
converso com Ele todos os dias. Ele me ouve e me responde. Vocês vão
dizer que eu estou louco e que trata-se de um “amigo imaginário”
da minha “paranóia”. Tudo bem. Eu compreendo vocês porque já
pensei exatamente da mesma forma.
Estar na igreja é uma
alegria indescritível! Mais uma das grandes surpresas e mudanças da
vida. Antigamente eu considerava uma pessoa que vivia da casa para o
trabalho para a igreja para a casa uma pessoa muito triste, que vivia
uma vida sem sentido. Lembro de ter julgado exatamente dessa maneira
uma conversa que ouvi em Curitiba de uma senhora solteira, cuja mãe
morrera e a deixara sozinha, pois não casara e sua vida tinha sido
sempre essa: casa-trabalho-igreja-casa. Tudo isso é para que eu
ganhe um “chupa” ou um “toma” da vida. Eu deveria ter
aprendido uma lição muito grande! Não fale dos outros, porque
amanhã você pode estar fazendo a mesma coisa. Pior é que eu não
sei se aprendi. E justamente isso é uma coisa que eu jamais poderia
imaginar que eu faria. E pior: de livre e espontânea vontade por
prazer e com alegria. Se me dissessem, dois anos atrás, o que eu
viraria, eu riria arrogantemente e diria: NUNCA. Aliás, foi quase
isso o que aconteceu, quando um colega de trabalho disse que eu teria
que me converter para sair com a minha atual esposa (digo atual,
porque na época, ela também era colega de trabalho). Eu disse a
ele: “é mais fácil eu convertê-la” e gargalhei ironicamente.
Mas a sabedoria dos homens é loucura para Deus, bem como a mensagem
da cruz é loucura para os homens.
Hoje estou aqui em
Fortaleza sentindo-me extremamente bem na igreja, onde encontro
pessoas maravilhosas três vezes por semana, no mínimo, onde encho
minha mente de coisas boas e onde realmente estou mais feliz do que
em qualquer outro lugar. Foi um ano de mudanças inimagináveis! É
claro, no banco e na pousada também encontrei pessoas maravilhosas,
mas o clima, o ambiente da igreja é diferente...
Eu já disse, mas
preciso repetir, porque é mesmo inacreditável: eu jamais imaginei
levar esse tipo de vida morando sozinho. E, mesmo assim, estou feliz.
Morando sozinho. Obrigado, SENHOR, por este ano em Fortaleza!