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domingo, 26 de junho de 2011

Bomba de gás lacrimogêneo

Era meados de 2006. O Brasil estrearia na Copa do Mundo contra a Croácia. Eu ainda pagava os meus pecados na agência Vila Esperança (1542-3) do Banco do Brasil.
Naquele dia, o expediente terminou mais cedo por causa do jogo. Liguei para o meu amigo Rolando e perguntei:

- E aí, onde vamos?
- Tatuapé.
- Que lugar?
- Copacabana Bar.

Legal, até rimou! E lá fui eu no meio da multidão, desviando das pessoas para chegar a tempo ao bar.
É incrível como tudo fica diferente quando o Brasil joga numa Copa do Mundo. A atmosfera é de folia: sair mais cedo do trabalho ou entrar mais tarde ou interromper o expediente... Camisas, cornetas, buzinas e... expectativa. Principalmente naquele dia, que era o primeiro jogo.
Havia fila para entrar. Que coisa horrível! Mas o importante era que, mesmo lá fora, dava para acompanhar. E foi lá fora, na fila, que vi Kaká fazer o primeiro e único gol brasileiro naquele jogo.
Entrei, assisti ao segundo tempo, tomei alguns chopes, olhei para a bunda de várias meninas e perdi meu amigo Rolando.
Acabou o jogo e eu resolvi ficar mais um pouco. De repente, uma briga do lado de fora. Ouço alguém gritar que a polícia chegou. Mais alguns segundos, escuto um barulho forte e fumaça espalha-se pelo ambiente. Meus olhos choram, minhas vias respiratórias ardem. Filhos das putas! Jogaram bomba de pimenta ou gás lacrimogêneo, não sei...
Todo mundo corre para sótão do bar. Ficamos lá esperando a fumaça se dissipar. Foi horrível! Não sei como mantive a calma. Fiquei surpreendentemente calmo, enquanto escutava várias mulheres chorarem, ligarem para os pais, namorados, etc. Eu fiquei ali, esperando. Esperei bastante, viu. Quase uma hora. Não fui o primeiro a descer. Desceram dois ou três e falaram que estava tudo bem. Já dava para respirar. Mas a prudência me disse para esperar mais um pouco. Mais três ou quatro pessoas desceram e, como eu estava ficando sozinho, resolvi descer também.
Havia uma grande confusão lá embaixo. Policiais pegando depoimento de várias pessoas. Todo mundo querendo saber por que a bomba havia sido jogada lá dentro se a briga era lá fora.
Eu, apesar de calmo, estava assustado e o instinto jornalístico não prevaleceu. A pergunta que todo mundo queria saber é, para mim, até hoje, um mistério.
Aproveitei a confusão para sair sem pagar. Não fui o único. Naquele dia, o dono do bar deve ter levado um prejuízo e tanto. De qualquer forma, não o levou à falência. Quinta-feira (feriado de Corpo de Cristo) à noite, voltei lá e reencontrei amigos que não via desde o ano passado. Dessa vez, paguei a conta com satisfação. Rever amigos é sempre muito bom e não podemos deixar passar tanto tempo sem encontrá-los. Periga cair no esquecimento. É mais uma coisa que posso contar: JÁ ESTIVE NO MEIO DE UMA MULTIDÃO ONDE UMA BOMBA DE GÁS LACRIMOGÊNEO EXPLODIU. Não que seja motivo de orgulho, mas definitivamente, quem não bebe, não tem história!

P.S. Hoje foi fácil para o Corinthians golear o São Paulo. Só aconteceu o que aconteceu, porque os são-paulinos estavam com a cabeça na Parada Gay, em vez de se concentrarem no jogo. Até o Rogério Ceni, para não passar em branco o dia do Orgulho São-Paulino, resolveu engolir um peru.

2 comentários:

  1. Hahahaha, vc não perde a oportunidade de dar umsa espetada nos São Paulinos né!!!!
    Me diz uma coisa kd seu time??? Faz tanto tempo que não fico sabendo nada dele, ainda existe???kkkk

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  2. É claro que o meu time ainda existe, dona Andrea. O São Caetano é um patrimônio da cidade. Não pode acabar!
    Mas que bom que vc não tem notícias dele. A última notícia é tão ruim que é melhor mudarmos de assunto. rsrsrs

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