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sábado, 30 de julho de 2011

Feliz vida nova

Cheguei a Fortaleza às 3h da manhã. O aeromoço da GOL acordou-me para eu voltar a poltrona para a posição vertical e comecei a me surpreender com o tamanho desta cidade. É realmente bem maior do que Natal. Poderia ser apenas impressão, vista de cima, mas não. O táxi percorreu uns bons quilômetros do aeroporto até o hostel. Não sei se era por causa do sono, mas me pareceu muito longe mesmo.

Chegando ao hostel, uma surpresa: a dona Marli Ripardo, com quem me comuniquei por e-mail e pensei ser uma chata, não foi nada chata. Pelo contrário. Nos identificamos, pois ela também é paulista e ainda por cima morou um ano no bairro onde me criei: a Vila Esperança. Tanto ela quanto o irmão dela me encheram de esperanças, pois me disseram que não será difícil encontrar uma quitinete mobiliada do jeito que eu quero. Estou próximo do centro, onde fica o banco, e também da praia. Para eles, não é tão próximo assim, mas a gente que morou em São Paulo sabe que 4 ou 5 quarteirões é pertinho.

Depois de bater papo e me ajeitar no quarto, fui dormir e já eram 4h40min da manhã. Óbvio que perdi o café-da-manhã do hostel, pois acordei após às 11h. E a preguiça de levantar? E as forças para levantar? A coragem veio depois que reli a cartinha com a oração que a minha “namorada” me deu na despedida. Liguei para a minha mãe, falei que tinha chegado bem e perguntei onde estava a chavinha do cadeadinho da mala. Ela não sabia e tive que vencer o primeiro percalço de morar sozinho. Senti-me um criminoso estourando o cadeado com alicate e martelo. Era uma vez um cadeado. Quebrou em vários pedaços.

O segundo percalço ocorreu por eu não ouvir a minha mãe. Ela sempre diz para colocar xampu, creme de cabelo e coisas do gênero dentro de uma sacola plástica para, caso abram estoure por algum motivo, não faça muita sujeira. Pois é, o teimoso aqui diz “que nada! Nunca aconteceu...” Uma hora acontece. Aconteceu. Vazou creme de cabelo e sujou todo o compartimento em que ele estava. Pior. Sujou as coisas que estavam juntas. Caixa de remédio, de sabonete... Pior ainda: o creme é branco; parecia porra! Credo! E eu tive que limpar. Afinal, estou sozinho. Não tem mais mamãe para fazer essas coisas. Limpei, uai. Claro que demorei o triplo de tempo que ela demoraria e me atrasei para sair. Quando finalmente consegui sair do quarto, já passava das 14h.

Conversei com Márcio, irmão de Marli – dona do hostel – pois queria saber onde tinha uma padaria para eu tomar café e comer um pão na chapa. Eis a resposta:

- Rapaz, a padaria mais próxima daqui fica na Avenida Paulista, lá em São Paulo. Aqui tem padaria não.

Como é que pode um trem desse? É verdade. Eu já sentira falta desse tipo de comércio em Natal. Será que nordestino não gosta de pão? Vou continuar observando e em breve lhes direi. Com certeza, uma ótima oportunidade de observação será quando minhas férias terminarem e eu voltar a trabalhar, pois, em São Paulo, há pães em todas as agências do Banco do Brasil para os funcionários tomarem café. E aqui, como será?

Bem... como eu queria comprar um chip da TIM para poder falar com minha mãe e minha “namorada” por 0,25 a chamada, fui ao Shopping Aldeota, onde poderia comprar o chip e também tomar o meu café-da-manhã. À tarde, mas... tudo bem. Eu fico sem almoço. Não sem café-da-manhã. Nem que seja à tarde.

Quando cheguei ao Shopping Aldeota, localizei um quiosque do Café Mont’matre e fui logo perguntando se tinha pão na chapa. Não, não tinha. Nem tem.

- Então me vê uma média. - A atendente ficou me olhando com aquela cara de dúvida.
- Uma média, por favor. – eu repeti.

Ela continuou me olhando com aquela cara de “o que esse cara está falando?” e uma fração de segundo depois, lembrei que nesta semana fiz um city-tour por São Paulo com uma mineirinha e, quando pedi uma média no Mercado Municipal, ela me perguntou o que era isso. Eu respondi que era café com leite grande e, como bom guia turístico que sou, ainda acrescentei a informação que, se for do pequeno, pede-se um “pingado”.

- E lá em Minas, como é que se fala?
- Café com leite meis.

Ao me lembrar desta informação, pude traduzir para a atendente cearense o meu pedido. Não aceitavam VISA-VALE. Aliás, nenhum dos lugares em que comi hoje aceitou o meu pobre VISA-VALE. Tomei um suco de abacate grosso e nutritivo antes de voltar para “casa” e tive que pagar com cartão de crédito!

Um dos meus fornecedores da época em que eu trabalhava na licitação, quando soube que eu vinha para cá, disse que fez o projeto arquitetônico das Lojas Marisa do Shopping Aldeota. Fui lá e me esqueci de conferir se ficou bom. Também... eu tenho tanto conhecimento técnico para dizer que o projeto dele é bom quanto ele tem para dizer que o meu texto o é. Poderíamos avaliar a beleza e mais nada. E como isso é relativo – a beleza está nos olhos de quem vê – deixarei isso para a próxima oportunidade.

Agora, uma das melhores coisas do Shopping Aldeota – se não for a melhor – é a possibilidade de jogar vídeo-game de graça. Enquanto seus filhos se divertem no Espaço Game, você se diverte nas lojas. Esse slogan só não funciona para marmanjos como eu, que vão sozinhos ao shopping e ficam se divertindo no Espaço Game, enquanto ninguém se diverte nas lojas. Pelo menos, não que esteja comigo. Uma pena... lembrei bastante “dela”, pois ela adora um shopping. Quando vi uma loja de sapatos com vários modelos “de oncinha” então... ou quando passei em frente a uma loja de lingeries... uuuuhhhh

Estava eu jogando vídeo-game e chegam duas garotas de média beleza: Priscila, 23 anos e Vanessa, 14 anos. Como toda garota, a dificuldade para operar o controle remoto era hilária e eu, bom moço, comecei a explicar como operar. Alguns minutos mais tarde, começa um papinho estranho:

- Tu não é daqui, né?
- Não. Como você sabe?
- Pelo sotaque – e eu pensava que eu não tinha sotaque.
- De ontu é?
- Pelo sotaque, de onde você acha que eu sou?
- São Paulo.
- Acertou. Caramba! Impressionante!

Adivinhem. Suas anteninhas de vinil captaram a presença de dinheiro. Mas as anteninhas das meninas não são as do Chapolim Colorado e se equivocaram. Tentaram o cara errado. Observem a continuação da conversa:

- Você tem namorada?
- É complicado... como posso se eu cheguei aqui hoje e manter relacionamento a essa distância, é praticamente impossível.
- Nós estamos aqui no Shopping atrás de namorado.

Fiquei quieto.

- Vamos na pizzaria aqui do lado mais tarde. A gente está sem dinheiro, mas tem o show de um palhaço que é bem engraçado. – convidou Priscila, cheia de má intenção.
- Legal. Pode ser...
- Tu tem dinheiro aí?
- Tenho, mas eu acabei de tomar um super suco de abacate. Acho que hoje não como mais nada (NEM NINGUÉM, PENSEI COMIGO).
- Tudo bem, mas você pode pagar pra nós.
- E tem graça vocês comerem e eu ficar olhando?
- Não. Você come também.
- Mas eu não quero. Não estou dizendo? – quase gritei.
- Pão duro!
- Sou taurino, filha. Isso é uma das minhas marcas. – ironizei.

Acabei o jogo e fui embora. Detalhe: perdi no boliche por apenas 4 pontos. Acho que nunca fiz um jogo tão equilibrado assim. Fiquei chocado, pois a mina ia se vender por uma pizza. Depois, vocês ficam brabos quando eu digo que tem puta profissional e puta amadora. Essa, por exemplo, é ridiculamente amadora. Atacando no shopping. Vendendo-se por uma pizza apenas. Meu Deus! Tão novinha... parti estupefato, mas com a consciência tranquila por não ter patrocinado a degradação de um ser humano.

Ah, meu povo! Vocês não sabem o que eu vi hoje por aqui!!! Uma Ferrari. Vermelhinha, estacionada. Uma maravilha! Em janeiro do ano passado, em Curitiba, já tinha visto uma em movimento, quando estava sofrendo por causa da garota que me ensinou a dizer não. Foi por não saber dizer não que a perdi (conto essa história em outra oportunidade). E agora, mesmo sem sofrer, porém distante da última paixão, vejo outra Ferrari, desta vez, parada. Vejo nisso o sinal de que ainda terei uma Ferrari. Porém, para isso, deverei estar sofrendo por paixão. Então, danem-se todas as Ferraris. Quero não.

E finalmente a última e talvez mais importante informação do dia: tudo indica que a TIM vendeu mais chips do que tinha número disponível aqui no Ceará e temporariamente está suspensa a ativação de novos chips. Três pessoas já me deram essa informação. Ou seja, é quase certeza que me ferrei. Já estou com algumas idéias para solucionar o problema, mas não gosto de antecipar apenas idéias. Prefiro contar-lhes fatos consumados. Enquanto isso, se quiserem me ajudar, espalhem essa informação. Isso é um erro grotesco que não pode acontecer. Foi como a seleção brasileira perder 4 pênaltis ou os frangos de Júlio César e Rogério Ceni. Não caíram matando em cima deles? Vamos cair matando em cima da TIM também. Preciso de um chip TIM aqui do CE – código 85!

sábado, 23 de julho de 2011

Sinais do fim dos tempos

Os Estados Unidos da América estão sem dinheiro para pagar suas dívidas. A China agora tem economia de mercado e já é a segunda maior economia do planeta, tendo ultrapassado o Japão. Acharam o Bin Laden. As mulheres nunca souberam dirigir e agora tem uma dirigindo o Brasil, que nunca foi bem dirigido. A seleção venezuelana de futebol masculino, que sempre foi o saco de pancadas da América do Sul, classificou-se em segundo lugar do grupo na Copa América, eliminou o Chile nas quartas-de-final e chegou à semifinal da Copa América pela primeira vez na história. Pode ser considerada hoje uma das quatro forças do futebol “sul-americano”. Como se não bastasse, o Brasil – pentacampeão mundial, celeiro de craques, terceiro maior vencedor da Copa América – conseguiu mais uma façanha inédita na história do futebol: passou os 90 minutos, além dos acréscimos do árbitro, no tempo normal de jogo, sem marcar nem um golzinho. Veio a prorrogação e mais 30 minutos em branco. Veio os pênaltis, o Brasil teve quatro oportunidades de colocar a bola nas redes do adversário e nem assim conseguiu!
O que está acontecendo com o mundo? Está tudo de cabeça para baixo! O mar está virando sertão; o sertão está virando mar. A Dilma, a quem eu mesmo já chamei de Dilmão, esteve COZINHANDO no programa da Ana Maria Braga e agora está FAZENDO FAXINA no Ministério dos Transportes. Os seres humanos não morrem mais. Haja vista o Sarney, a Hebe, o Oscar Niemeyer e aquela senhorinha baiana que, aos 104 anos, decidiu voltar a estudar. Somados, os quatro são mais velhos que o próprio Brasil!
E, como se todos esses sinais não fossem suficientes, quarta-feira o Greghi foi num culto evangélico. Sei não, hein... a continuar nessa toada, não chegamos nem a 4 Ahau 3 Kankin (21 de dezembro de 2012).

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Primeira fase: encerrada

São Paulo, 4 de maio de 1983. Começa a maior viagem da minha vida.
Dizem que a gente não escolhe onde nascer. Então digo que tenho sorte por ter nascido em São Paulo. Todo mundo que nasce em São Paulo tem certa mania de grandeza. Nessa cidade, tudo é grande: temos a maior economia do país, a maior população, a maior frota de veículos, o maior terminal rodoviário, o maior aeroporto, a maior Parada Gay do mundo – nessas horas, dá até vergonha de ser paulistano – a Bolsa de Valores brasileira está em São Paulo e a lista poderia prolongar-se até o final da página, o que cansaria a beleza dos meus leitores, se é que já não cansou.
São Paulo é a capital cultural, além de econômica do país. Shows, filmes, peças de teatro... tudo passa primeiro pela capital paulista.
São Paulo se orgulha de ser o mundo numa cidade. Com bairros tipicamente japonês, italiano e libanês, São Paulo é, talvez, o único lugar do mundo onde japoneses, chineses e coreanos convivem pacificamente. Onde judeus e muçulmanos cruzam-se na rua 25 de março sem explodirem-se mutuamente. Agora... experimente cruzar com a torcida do São Paulo, Corinthians ou Palmeiras vestindo a camisa de um dos adversários para sentir a tolerância de seu povo.
Sou grato por ter nascido e me criado em São Paulo. Tive uma boa base educacional e pude me formar, ter um diploma universitário que hoje não vale nada (jornalismo), mas diploma é só um papel. O que importa é a experiência e o aprendizado que esta cidade me proporcionou. Sábado estava conversando com uma amiga e disse: “Acho que todo mundo deveria, pelo menos, uma vez na vida, nem que fosse por um trimestre, morar em São Paulo”. São Paulo me alimentou. São Paulo me vestiu. Tenho orgulho de dizer que sou paulista – apesar da maior Parada Gay do mundo. Sou paulistano!
Mas... sabe quando você cresce dentro de uma caixa? Uma hora a caixa fica pequena e, ou você sai, ou pára de crescer. Outra boa metáfora é a do bebê no útero da mãe. Por mais confortável que seja aquele lugar, por mais quentinho que seja... se ele não sair de lá, ele não cresce. E pior: morre.
Apesar da enormidade de São Paulo, essa cidade já me deu tudo o que podia me dar. Agora chegou a hora de buscar outros ares, outra vida, outra cidade que possa completar o que São Paulo começou. Como no caso do bebê, é sair ou parar de crescer. Acredito que não posso parar. Ninguém pode. Aliás, essa foi a maior lição que a minha mãe me ensinou durante toda a minha vida: buscar o crescimento contínuo. Melhorar de vida sempre. É isso o que busco, ao partir desta para melhor: o crescimento pessoal, profissional, espiritual, moral e, por que não, financeiro.
Acho que sempre soube que meu reino não era desta cidade. Eu só não sabia de onde seria. Até que, em 2008, conheci Natal e a cultura nordestina. Foi então que eu descobri: meu reino é DESTA região. Aquela cultura, aquele ritmo de vida caiu para mim como o sapatinho de cristal no pé da Cinderela.
Descobrir o seu lugar no mundo é como sair da caverna e ver o paraíso. Quando você volta para a caverna, alguma coisa mágica aconteceu dentro de você e você nunca mais será o mesmo. Essa magia é a mesma que acontece quando você descobre o que é, o que lhe dá prazer na vida, o que você faz até de graça, simplesmente pela satisfação de fazer brotar um sorriso. Isso é a sua missão na vida e a minha é escrever.
Quando me perguntam o que eu faço da vida, eu respondo: “Vivo”. Quando me perguntam com o que eu trabalho, eu respondo que é com as mãos. Quando me perguntam o que eu faço para ganhar dinheiro, para me sustentar, então digo que trabalho em banco. Depois de um suspiro e um lamento, inferem que eu sou bancário e eu refuto: NÃO! EU SOU ESCRITOR! Eu estou bancário, mas eu sou escritor.
Quantos de vocês, leitores, sabem o que são e qual é o vosso lugar? Saber qual é o vosso lugar, permite que você seja a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa. Você poderá ser muito mais útil e produtivo ao seu país e à sociedade. Mais do que isso: permite que você seja feliz. Não que você nunca mais vá ficar triste, mas, quando assim estiver, poderá concentrar-se na sua missão. Acredito que tudo se torne ainda mais fácil se você estiver no SEU lugar. Mas isso AINDA não posso dizer, pois AINDA não estou no meu lugar.
Obrigado, São Paulo, por tudo. Após 28 anos, fecha-se um ciclo.
Alô, Fortaleza! Bota mais água e tira o coentro do feijão, porque eu estou chegando. Começa um novo ciclo na minha vida. A realização de um sonho.
Brasileiros, argentina e belga do meu coração, orai por mim, seja qual for a sua crença.

domingo, 10 de julho de 2011

Paixão X Amor

A paixão é como a vela, que o fogo consome.
E, como a vela, que consumida, se apaga,
A paixão vivida também, um dia, se acaba.
Do coração desaparece; da alma some.

O amor é como a luz; é como o tempo:
Um dia começaram, mas fim nunca terão.
O amor entra e nunca sai do coração.
O amor enleva tanto que até causa sofrimento.

A paixão é efêmera e fugaz.
O amor é eterno, não acaba jamais.
A paixão é um furacão devastador.

Plácido e tranqüilo; sereno é o amor.
Pode-se ter várias paixões numa vida,
Mas o amor é único e para todas as vidas.



Algumas considerações: esse monte de versos que rimam foram escritos em 15/02/2003. Contava eu, portanto, ainda 19 anos. Um dia, ousei chamar isso de poesia. Quando eu me julgava poeta, achava que bastava um ou dois versos serem bons e pronto: era poesia! Hoje não acho isso. Tudo precisa ser bom! Inclusive a história ou o tema.
 
Como o monte de versos é meu, permitir-me-ei analisá-lo.
Gostei muito de como fecho o texto e, talvez por isso, já o tenha chamado um dia de “poesia”. PODE-SE TER VÁRIAS PAIXÕES NUMA VIDA / MAS O AMOR É ÚNICO E PARA TODAS AS VIDAS.
Há duas maneiras de entender este último verso: a primeira, para os espíritas, é a mais romântica; a segunda, para quem não acredita em mais de uma vida, é a mais bonita.
Na primeira forma de entender este verso, referimo-nos ao “amor romântico”, que possui alma gêmea e que crê que, aquele amor único, espiritual, divino vai acontecer em todas as vidas que aqueles espíritos viverem. A segunda forma é entender que o amor é único, bem como o ar que respiramos. Invisível e indivisível. Não quero ouvir físicos dizendo que o ar é obviamente divisível (O2, CO2, N2) nem ecologistas dizendo que nem todos respiram o mesmo ar. Eu quero ver é alguém dizer para outro: “Vai pra lá que esse ar aqui é meu!” Então, da mesma forma, o Amor está aí, é único e para todas as vidas, ou seja, para todo mundo. Quando eu li A CABANA, encontrei uma metáfora muito bonita que dizia que é da natureza do pássaro voar; ele até fica pousado numa árvore ou no chão e não morre. Mas a sua natureza é voar. Do mesmo jeito, é da natureza humana amar e ser amado. Até podemos viver sem amor e não morrer, mas essa não é a nossa natureza. O livro não chega a extremos, mas eu tenho o Sol na Casa 11! Então vamos lá: da mesma forma que um pássaro que vive no chão, morre logo, atingido por uma pedra ou de cansaço para ir daqui ali; o ser humano sem amor morre logo de depressão, pânico, câncer e outras doenças que atingem o ser humano sem amor. Na mesma época – leitura do livro A CABANA – cheguei na minha própria metáfora: o amor está para o ser humano assim como a água está para o peixe.
 
Agora, PODE-SE TER MUITAS PAIXÕES NUMA VIDA, isso ninguém discute. Ouso dizer até que aquela primeira forma de entender o último verso é uma forma apaixonada.
 
Aos 19 anos, eu já entendia bem de paixão e disse que A PAIXÃO, VIVIDA, SE ACABA. Mas faltou falar da paixão não vivida. A paixão não vivida nunca se acaba. Fica lá, queimando, como a brasa da churrasqueira no final do churrasco.
 
A PAIXÃO É, de fato, UM FURACÃO DEVASTADOR (vide texto A PAIXÃO É UMA DROGA). É também EFÊMERA E FUGAZ – às vezes nem tão efêmera e nem tão fugaz assim... tanto que essa diaba nos faz confundi-la com o amor. Quer dizer, a mim, não mais. Mas ainda estou procurando a melhor forma de comunicar isso a vocês. É que vocês gostam de se apaixonar, né? Eu digo: FUJAM, CORRAM! E vocês respondem: VENHA! MATA-ME! O que posso fazer? Apenas respeitar vossas escolhas.
 
Uma crítica ao menino Jovenzinho Dragãozinho: que ridículo rimar CONSOME com SOME! O primeiro verso até que ficou bem escrito, mas o quarto, por causa dessa obrigação de ter que rimar, ficou horrível! Talvez até por isso faltou falar da paixão não vivida. Que vergonha!
 
Ele começou bem a segunda estrofe, mas defecou (pediram-me para não usar palavrões) no final. Ainda concordo que o AMOR, UM DIA COMEÇOU, MAS FIM NUNCA TERÁ. E nunca terá fim, porque eu morrerei, você morrerá, todos morrerão, mas o Amor não. Ele continuará aqui, sempre disponível e acalentador para todas as gerações.
Mas discordo duplamente dos dois últimos versos que formam esta estrofe: o amor não entra no coração! O amor está cá, lá e acolá, em cada coisa que fazemos, pegamos ou sentimos. O Amor não entra em nós, pois somos pequenos demais para Ele. Nós é que entramos Nele. Não tem outro jeito.
 
E dizer que o AMOR ENLEVA TANTO QUE ATÉ CAUSA SOFRIMENTO também é absurdo! O Amor NUNCA causa sofrimento. Essa talvez seja a diferença mais básica entre Amor e Paixão. O Amor é bálsamo, nos deixa em paz, nenhuma grande euforia, nada de entusiasmo e nenhuma grande desesperança nem nada de sofrimentos. Quando se está no Amor, é-se feliz, pois se tem paz. Ao contrário da paixão, que precisa das dificuldades e dos contratempos e alimenta-se deles. Assim cresce, multiplica-se e morre.
 
Há quem diga que a paixão é a fase inicial do amor. É preciso passar pela paixão para chegar ao amor. Discordo totalmente, em gênero, número e grau! Dizer isso é admitir que a paixão é parte do amor, quando, na verdade, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. Quem garante que depois da paixão vem o amor? Eu digo que vem a morte simbólica. E depois as traições e/ou o conformismo.
E depois do amor? Nada. Nada existe nem antes nem depois do Amor. Como o amor não tem nada a ver com a paixão, já escrevi numa poesia neste blog que o antônimo de paixão é ódio. Mas não tive a oportunidade de dizer qual é o antônimo de amor. Pois essa é a chance de escrever que o contrário de amor é desespero, desesperança.
Tanto a paixão como o ódio são dados a rompantes de loucura, a acessos de euforia ou raiva; agora pense em alguma vez que você esteve no fundo do poço, não enxergava luz no fim do túnel, estava num beco sem saída, sem ar, sem esperança, sem nada. O contrário disso é Amor. O Amor é a esperança, é o ar, é a saída, é a entrada, é a luz (não a do fim do túnel, mas a do túnel inteiro); o Amor, enfim... é tudo.
Por fim, até para endossar o que disse acima, tenho que concordar plenamente com o verso que diz PLÁCIDO E TRANQÜILO; SERENO É O AMOR.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Mulher Perfeita

Ontem, ao deitar, fiquei pensando em três mulheres com as quais eu casaria. Por que casaria? Por que não casaria?
Todas têm virtudes e defeitos. Ufa! Que bom! Elas são humanas.
De repente, surpreendi-me montando a mulher perfeita, mantendo as virtudes e eliminando os defeitos de cada uma. Sim, eu sou muito chato! Claro, a mulher perfeita seria tão chata quanto qualquer coisa perfeita!
Incrivelmente, ao contrário do que muitos podem pensar, a minha mulher perfeita não tem o rosto da Gisele Bündchen, a bunda da mulher melancia, os peitos da mulher melão, a voz da Paula Fernandes nem as pernas da Deborah Secco.
A minha mulher perfeita teria o rosto, o corpo e a inteligência – somados, é claro – da Raquel, da Nanda e da Camilinha. Porém, eu deixaria o romantismo da Raquel com o temperamento da Nanda. Assim, não brigaria nem com uma, que precisa de um combate, de uma guerra, de uma boa discussão para sentir-se bem; nem com outra, com seus rituais religiosos e hábitos cristãos absolutamente fiéis à Bíblia. Da Camilinha, eu quero a liberdade consentida, a ausência de ciúme, o despojo intelectual que me deixa à vontade para falar das minhas idéias absurdas, geradas por eu ter nascido com o Sol na Casa 11. Mas eu não quero o aparente distanciamento emocional nem a falta de demonstrações efusivas de carinho em público.
Eu não falei, pois, com essa eu não casaria, mas a mulher perfeita deveria ter também a sensibilidade e a evolução espiritual da Tati.
Mas... como nada é perfeito, nem mesmo a mulher perfeita seria, de fato, perfeita. Já que a minha mulher perfeita seria uma mistura de três, o nome dela também deveria ser uma mistura das três. E, com esse nome, como poderia ser perfeita? Ranandinha.