Seguidores

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Graça não é sinônimo de licenciosidade

Jesus compeliu continuamente Seus seguidores a responder às Suas palavras (isto é, tomar uma decisão). Ele  não Se satisfazia em permitir que eles O seguissem aparentemente, enquanto não fizessem uma entrega real interiormente. O Senhor viu diretamente o âmago do coração dos homens e questionou-ou sobre suas atitudes.
Jesus não somente desprezou o protocolo social que se encontra nas igrejas "não-agressivas" de hoje, como também era realmente uma pedra de tropeço para muitos "seguidores declarados". Veja, por exemplo, o grave "erro social" que Ele cometeu, conforme descrito no capítulo seis do livro de João. O incidente começou com um sinal muito promissor. Jesus alimentou mais de cinco mil pessoas com apenas dois peixes e cinco pães. O povo estava tão maravilhado que até exclamou: "Vendo, pois, aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo" (João 6:14). Ele reconheceu abertamente o que os outros estavam receosos de dizer: que Jesus era o Messias.
Seguramente, era uma multidão pronta para um culto tremendo de reavivamento! Eles estavam (literalmente) comendo na Sua mão. No entanto, depois disso, era como se Ele não pudesse dizer qualquer coisa diretamente. Ele começou afirmando que era o Pão do céu. Naquele momento, certamente, Ele podia perceber que aquelas pessoas precisavam ser gradualmente preparadas para uma grandiosa declaração como essa. Afinal de contas, alegar ser o Pão do céu para uma multidão de simples camponeses era extremamente arriscado. Então, para tornar as coisas piores, Ele prosseguiu dizendo-lhes que, se quisessem ter vida eterna, eles teriam de comer da Sua carne e beber do Seu sangue! O Evangelho de João nos diz que, por causa disso, desde então, muitos dos seus discípulos tornaram para trás e já não andavam com ele (João 6:66). O elemento interessante dessa história é o que aconteceu depois. Nem um pouco intimidado com o tremendo fracasso evangelísitco, Jesus voltou-se para os seus 12 discípulos e perguntou-lhes: Quereis vós também retirar-vos: Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus (João 6:67-69).
Ao contrário de muitos pregadores de hoje que são obcecados por ter uma congregação enorme, Jesus estava interessado naqueles que O seguiriam, não importando o custo. Ele entendeu que a maioria não O seguiria, contudo, nunca abrandou a verdade penetrante penetrante da Palavra de Deus. Jesus amou aquelas pessoas, mas recusou-Se a apresentar uma versão transigente do que Deus oferecia a todos os pecadores.
Essa posição intransigente foi mantida por Seus discípulos durante os 30 anos seguintes. Apesar disso, outros, cujos ensinos foram caracterizados por uma posição fraca sobre o pecado, foram proeminentes na Igreja. Judas, falando no ardor do Espírito de Deus, exortou o Corpo de Cristo a tomar cuidado com aqueles que convertem em dissolução a graça de Deus (Judas 4).
Estou convencido de que o que muitas pessoas hoje aceitam como graça realmente é nada além de uma licença presunçosa para pecar. Dietrich Bonhoeffer foi um homem de Deus que pôde ver essa tendência começando a se formar dentro da Igreja. Ele viveu na Alemanha, e sua posição como líder religioso nacional poderia ser comparada a de Billy Graham em nossos dias. Ele era destemido em sua pregação, o que acabou custando-lhe a vida nas mãos dos nazistas. Antes do início da Segunda Guerra Mundial, ele escreveu as seguintes palavras imortais em um livro que se tornou um clássico - The cost of discipleship [O preço do discipulado]:

A graça barata é o inimigo mortal de nossa igreja. Lutamos hoje pela de grande valor.
Graça barata significa a vendida no mercado como mercadoria de mascate. Os sacramentos, o perdão do pecado e as consolações da religião são atirados para preços reduzidos. A graça é representada como um tesouro inesgotável da igreja, da qual chove bênçãos com mãos generosas, sem fazer perguntas ou fixar limites. Graça sem preço, sem custo! A essência da graça é, assim supomos, que a conta foi paga antecipadamente e, porque ela foi paga, pode-se ter tudo de graça. Uma vez que o custo foi infinito, as possibilidades de usá-la e gastá-la são infinitas. O que seria a graça se ela não fosse barata?
A graça barata é a pregação do perdão sem exigir arrependimento, batismo sem disciplina da igreja, comunhão sem confissão, absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é graça sem discipulado, é graça sem a cruz, sem Jesus Cristo, vivo e encarnado...
A graça de grande valor é o tesouro escondido no campo, pelo qual o homem vai alegremente e vende tudo o que tem. É a pérola de grande valor que, para comprá-la, o negociante vendeu tudo o que tinha [...]
Tal graça é de grande valor porque ela nos chama para seguir, e é graça porque nos chama para seguir Jesus Cristo, Reis dos reis e Senhor dos senhores. É de grande valor porque custa ao homem sua vida e é graça porque dá ao homem a única vida verdadeira.

Em um livro escrito principalmente para aqueles que estão continuamente se afundando em um estilo de vida de pecado, é muito importante mencionar o que a Bíblia ensina sobre esse assunto de graça. Posso assegurar-lhe que esta não é uma discussão envolvendo o antiqüíssimo argumento sobre a preservação dos santos. Diz respeito ao preceito bíblico claro sobre o que significa ser um verdadeiro seguidor de Cristo. John MacArthur, um defensor firme da doutrina conhecida como "garantia eterna", disse o seguinte:

A Igreja contemporânea tem a idéia de que a salvação é somente a concessão da vida eterna, não necessariamente a libertação de um pecador da escravidão de sua iniqüidade. Dizemos às pessoas que Deus as ama e tem um plano maravilhoso na vida delas, mas essa é somente uma parte da verdade. Deus também repudia o pecado e castigará os pecadores não-arrependidos com tormento eterno. Nenhuma apresentação do evangelho é completa, se ela se esquiva ou esconde esses fatos. Qualquer mensagem que não define e confronta a severidade do pecado pessoal é um evangelho deficiente. E qualquer "salvação" que não altera o estilo de vida do pecado e transforma o coração do pecador, não é uma salvação genuína.

Quer você acredite que os pecadores não-arrependidos nunca experimentaram uma conversão verdadeira, quer simplesmente acredite que são apóstatas, o que o Novo Testamento ensina sobre o destino eterno daqueles que morrem em pecado habitual é muitíssimo claro e absolutamente irrefutável. Para que você compreenda inteiramente o castigo para qualquer pecador que não se arrependa e não se desvie de seu pecado, vamos examinar as seguintes declarações feitas por Jesus e por outros escritores inspirados por Deus. Não tenho o objetivo de criar uma "tática do pânico". Ao contrário, espero que sirva como advertência racional para todos nós, sobre como Deus vê o pecado e o julgamento que cairá sobre todos aqueles que morrerem em seus pecados.

"Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração adulterou com ela. Portanto, se o teu olho direito te escandaliza, arranca-o e atira-o para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado no inferno". (Mateus 5:28,29) - Palavras de Jesus no Sermão da Montanha

"Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituiçãao, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissenções, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus". (Gálatas 5:19-21) - Palavras do apóstolo Paula à igreja da Galácia

"Não sabeis que os injustos não hão de herdar o Reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o Reino de Deus". (I Coríntios 6:9,10) - Palavras de Paulo admoestando a igreja localizada na cidade de Corinto, Grécia.

"Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça? Porque bem conhecemos aquele que disse: Minha é a vingança, eu darei recompensa, diz o Senhor. E outra vez: o Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo". (Hebreus 10:26-31)

"Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecer o caminho da justiça do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado". (2 Pedro 2:20,21)

"Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso e nele não está a verdade. Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça, é justo, assim como ele é justo. Quem comete o pecado, é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para destruir as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus". (1 João 2:4; 3:7-9) - Palavras do apóstolo amado (ou o mais amado) João, que era irmão de Tiago, não o Batista

A despeito da evidência esmagadora ao contrário, existem aqueles que simplesmente não aceitarão o que a Bíblia ensina claramente. Motivados por uma falsa sensação de misericórdia de Deus, esses mestres bem-intencionados desejam escancarar os portões do céu para qualquer um que mostrar o menor compromisso com o cristianismo. No entanto, não é simplesmente porque existem alguns que passam adiante esse Evangelho anêmico e desvirtuado que ele é assim. Quando um homem se apresenta diante do Deus Santíssimo com uma vida de carnalidade, egoísmo e pecado não-arrependido, deveria ser fulminado e suas opiniões doutrinárias não importam. Sua fé morta, que ele exercitou aqui na terra, será exposta pelo que ela é, e ele descobrirá, para seu pavor, que se condenou a um lugar de esquecimento.
Não quero inferir que a pessoa nunca pode tornar-se boa o suficiente ou fazer qualquer coisa para merecer sua entrada no céu. No entanto, a pessoa que tem uma fé real, salvadora em Deus, não permanece em pecado habitual. Ela experimentou o arrependimento genuíno. Isso não quer dizer que ela não terá lutas, mas terá também a fé vibrante, viva, que não pode ser presa nas correntes do pecado habitual.
Um dos motivos chaves pelos quais as pessoas permanecem em pecado é porque elas não têm o temor de Deus. Qualquer tentativa de ignorar a voz do Espírito Santo na vida de um pecador, convencendo-o do pecado, é perigosa. Salomão tinha muito a dizer sobre o temor do Senhor: O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; os loucos desprezam a ciência e a instrução (Provérbios 1:7); não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal (Provérbios 3:7); o temor do SENHOR aumenta os dias, mas os anos dos ímpios serão abreviados (Provérbios 10:27).
É justo temer o Senhor. Uma reverência saudável a Deus se coloca como uma fortaleza poderosa contra os ataques do inimigo por meio da tentação.


Steve Gallagher - No altar da idolatria sexual - páginas 297, 298, 299, 300, 301 e 302

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Exigimos a verdade

Exigimos a verdade em praticamente todas as áreas da vida. Exigimos, por exemplo, verdade de entes queridos (ninguém quer ouvir uma mentira de um cônjuge ou de um filho); médicos (queremos ter a receita do remédio correto e que seja realizado o procedimento adequado); corretores de ação da bolsa de valores (exigimos que nos digam a verdade sobre as ações que estão recomendando); tribunais (queremos que condenem apenas os verdadeiramente culpados); empregadores (queremos que nos digam a verdade sobre nossso trabalho e nos paguem de forma justa); companhias aéreas (exigimos aviões verdadeiramente seguros e pilotos realmente sóbrios). Também esperamos ouvir a verdade quando escolhemos um livro de referência, lemos um artigo ou assistimos ao noticiário. Queremos a verdade de professores, anunciantes e políticos. Pressupomos que a sinalização das estradas, as bulas dos remédios e os rótulos das comidas revelam a verdade. De fato, exigimos a verdade em praticamente todas as facetas da vida que afetam nosso dinheiro, nossos relacionamentos, nossa segurança ou nossa saúde. No entanto, apesar das firmes demandas da verdade nessas áreas, muitos de nós dizem que não estão interessados na verdade quando o assunto é religião. O fato é que muitos simplesmente rejeitam a idéia de que qualquer religião possa ser verdadeira. Imagine a seguinte situação: você quer medir a largura da mesa da sala de jantar, para verificar se ela se adaptará à sua nova casa. Por simples curiosidade, você utiliza uma régua, um metro (instrumento de medição usado por costureiras) e um escalímetro (instrumento de medição usado em desenhos técnicos). E chega a conclusão de que cada instrumento acusa uma medida diferente. Qual estará certo? Só há um meio de saber: indo até o Departamento Internacional de Pesos e Medidas, na cidade de Sèvres, subúrbio de Paris, e comparar cada instrumento com a medida padrão. Existe, inclusive, a possibilidade de nenhum deles estar correto. Nesta ilustração, as pequenas diferenças constatadas pelos instrumentos não afetarão o meu propósito inicial, que é adaptar a mesa à casa nova. Mas, na vida espiritual, desvios de padrão podem ser fatais. E, na vida espiritual, o Departamento Internacional de Pesos e Medidas é a Bíblia, que não está tão difícil de ser encontrada e estudada. Nós devemos saber que existe um padrão para resolver problemas sobre conhecimento moral, um padrão de certo e errado que existe fora, acima e além de nós mesmos. Uma verdade da qual depende nossa vida eterna.

Eduardo Cavalcante

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Graça não é sinônimo de amor

Amor é um termo bíblico usado para descrever o Senhor e, freqüentemente, torna-se embaçado na mente dos cristãos. Deus é amor, e a profundidade, altura e largura de Seu amor são imensuráveis. Limitarei o que tenho a dizer sobre ele em uma grande verdade dupla: Deus deseja ardentemente demonstrar Seu amor para conosco, e Ele espera que esse amor seja retribuído. O Senhor espera que retribuamos Seu amor, mas Ele não é como a pessoa narcisista, que não amará outra pessoa a menos que seu amor seja retribuído. O amor de Deus é desinteressado, doador e sacrificatório por natureza. Porém, o amor de Deus é muito parecido com a eletricidade: deve haver um circuito para que ele seja completo. Ele ama tremendamente as pessoas, mas, se esse amor não for retribuído, ele será, por fim, retirado.
Jesus disse que o grande primeiro mandamento que Deus deu ao homem foi que ele o amasse de todo o seu coração, de toda a sua alma e com todo seu entendimento. A Bíblia inteira fundamenta-se nessa ordem divina.
Porém, amor não é o mesmo que graça. Eles são dois conceitos distintos. Deixe-me demonstrar a diferença entre amor e graça com uma história de vida de Jesus. Certo dia, Ele estava andando, quando um jovem muito rico lhe perguntou o que deveria fazer para ser salvo. Imagine os olhos do nosso Salvador penetrando no mais íntimo do ser desse jovem! O Evangelho de Marcos registra a história:

Tu sabes os mandamentos: não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falsos testemunhos; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe. Ele, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, e vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me. Mas ele, contrariado com essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas.  (Marcos 10:19-23)

Muitos cristãos, inclusive eu mesmo, tiveram experiências impressionantes nas quais o amor de Deus tornou-se tão real que era quase tangível. Já participei de cultos de adoração que parecia que a presença de Deus pudesse ser sentida pela congregação como ondas suaves na praia. O Senhor sente um imenso amor por Seu povo. Contudo, deve-se tomar cuidado para não confundir Seu amor com Sua graça.
O amor de Deus pela humanidade é uma força poderosa. É fácil ser arrebatado pelos sentimentos produzidos por esse amor e corrompê-lo em algo para o qual ele não foi destinado. Seu amor não nega Seus mandamentos; simplesmente não negligencia o pecado. Na verdade, Seu amor exige que Lhe obedeçamos e nos desviemos do pecado. Depois do encontro com o jovem rico, Jesus disse aos Seus discípulos: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou". (João 14:23,24)
O perigo de saborear o amor de Deus enquanto permanece em um estado sem se arrepender do pecado é que a pessoa pode realmente ser enganada, pensando estar em comunhão verdadeira com o Senhor. Observe que, na história do jovem rico, o amor de Jesus não determinou a vida eterna para esse homem. Sim, Marcos nos diz que Jesus realmente o amou. Estou certo de que Seu amor se manifestou como um sentimento poderoso que emanou de dentro de Seu Ser. Todavia, a eternidade desse homem dependia de sua resposta àquele amor ardente. Ele iria obedecer às palavras de Jesus ou não? Como Jesus é fiel para fazer com todos aqueles que O seguem, Ele misericordiosamente trouxe esse homem a uma decisão: "Escolha hoje a quem servirá, a Deus ou a Mamom!" (Mateus 6:24)
Essa história não tem o propósito de ordenar a todos que dêem todos os seus bens. Jesus viu a idolatria no coração daquele homem e, por conseguinte, levou-o a uma bifurcação na estrada: "Se você quiser ser meu seguidor, deve abrir mão de seu ídolo". Eu pergunto a você: "O Senhor mudou?" Se Ele estipulou essa condição para um homem com relação ao dinheiro, muito mais para aqueles que fizeram do pecado o seu ídolo!
Você notará também que, depois que esse homem tomou sua decisão, Jesus não correu atrás dele (como tantos líderes cristãos fazem hoje em dia), tentando obter algum tipo de acordo: "Escute, eu não quis ser tão enfático assim. Você provavelmente só precisa de um tempo para pôr em prática esse tipo de compromisso. Por que você não me segue por algum tempo e espero que, mais tarde, você possa dar uma parte de seu dinheiro. Afinal de contas, ninguém é perfeito. Somos todos pecadores salvos pela graça".

Eu realmente não consigo imaginar Jesus falando assim.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Graça não é sinônimo de paciência

Um dia, no alto, nos penhascos desertos do monte Sinai, Deus Se revelou a Moisés. Quando Ele passou na frente do velho profeta, Ele proclamou: "Passando, pois, o SENHOR perante a sua face, clamou: Jeová, o SENHOR, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e quarta geração". (Êxodo 34:6,7)

Poder-se-ia facilmente passar a vida inteira estudando esse auto-retrato pintado pelo Senhor e nunca esgotar seu significado pleno.
A frase que atrai o interesse especial do homem em pecado habitual é: tardio em iras. Essa descrição é repetida oito vezes no Antigo Testamento sobre o Senhor. Seu equivalente no Novo Testamento, makrothumeo, é traduzido como paciente ou longânime. Esse termo grego é usado para descrever um dos frutos do Espírito, a longanimidade. O Vine's expository dictionary diz o seguinte sobre esse termo:

Ser paciente, longânime, tolerante. Longânime é aquela qualidade de autodomínio diante da provocação, que não retalia apressadamente; é o oposto de raiva e está associada a misericórdia.

Para o homem que viveu continuamente longe dos requisitos de uma vida santa, é realmente uma boa notícia saber que Deus não fica facilmente irado com suas transgressões. Posso atestar o fato de que o Senhor é extremamente paciente. Ao longo dos anos, meus repetidos atos de rebelião e ilegalidade absoluta justificariam Sua ira e julgamento imediato. Porém, o que recebi em troca foi Seu amor, Sua compaixão e misericórdia. Embora Ele me tenha castigado muito (Salmos 118:8) e tratado severamente por causa de minha conduta pecaminosa, o Senhor tem-me tolerado pacientemente o tempo todo. Ao descrever essa palavra, makrothumeo, Matthew Henry apreendeu a essência do coração de Deus:

"Que pode suportar o mal e a provocação sem estar cheio de ressentimento ou vingança. Ele tolerará a negligência daquele a quem ama e esperará muito tempo para ver os efeitos bondosos dessa paciência nele".

É inquestionável que Deus mostra uma paciência tremenda para com o homem abertamente rebelde a seus mandamentos. Não obstante, devemos entender que, embora Deus seja paciente, haverá um tempo de colher as imprudências do passado. A paciência de Deus nunca deve ser confundida com a Sua graça. Embora trabalhem juntas, são dois aspectos diferentes de Seu caráter. O Dicionário Teológico do Novo Testamento diz o seguinte sobre makrothumeo:

"O Deus majestoso graciosamente retém Sua ira justa, como em Sua obra de salvação para Israel. Ele faz isso não só em fidelidade à Aliança, mas também em consideração à fragilidade humana. A paciência, claro, não é uma renúncia, mas o adiamento, com vistas ao arrependimento".

Deus é paciente com respeito ao pecado de um homem, mas Sua paciência tem o propósito de dar um tempo para a pessoa arrepender-se. Referente à segunda vinda de Jesus, o apóstolo Pedro disse: "Não retarda o Senhor a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que nenhum se perca, mas que todos cheguem ao arrependimento" (2 Pedro 3:9). Ele, então, continua dizendo: "Pelo que, amados, aguardando estas coisas, procurai que dele sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz".

É extremamente perigoso para o indivíduo envolvido em pecado habitual presumir que, por ele ainda não ter tido o seu dia de "ajuste de contas" por sua má conduta, não haverá julgamento futuro para enfrentar. O povo de Israel cometeu esse erro. Eles repetidamente provocaram o SENHOR por meio de sua desobediência e incredulidade ostensiva. Isaías transmitiu o pesar e frustração que o SENHOR sentia pela desobediência de Seu povo: "Agora cantarei ao meu amado o cântico do meu querido a respeito da sua vinha. O meu amado tem uma vinha num outeiro fértil. E cercou-a, e limpando-a das pedras, plantou-a de excelentes vides; e edificou no meio dela uma torre, e também construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas boas, porém deu uvas brabas.
Agora, pois, ó moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha. Que mais se podia fazer a minha vinha que eu não lhe tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas brabas? Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer a minha vinha: tirarei a sua sebe, para que sirva de pasto; derrubarei a sua parede para que seja pisada; e a tornarei em deserto; não será podada nem cavada; porém crescerão nela sarças e espinheiros; e às nuvens darei ordens que não derramem chuva sobre ela. Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta de suas delícias; e esperou que exercesse juízo, e eis aqui opressão; justiça, e eis aqui clamor. Ai dos que ajuntam casa a casa, reúnem campo a campo, até que não haja mais lugar e fiquem como únicos moradores no meio da terra". (Isaías 5:1-8)

Jesus usou a mesma ilustração para descrever a experiência da salvação. Ele disse: "Eu sou a videira verdadeira e meu Pai o lavrador. Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto. Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim serei meus discípulos". (João 15:1-2;8)

Novamente, Deus é extremamente paciente com Seu povo. Ele tolerará a negligência da pessoa que Ele ama e esperará muito tempo para ver os efeitos bondosos dessa paciência nele. Mas é importante entendermos que Ele tem uma vinha com o propósito expresso de dar uvas. Como qualquer viticultor experiente que levou anos cultivando a terra, Ele espera um dia colher uma safra frutífera. Que a ira de Deus para o pecado nunca seja esquecida nem minimizada.

Steve Gallagher - No Altar da Idolatria Sexual - páginas 291, 292, 293 e 294.