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domingo, 15 de maio de 2011

A paixão é uma droga

A paixão é uma droga. Não, eu não estou xingando nem maldizendo essa palavra que, para mim, não representa um sentimento. Representa uma doença.
Como toda droga, a paixão é prazerosa. Se não fosse, não seduziria. Cerveja, por exemplo, é gostosa. Eu gosto. Mas, em grandes quantidades, mata. Não sei qual é o prazer do cigarro. Nem do charuto. Nem do cachimbo. Nem do narguile. Nem da maconha. Nem do crack. Nunca fumei. Não consigo. Me engasgo e fica uma sensação horrível na garganta. Mas que deve haver algum prazer, não tenho a menor dúvida.
Existe um remédio chamado POLARAMINE. É um antialérgico delicioso! Docinho... muito agradável ao paladar de crianças e adultos. Dá vontade de tomar o vidro inteirinho. Mas é um remédio. E alguém muito inteligente já disse que a única diferença entre o remédio e o veneno é a dose.
Imagino que as drogas sejam como o POLARAMINE: muito gostosas! E que, por isso mesmo, viciam. Quanto mais gostosas, mais rápido viciam.
Nunca provei lança-perfume, cocaína, heroína, ecstasy, LSD nem nenhuma outra droga ilícita. Mas paixão eu já provei. E vou dizer uma coisa para vocês: é altamente viciante! Você passa o dia todo pensando nela, a desejando, querendo cheirá-la, tocá-la. Quando você está com ela, você a beija, toca e sente todo o prazer que aquela droga te dá. O momento da separação é doloroso e temos crises de abstinência entre um encontro e outro. Nos afastamos dos nossos amigos. Nos afastamos da nossa família. Queremos ficar só com ela. Brigamos com os nossos pais e com quem quer que diga que ela não presta. Ficamos cegos.
Estou falando de um viciado em paixão, mas se fosse de um viciado em cocaína, não precisaria mudar UMA palavra.
Percebam que a cara de um apaixonado e de um maconheiro são idênticas. Ambos parecem estar em outra dimensão. As drogas os transportam para outro mundo. Apaixonados fazem loucuras que só um drogado faria. Sim, a paixão é uma droga! E eu não entendo por que a nossa sociedade considera bonito, bom, legal estar apaixonado e considera feio, mau, torpe estar bêbado. Não tem diferença nenhuma. Como toda droga, a paixão também mata.
Às vezes, mata literalmente quando acontecem crimes passionais, como o que matou a jovem Eloá, em Santo André, ou o outro, que matou a advogada Mércia Nakashima, em Guarulhos. Citei apenas esses dois exemplos, pois são os mais recentes, mas o que não faltam são exemplos de crimes passionais. Usando o adjetivo, a gente até esquece da locução adjetiva que ele representa. Crime passional é a mesma coisa que crime “de paixão” ou “por paixão”. Qual é a diferença entre isso e roubar dinheiro para comprar cocaína? A diferença é que roubar é menos grave.
A paixão mata também simbolicamente. É o que eu chamo de “overdose de paixão”. Como todas as outras drogas, nosso corpo rapidamente se acostuma às pequenas doses. PRECISAMOS de doses cada vez maiores. PRECISAMOS estar mais e mais tempo com a “pessoa amada”. É nessa hora que alguns casam. Cuidado quando alguém disser que PRECISA de você. Você provavelmente estará lidando com um drogado.
Mas, casando ou não, nosso corpo acostumar-se-á àquela nova dose. Chegará o inevitável momento da impossibilidade de aumentar a dose. Nessa hora, dizemos que a relação “esfriou”, que o “amor” acabou ou algo semelhante. É chegada a hora da natureza cobrar o seu preço.
A lei da natureza é a lei do equilíbrio. A paixão nos tira do equilíbrio e nos joga nas nuvens. Uma outra lei da natureza é a lei da gravidade e, tudo que sobe, tem que descer. Esta “queda” é a morte simbólica. Se passamos tanto tempo no “paraíso”, demoramos para voltar ao equilíbrio. E essa volta parecerá ser o “inferno”.
Por isso, a paixão é a mais cruel das drogas. Ela pode “matar” várias vezes a mesma pessoa. Porque, quando o romance esfria, tendemos a procurar outra pessoa para saciar nosso vício por paixão. E o ciclo recomeça. Sabendo disso, devemos buscar constantemente o equilíbrio e desenvolver rituais religiosos a fim de evitar as paixões.
Tudo isso foi descoberto a partir do final de agosto de 2010, quando iniciei meu processo de desintoxicação. Em cinco meses, li quatro livros fundamentais para o processo:
  • A CAMA NA VARANDA, da Regina Navarro Lins;
  • SHE, A CHAVE DO ENTENDIMENTO DA PSICOLOGIA FEMININA, de Robert A.Johnson;
  • HE, A CHAVE DO ENTENDIMENTO DA PSICOLOGIA MASCULINA, do autor anterior e
  • WE, A CHAVE DA PSICOLOGIA DO AMOR ROMÂNTICO, do mesmo autor.
A recuperação não é fácil, mas é possível. Claro, como com qualquer outra droga, depende de uma decisão do drogado. Não adianta a família interná-lo numa clínica se ele não quiser recuperar-se. Por isso, se você não estiver firme no seu propósito, você acaba desistindo.
No final de janeiro de 2011, pensei que estava curado. Tal qual um ex-alcoólatra que precisa ir a uma festa e resistir à bebida, eu me reaproximei da minha “bebida alcoólica”. Tal qual o ex-alcoólatra; podia ver, cheirar, ouvir, mas não podia tocar e nem pensar em levar à boca.
Durante dois meses e duas semanas, tive um comportamento exemplar. Mas no começo de abril, tive uma recaída. Soube que ela esteve em São Paulo e não me contatou. Pior: foi ela mesma quem me disse. Podia ter ficado quieta. Mas não... Estou novamente em processo de recuperação.

3 comentários:

  1. Ah Greghi mas qd ela passa rs!ai tbn é bom, pq tudo se acalma, a paixão é boa rs, faz a gente sonhar!e quer saber se ta em recuperação tente esquecer por completo rs é melhor bj

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  2. Oi Greghi
    Concordo que a paixão seja tudo isso que você escreveu (a cara de maconheiro foi a melhor kkkkk). Mas é ela que nos leva ao mais belo dos sentimentos: o amor. Aquele verdadeiro, puro e simples. Amor pela vida, pelas pessoas, por si próprio, pelas coisas. Um pouco de sorte para amar alguém que mereça e faça por merecer; sabedoria para entender que a paixão não acabou, mas apenas teve seus sintomas abrandados para dar lugar a um sentimento mais brando, singelo e delicioso; e boa vontade, para cultivar esse amor, pois, ao contrário da paixão, ele não se mantém sozinho e pela loucura, é preciso de trabalho compartilhado. Com esses ingredientes chegamos ao amor e mesmo com as dificuldades que tudo na vida real presume, ele vale muito a pena.

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  3. Rafinha.

    Você é a primeira pessoa que conheço que gosta de tomar Polaramine...

    Quando quiser sair pra tomá uns antialergicu mano é nóis

    Você é único!

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