Ao serem eles [os
justos] chamados de seu profundo sono, começam a pensar exatamente
onde haviam parado. A última sensação foi a agonia da morte, o
último pensamento o de que estavam prestes a cair sob o poder da
sepultura. Ao se levantarem da tumba, seu primeiro alegre pensamento
se expressará na triunfante aclamação: “Onde está, ó morte,
o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” (I
Coríntios 15:55).
Para
o crente, Cristo é a ressurreição e a vida. Em nosso Salvador é
restaurada a vida que se perdera mediante o pecado; pois Ele possui
vida em Si mesmo, para vivificar a quem quer. Acha-Se investido do
direito de conceder a imortalidade. A vida que Ele depusera como
homem, Ele reassumiu e concedeu aos homens. “Eu vim para que
tenham vida e a tenham em abundância” (João 10:10). “Aquele que
beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu
lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida
eterna” (João 4:14). “Quem come a Minha carne e bebe o Meu
sangue tem a vida eterna e Eu o ressuscitarei no último
dia” (João 6:54).
Para
o crente a morte não é senão de pouca importância. Cristo fala
dela como se fora de pouco valor.
“Se alguém guardar a
Minha palavra, nunca verá a morte”, “nunca provará a morte”
(João 8:51,52). Para o cristão a morte não é
mais que um sono, um momento de silêncio e escuridão.
A vida está escondida com Cristo em Deus, e “quando
Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos
manifestareis com Ele em glória” (Colossense 3:4).
A
voz que bradou da cruz: “Está
consumado” (João 19:30),
foi ouvida entre os mortos. Penetrou as paredes dos sepulcros,
ordenando aos que dormiam que despertassem (Mateus 27:52,53). Assim
será quando a voz de Cristo for ouvida do Céu. Ela penetrará as
sepulturas e abrirá os túmulos, e os mortos em Cristo ressurgirão.
Na ressurreição do Salvador, algumas tumbas foram abertas, mas em
Sua segunda vinda todos os queridos mortos Lhe ouvirão a voz, saindo
para uma vida gloriosa, imortal. O mesmo poder que ressuscitou a
Cristo dentre os mortos erguerá Sua igreja, glorificando-a com Ele,
acima de todos os principados, de todas as potestades, acima de todo
nome que se nomeia, não somente neste mundo, mas também no porvir.
Os
Seus fiéis serão recompensados quando, em Sua vinda, a morte perder
o seu aguilhão e à sepultura for roubada a vitória que tem
pretendido. Então Ele restaurará a Seus servos os filhos que a
morte lhes tomou: “Assim
diz o Senhor: Uma voz se ouviu em Ramá, lamentação, choro amargo;
Raquel chora seus filhos, sem admitir consolação por eles, porque
já não existem. Assim diz o Senhor: reprime a tua voz de choro, e
as lágrimas dos teus olhos; porque há galardão para o teu
trabalho, diz o Senhor, pois os teus filhos voltarão da terra do
inimigo. E há esperança no derradeiro fim para os teus
descendentes, diz o Senhor, porque os teus filhos voltarão para o
teu território” (Jeremias 31:15-17). Traduzindo:
o Senhor está consolando a toda mãe cujas crianças lhes foram
roubadas pela morte. Ele está dizendo que as crianças vão
ressuscitar, elas serão restauradas, é a promessa do Senhor Deus
Todo-Poderoso.
A ressurreição de Cristo foi um modelo da final ressurreição de
todos quantos nEle dormem. O semblante do Salvador ressuscitado, Sua
maneira, Sua linguagem, tudo era familiar aos discípulos. Como Jesus
ressurgiu dos mortos, assim hão de ressuscitar os que nEle dormem.
Reconheceremos os nossos amigos da mesma maneira que os discípulos
reconheceram a Jesus. Talvez hajam sido deformados, doentes,
desfigurados nesta vida mortal, ressurgindo em plena saúde e
formosura; no entanto, no corpo glorificado será perfeitamente
mantida a identidade. Então conheceremos assim como também somos
conhecidos (I Coríntios 13:12). No rosto glorioso da luz que irradia
da face de Cristo, reconheceremos os traços daqueles que amamos.
O maior dom de Deus é Cristo, cuja vida é nossa,
pois nos foi dada. Ele morreu por nós e ressuscitou em nosso favor,
a fim de que pudéssemos sair da sepultura para um glorioso
companheirismo com os anjos celestiais, encontrar-nos com nossos
entes queridos e reconhecer-lhes a fisionomia, pois a semelhança com
Cristo não destrói sua imagem, mas a transforma à gloriosa imagem
dEle. Todos os santos aqui ligados por laços familiares
conhecerão ali uns aos outros.
Nossa
identidade pessoal é preservada na ressurreição, se bem que não
as mesmas partículas de matéria ou substância material que foram
para a sepultura. As maravilhosas obras de Deus são um mistério
para o homem. O espírito, o caráter do homem, volta a Deus para ser
preservado. Na ressurreição toda pessoa terá o caráter cultivado
no tempo de graça concedido, ou seja, durante a sua vida. Deus, em
Seu devido tempo, despertará os mortos, dando novamente o fôlego de
vida e ordenando que os ossos secos vivam. Aparecerá a mesma forma,
mas estará isenta de doenças e de todo defeito. Revive apresentando
as mesmas características pessoais, de modo que um amigo reconheça
o outro. Não há lei de Deus na natureza que revele que Deus
restitui as mesmas e idênticas partículas de matéria de que se
compunha o corpo antes da morte. Deus dará aos justos falecidos um
corpo que Lhe apraz.
Paulo
ilustra esse assunto pelo grão de cereal semeado no campo. O grão
plantado se decompõe, mas aparece um novo grão. A substância
natural da semente que se decompõe jamais é ressuscitada como
antes, mas Deus lhe dá um corpo segundo Lhe apraz. O corpo humano
compor-se-á de um material muito mais requintado, pois é uma nova
criação, um novo nascimento. “Semeia-se
corpo natural, ressuscita corpo espiritual” (I Coríntios 15:44).
Ellen White - Visões do Céu, páginas 37, 38, 39 e 40.