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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A palavra que alimenta

A sogra os estava testando. É certo que ela se lembrava do filho dizendo que sua futura esposa (antes de ele saber que assim seria) era muito fanática, pois “até o sábado ela guardava”. Mas também lembrava-se de ter recebido uma carta do filho comunicando sobre a conversão dele, onde dizia estar guardando os sábados.
Aquela mulher gostava de uma contenda, uma boa discussão para animar e provocava convidando-os para atividades seculares no sábado. A desculpa do casal era quase sempre a mesma: amanhã vamos à igreja. Mas a mulher provocadora, incansável, dizia: “Podemos ir à tarde”. O casal não queria brigar e, enquanto estiveram fisicamente juntos, foi fácil driblar os avanços da senhora com jogos de cintura.
Um dia, ele teve que partir, mas sua mãe continuou convidando a moça para resolver assuntos pessoais no sábado. Eis que a moça falou para ele:

- Eu terei que falar para a sua mãe que adventista não faz atividades seculares no sábado.

Ele percebeu que era hora de mostrar que era homem. Não podia deixar sua futura esposa e sua mãe brigarem ou, mesmo que não brigassem, deixar sua mãe com má impressão da mulher que ele escolhera.

- Não, amor, deixa comigo. Eu falo com ela.

Interessante que isso aconteceu bem na noite do sábado em que ele estava em dúvida se deveria procurar apartamento naquele dia, pois perguntava-se: “poxa... Deus sabe que eu preciso disso. Estou aqui nas imediações de onde quero morar. Será que Ele ficaria chateado?” E foi perguntar a um missionário da igreja. O missionário explicou que naquele momento deveria estar numa entrevista de emprego. Deus sabe também o quanto ele quer mudar de emprego. Mas ele (missionário) sabe que Deus tem coisa melhor para ele, se ele conseguir resistir. A própria selecionadora disse que várias pessoas disseram que não poderiam comparecer no sábado e que, se não houvesse candidatos suficientes, convocaria os candidatos novamente na segunda-feira.

- Irmão, sábado é dia de descanso e louvor a Deus. Ore para que Ele te oriente na sua busca durante a semana.

Sabe, pessoal, eu poderia prolongar o texto dando testemunhos de milagres que aconteceram nas vidas de várias pessoas que decidiram renunciar a esse tipo de atividade que atende apenas aos interesses pessoais de cada um e, no entanto, presenciaram mudanças inexplicáveis e emocionantes em dias de provas, notas nos boletins na faculdade, seleção para empregos, etc. Um bom exemplo é o do último ENEM: aos alunos adventistas foi permitido que ficassem confinados durante o sábado todo e a prova, para eles, começou após o pôr-do-sol.
Mas, para não fugir do assunto, continuemos o relato. Ele telefonou para a mãe e ela “jogou o verde”:

- Nossa, filho, sempre que eu chamo a tua noiva para fazer alguma coisa, algum preparativo no sábado, ela dá alguma desculpa. Deve ser por causa da religião dela, né?

Ele poderia dizer simplesmente “é” e denegrir a imagem da amada junto à sua mãe. Mas isso não seria humano, não seria ético. Se vão casar, ele deve defendê-la. E achou o jeito certo de fazer isso:

- Não, mãe, não é por causa da religião que ela evita sair contigo aos sábados. É por causa de um compromisso que NÓS assumimos com Deus.
- Como assim?
- Você acha que Deus escreveu à toa os 10 mandamentos, mãe? Toda a Bíblia foi escrita por profetas, apóstolos e discípulos inspirados por Ele. Mas os 10 mandamentos foram escritos pelo próprio dedo de Deus no Monte Sinai. Todo ser humano tem escrito no seu código genético que matar e roubar é errado. Mesmo que nunca tenhamos sido ensinados sobre isso, sentimos isso...
- E daí, o que isso tem a ver com o sábado? Os tempos mudam, as pessoas evoluem, ninguém mais guarda o sábado! 
- Posso continuar? Por mais que as coisas estejam “avançadas”, acho que principalmente você concorda que adulterar é errado.
- Sim, claro que é. 
- No fundo, no fundo, todo mundo sabe disso. As pessoas sentem isso. Mas inventam belas e boas desculpas para adulterarem. Em vez de tentar consertar o casamento, partem para o adultério. Dizem que seu casamento não tem conserto. Mas Jesus era carpinteiro. Pode crer que Ele dá um jeito em tudo.
- Mas você ainda não me convenceu quanto a atualidade de guardar o sábado. 
- Mãe, quem vai te convencer é o Espírito Santo. Não eu. O que eu lhe digo é o que Isaías disse: “seca-se a erva e cai a sua flor, mas a palavra do nosso Deus permanece eternamente”. 
- O que isso quer dizer? 
- Mãe, a palavra de Deus não muda e, se Ele fez questão de escrever os 10 mandamentos com Suas próprias mãos, é porque alguma importância tem. Veja o que Jesus disse em Mateus 5:18 “Até que o céu e a terra passem, nem um “i” ou um “til” jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra”. Que lei é essa que Ele fala? A Lei de Deus! Os 10 mandamentos, é claro. O que tudo isso tem a ver com o sábado? Tudo. Os 10 mandamentos estão lá em Êxodo 20 e eu não vou repeti-los agora, mas o quarto mandamento é o do sábado e Jesus diz em João 14:15 que “se me amais, guardareis os meus mandamentos”. 
- Mas a maioria dos cristãos não guarda o sábado. 
- Jesus também disse, em Mateus, capítulo 7, desde o versículo 21 até o 23: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade". 
- Então eu vou pro inferno?

A mãe do rapaz é muito inteligente. Às vezes, somente às vezes, ela se acha dona da verdade, mas é uma senhora humilde que reconhece que não sabe tudo e principalmente utiliza também o método socrático para pegá-lo no pulo do gato.

- Quem sou eu, mãe, para dizer que você vai para o inferno? Eu espero sinceramente que não. Nem eu mesmo sei aonde vou. Eu só lhe digo o que sei: o julgamento já está acontecendo e você ainda tem tempo de escrever seu nome no Livro da Vida.
- Como?
- "Como" eu só digo na semana que vem.

Então ficamos combinados, hein! Semana que vem, neste mesmo horário e neste mesmo blog.

domingo, 20 de novembro de 2011

Correção do erro

Essa semana uma pessoa me chamou atenção para a hipocrisia de guardar o sábado. Não que guardar o sábado seja hipocrisia, claro que não! Mas a forma como EU guardava era hipócrita. Se eu considero que guardar o sábado é uma prova de amor e gratidão a Deus por tudo o que Ele fez e faz por mim, é preciso fazer da maneira correta. Pois Ele, em seu mandamento, diz que não apenas eu não devo trabalhar, mas nem o meu filho, nem a minha filha, nem o meu servo nem a minha serva nem estrangeiro algum da minha porta para dentro. Ou seja, a pessoa que me chamou atenção – e que, só para vossa informação, não é da igreja – disse que é fácil guardar o sábado quando você é servido por outras pessoas. Por exemplo, eu tomo ônibus para ir à igreja. O motorista e o cobrador estão trabalhando. As pessoas que preparam o meu café-da-manhã na pousada estão trabalhando... Fico feliz por perceber que, da mesma forma que Deus me usou há duas semanas, para corrigir o caminho de uma garota no ônibus; desta vez, Ele usou uma pessoa de fora da igreja para corrigir o meu caminho. Isso é maravilhoso, pois mostra que Deus ama a todos os seus filhos sem fazer distinção de pessoas. Ele ama os que O amam, mas também os que não O amam. Quem vai à igreja e quem não vai. Quem torce pro Corinthians e quem torce pro São Paulo.
Muitas vezes erramos sem consciência, seja porque não sabemos que estamos errando ou porque não percebemos. Uma vez, porém, constatado o erro, é nosso dever corrigi-lo, quando possível. Eu pensei: poxa... essa pessoa tem razão. E, analisando a Palavra de Deus, descobrimos que a pessoa tem razão baseada na Palavra, mesmo que não A conheça.
O sábado é também uma prova de plena confiança em Deus. É a certeza de que Ele nos socorrerá em todos os momentos e em qualquer situação. Quando o Seu povo encarou o deserto por 40 anos, Deus provia alimento a eles todos os dias. Na sexta-feira, porém, Ele mandava provisões para a sexta e para o sábado. Lembrei disso e decidi: corrigirei o meu erro. Na quinta-feira, comprei Chocotonne, iogurte e CLUB SOCIAL no mercado. Sábado, tomei meu desjejum no quarto: iogurte com Chocotonne, proibi as moças da pousada de arrumarem o meu quarto e fui à igreja a pé.
Foi uma caminhada e tanto! Cheguei suado feito um porco. Não sei se porco sua, mas soube que Deus não se importa com isso. Muitos me perguntarão: e Ele não se importa com o fato de você chegar cansado? Pois é... foi uma hora de caminhada debaixo do escaldante sol de Fortaleza. Mas eu digo a vocês que Ele respeita a minha escolha e, por isso, não “Se importa”. Os filhos Dele não são dignos de dó. Há uma igreja mais próxima de onde eu moro e onde eu poderia ir a pé com menos esforço, se eu quisesse. Mas eu escolhi essa que é mais distante. Foi MINHA escolha. Deus respeita isso.
O CLUB SOCIAL seria o meu almoço, pois outro erro que tenho cometido todo santo sábado é almoçar em restaurante. Porém, neste sábado, 19/11/2011, a minha igreja – Aldeota – comemorou 28 anos (sim, a minha idade!) e houve um almoço em comemoração. Comi bem, teve sobremesa e tudo! Ou seja, Deus fez comigo o mesmo que Ele fazia com o Seu povo há quase 6.000 anos. Ele proveu alimento para mim. Acho que faço parte do povo Dele. Que alegria!
No final, ainda ganhei carona do pastor para voltar para casa. Foi tão bom! Tão gratificante que tive certeza que Deus ficou feliz com a minha atitude!
Mas somos seres humanos! Tão fracos! Já estou pensando se terei coragem de fazer isso novamente na semana que vem.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Frases da semana

Estava eu aqui na pousada neste abençoado último feriado prolongado do ano lendo a revista VEJA de 14 de setembro de 2011, quando cheguei à parte em que eles listam algumas frases da semana. Achei muitas boas frases e decidi comentá-las.
Começando pela da primeira dama francesa Carla Bruni: “Não se tem um filho para exibi-lo”. Merece os meus parabéns, pois está coberta de razão e foi bastante louvável a blindagem contra a mídia promovida pelo casal Sarkozy. O “velho Greghi” continua vivo, transformando-se diariamente e deve dizer que, se não se tem filho para exibi-lo, também não sabe a razão por que se tem um filho. Nem quer saber.
Agora é a vez dos dizeres de uma faixa no protesto do dia 7 de setembro contra a corrupção: “Kadafi, não importa o seu passado. No Brasil, você pode ser deputado”. Amei essa frase e talvez o melhor exemplo para ilustrar essa verdade é o Paulo Maluf. Procurado pela Interpol, se sair do Brasil, vai preso. Aqui, faz leis. Seria cômico, não fosse trágico.
Agora vou mencionar duas frases seguidas e comentar ambas de uma só vez, já que ambas tem a ver com o mesmo assunto: futebol.
Messi disse que “Maradona (foi o melhor da história), sem dúvida. Não vi o Pelé jogar, mas não me fez falta”.
Fabio Capello, técnico da seleção inglesa, disse, referindo-se ao atacante Andy Carroll, do Liverpool: “Se ele quer ser um bom jogador e um bom esportista, terá de beber menos”.
Há pouco tempo, bem pouco, cheguei a dizer que o Messi era o único argentino legal que eu conhecia e podia admirar. Estou dizendo argentinO, pois tenho uma leitora argentinA que é gente boníssima e que ama o Brasil. Messi decepcionou-me com essa declaração. Se ele não viu Pelé jogar, como pode dizer que Maradona era melhor? Eu, por exemplo, não vi nenhum dos dois e não posso opinar, mas digo que, sim, sinto por não ter podido vê-los. Para mim, os melhores jogadores da história – pelo menos, da minha história – foram Romário e Ronaldo. Porém, fico com Ronaldo pela pessoa que é fora de campo: humilde, boa praça, tem o coração do tamanho da barriga e, ao contrário até do Pelé, não se recusou a reconhecer a paternidade de um filho quando descobriu. Quem não se lembra da filha bastarda do Pelé que morreu sem abraçar o pai, mesmo tendo feito o pedido na cama do hospital?
Mas ninguém é perfeito e Ronaldo também bebe e fuma. Não sei desde quando, mas sei que na brilhante temporada de 2009, ele alimentava esses vícios. Por isso, o técnico Fabio Capello tem razão quando alerta o jogador do Liverpool. Ele apenas nos lembra de um ensinamento bíblico: “não sabeis que o seu corpo é templo do Espírito Santo? E se destruirdes o templo, Deus também o destruirá”. Quanto mais íntegro for o atleta, melhor será o seu rendimento.
Continuando nos esportes, Usain Bolt, o homem mais rápido do mundo declarou com humildade que ainda não é uma lenda, mas “essa prova me ajudou a chegar perto”. Bolt ensina-nos que é, sim, possível ter uma boa auto-estima e ser humilde ao mesmo tempo. Ele busca ser uma lenda, ele busca a perfeição e isso não é falta de humildade. A perfeição deveria ser o objetivo de todos nós, por mais que saibamos ser impossível chegar lá. Porém, como diz a parábola, se mirarmos na lua, chegaremos ao céu; mas se mirarmos no céu, chegaremos só até as nuvens. Bolt sabe que está perto, mas ainda não é.
Pelé só foi Pelé porque nunca se achou melhor. Enquanto jogava, buscou a perfeição. Treinava diariamente, esforçava-se e diz o Milton Neves aquela que na minha opinião é a melhor descrição de Pelé: “a pessoa melhor preparada por Deus para o desempenho de uma atividade específica”. Quando o Ronaldo estava surgindo para o futebol, pediram ao Pelé que desse um conselho para o menino. Pelé lembrou-se de um conselho paterno e que eu trago até hoje comigo como o maior e melhor conselho de humildade que já ouvi: “Nunca diga que você é o melhor. Deixe os outros dizerem”. Romário poderia ter feito muito mais de 1000 gols, caso não se achasse bom. Caso treinasse com seriedade todos os dias. O que faltou a Romário não foi talento; foi humildade.
Acerca do conselho do rei do futebol, tenho um primo que é humilde, mas se reveste de uma carapuça de vaidade para zoar e ser zoado. Ele diz uma frase bem irônica e engraçada: “Deixa que eu me elogie, pois eu sei até onde eu posso aguentar”.
Vamos tratar de temas mais pesados? Sim, mais pesados que o Ronaldo. Economia, por exemplo. A diretora do FMI, Christine Lagarde disse que “se os diferentes bancos centrais, governos e organizações internacionais trabalharem em cooperação, poderemos evitar uma recessão”. As declarações são sempre mais mansas do que a realidade para não assombrar a população. Tratam-nos como se fôssemos crianças. Não seria melhor dizerem a verdade e nos deixarem preparados para o caos que virá do que ficar mentindo, dizendo que é “só uma marolinha” e sermos pegos de surpresa pelo tsunami. Não se deixem enganar. A situação na Europa é gravíssima!
Não prevemos uma recessão na Europa”. José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Européia. Diz que não prevê, pois previsões só são feitas do futuro, de coisas que ainda não aconteceram. A recessão na Europa já é uma realidade e faz parte do presente de muitos países.
Por fim, ao contrário do Jornal Nacional, que sempre termina com notícias alegres para lhe deixar no “clima” da novela, terminarei com assuntos pesados: política dessa vez. Disse a deputada Jandira Feghali que “a imprensa usa o termo 'faxina' só porque Dilma é mulher. Se fosse homem, seria 'combate “a corrupção'”! Totalmente desnecessário e infeliz o comentário da deputada. É esse tipo de declaração que estimula o preconceito e a discriminação. Ou será que a deputada não estudou em história que o símbolo da campanha presidencial do Jânio Quadros foi a vassoura? Nossa! Não quero nem pensar no que diriam as feministas se isso acontecesse nos dias de hoje. Os tempos do politicamente correto tolhe nossa liberdade de expressão!
E o governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral disse que a extinção da CPMF foi uma covardia, mas não explicou por que a saúde em seu estado era péssima nos tempos da “contribuição”. Creio que a reeleição deste senhor, sim, é que foi uma covardia!

sábado, 12 de novembro de 2011

Infeliz pousada nova

Aproveitei a greve dos bancos para ir a São Paulo rever minha mãe, meu irmão, minha noiva e anunciar oficialmente o meu casamento. Graças a Deus, minha mãe aceitou hiper bem e ajudou-nos muito em tudo. A colaboração dela foi e continua sendo fundamental, pois estou longe e minha noiva não pode resolver tudo sozinha. Além disso, minha mãe já tem experiência nessas coisas.
Convidamos alguns padrinhos, escolhemos o modelo do nosso convite, definimos a igreja em que casaremos e recebemos vários “nãos” de vários pastores que estarão em férias na data do nosso casamento. Provei a roupa que usarei, mas antes disso, testei minha paciência esperando a tarde toda minha noiva mostrar seu vestido para a minha mãe. Ah, sim! Também já compramos as alianças! Fomos ao cartório pegar a relação de documentos necessários e passei uma procuração para a minha mãe. Ela será oficialmente a minha procuradora para assuntos relacionados ao casamento. Mulher curte muito mais essas coisas. Homem geralmente apenas concorda. E, sim: casar é uma vez só! Mesmo minha mãe dando um monte de coisa pra gente, o orçamento inicial já triplicou. Eu não sei se nós somos muito ruins de estimativas ou, se por trabalharmos no setor público, estamos viciados em triplicar os orçamentos. Casar é caro. Muito caro! 
De volta a Fortaleza, decidi trocar de pousada. Passei para uma que é R$ 200,00 mais barata e é mais perto do banco. Imaginei que esses R$ 200,00 poderiam ser investidos no aluguel do nosso apartamento. Mas é o típico exemplo do barato que sai caro.
A princípio, essa pousada me pareceu igualzinha a outra. Deduzi que fosse mais barata, porque era mais longe da praia e não tinha TV a cabo. Como não vou à praia todos os dias, mas vou, sim, ao banco todos os dias, para mim, é mais vantajoso morar perto do banco do que da praia. Como prefiro ficar na frente do computador do que na da televisão, não me importei que não tivesse canais fechados. Para falar a verdade, aproveitei bem pouco essa mordomia na outra pousada.
Eu devia ter olhado os quartos antes de me mudar. Eu devia ter perguntado mais. Isso aqui é um pardieiro. Com todo respeito à dona do local, que é muito legal e faz de tudo para agradar aos hóspedes, mas limpeza de quarto dia sim, dia não é o fim da picada! O quarto não tinha guarda-roupas nem tem armarinho no banheiro, onde também falta porta para fechar o box do chuveiro.
Digo que não tinha guarda-roupas e que a dona da pousada faz de tudo para agradar aos hóspedes, pois eu estava tão chateado pela falta de armário para pendurar minhas camisas sociais que queria ir embora. A dona Delzuyt (dona da pousada) providenciou um guarda-roupas para mim. Verdade que as portas fecham mal, mas tudo bem. Pelo menos, minhas camisas e calças estão penduradas.
As camas não tem cabeceira, lembrando muito a daqueles hoteizinhos de quinta categoria onde se levam meninas na “hora do aperto”. Em vez de armarinho no banheiro, onde minha escova de dente, meu pincel de barba e outras coisas ficariam guardadas; há uma pedra de granito, onde você simplesmente coloca suas coisas em cima, deixando-as à mercê de insetos e bactérias. Aliás, inseto é o que não falta na pousada: já cruzei com quatro baratas, sendo que a última conseguiu entrar no meu quarto. Quem disse que eu dormia sem que minha visitante tivesse me dado “tchau”, ou seja, eu não sabia se ela tinha partido ou se ainda repousava no meu quarto. Há também muitos aracnídeos no meu quarto, principalmente no banheiro. Todo dia tomo banho com mais três ou quatro aranhas – e eu nem sei se digo que é no bom ou no mau sentido. Dia desses, eu estava tomando banho e, quando terminei, olhei para trás, havia três aranhas trabalhando na construção de suas teias. Pelo menos, a minha escova de dente e o meu pincel de barbear estão muito bem guardados no meu estojo. Aqui, também não há frigobar no quarto. Na Atlântico Centro tinha.
O café-da-manhã é tão ruim quanto o da pousada anterior: dois tipos de suco – geralmente um deles, eu não gosto; quando não, os dois – frutas – que eu também não tenho o costume de comer a essa hora nem em nenhuma outra – pão francês – na outra pousada, ao menos, tinha pão de leite, além do pão francês – bolacha de água e sal, bolo comprado em padaria, cuscus e torradas. Assim como na pousada anterior (Atlântico Centro), se a gente pedir ovo, eles fazem. O problema é que no quintal, há 3 gatos que circulam pela cozinha à noite.
Mais uma desvantagem: tirando a dona Delzuyt e os filhos dela, os funcionários daqui são tudo bichas. É incrível! Parece que o Universo armou uma grande arapuca para mim, pois, quando eu descobri essa pousada e fiz as perguntinhas básicas, era noite e parece que o moleque que fica na recepção à noite não é bicha – pelo menos, não dá bandeira. Ele pediu para eu vir no dia seguinte falar com Delzuyt a respeito do preço. A bichinha que estava com ela mal falou comigo e por isso não percebi nada também naquele dia. Mas o jeito de falar dessas pessoas não engana.
A dona Delzuyt é evangélica, com certeza, pois no meu primeiro dia aqui, após ter me ajeitado no quarto, com o guarda-roupas, afirmei que agora estava melhor para passar os 30 dias aqui e ela exclamou: “em nome de Jesus”. Tudo que evangélicos pedem é, em nome de Jesus, pois Ele disse “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei a fim de que o Pai seja glorificado” (João 14:13). No segundo dia, ao nos saudar com o famoso “bom dia”, perguntei a ela se estava tudo bem, ela disse que sim e eu exclamei “graças a Deus!” Ao que ela me respondeu: “sem Ele, nós não somos nada”.
Imagino que ela tenha contratado tanta bicha louca a fim de convertê-los, a fim de mostrar o erro em que eles estão incorrendo. Não sei se existe ex-bicha, mas até ex-corinthiano sei que existe e, depois da minha conversão – a conversão mais improvável da história – não duvido de mais nada. Além do mais, é, no mínimo, uma bela prova de tolerância dessa senhora. Eu mesmo não posso ser chamado de homofóbico nem de preconceituoso, pois, por mais que eu não goste do comportamento homossexual e condene a prática dos “padeiros esquecidos”, possuo um profundo respeito por todas as pessoas e, prova disso, é que num desses dias em que lá estive, saí para o trabalho carregado de livros, quando todos eles caíram ao chão. O “rapaz alegre” pegou os livros para mim e ainda fui chamado de Rafinha.
Mas se vocês pensam que acabou, peço que se acalmem. O pior ainda está por vir. Para mim, o item de consumo mais básico de todos é a internet. Aqui em Fortaleza, descobri que até posso viver sem eletricidade, pois o notebook funciona com bateria e o banho pode ser gelado sem problema nenhum. Não assisto televisão e o ser humano foi programado para dormir quando a noite chega. Ou seja, é perfeitamente possível viver sem eletricidade. MAS VIVER SEM INTERNET NÃO!!!!!!!!!!!!
COMO VOU CHECAR OS MEUS E-MAILS? EU TENHO 4 CONTAS DE E-MAILS PARA CHECAR! COMO VOU RESPONDER OU ESCREVER PARA OS MEUS AMIGOS? EU NÃO LIGO PARA AS PESSOAS, EU NÃO VOU À CASA DELAS, MAS E-MAIL EU ENVIO.
COMO VOU ACOMPANHAR AS COTAÇÕES DAS AÇÕES NO IBOVESPA? A GRÉCIA ESTÁ PERTO DE DECRETAR MORATÓRIA E O IBOVESPA VAI DERRETER NESSE DIA. SE EU NÃO SOUBER QUE ISSO ACONTECEU, COMO PODEREI COMPRAR AÇÕES COM A COTAÇÃO MAIS BAIXA DO ANO???
Vou contar a vocês o que aconteceu: no primeiro dia, eu já percebi que o sinal de internet daqui era muito, muito, muito ruim. Só pega mais ou menos bem em um lugar da pousada. Graças a Deus por isso. Consegui publicar o texto VELHA DISCUSSÃO e, pelo menos, respondi à maioria dos e-mails do IG. Porém, no segundo dia, em pleno feriado do dia das crianças, o presente que eu ganhei foi a internet bloqueada por falta de pagamento. Sim, isso mesmo que vocês leram: FALTA DE PAGAMENTO. Vergonhoso!
Mas Deus é tão perfeito e maravilhoso que Ele me colocou aqui, pois Ele me conhece muito bem. Se eu estivesse num lugar bom como eu estava antes, eu não me animaria a procurar um apartamento para morar com a minha noiva, futura esposa e eterna namorada. Ele me conhece e sabe que conforto é muito importante para mim. Colocando-me nessa horrível pousada, tirou-me da zona de conforto, fazendo com que eu deseje sair daqui e procure uma moradia onde os presentes da lista possam ser entregues. Afinal, os convidados são de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, mas moraremos em Fortaleza e, até para fazer a lista de presentes, temos que fornecer um endereço para entrega dos mesmos.
O nome do local que eu não indico nem para o meu pior inimigo é Pousada Residêncial Iracema, mais uma coisa que Deus não permitiu que eu visse foi esse acento circunflexo no segundo E. Se eu tivesse visto, jamais teria vindo, pois se alguém não sabe escrever o próprio nome do estabelecimento de onde tira o seu sustento, saberá atender bem aos clientes? Na primeira vez que eu estava procurando pousadas, fui num lugar que não aceitava pagamento em cartão nem em chegues. Claro que não fiquei. Na verdade, fiquei na dúvida, se a pousada não aceitava pagamento em CHEQUES ou em JEGUES. Vai ver que não aceita em nenhuma das duas formas e resolveu fundir as palavras para comunicar.
Foi bom ter estado lá. Melhor ainda foi ter saído.

domingo, 6 de novembro de 2011

Abençoado sábado

Foi mais um sábado glorioso! Já perdi as contas de quantos sábados guardei, mas uma coisa posso lhes garantir: se continuo fazendo algo, é porque é bom, legal ou para terminar logo. Trabalhar, por exemplo, não é bom nem legal. Faço na esperança de terminar logo; mas, como nunca termina, sinto como se estivesse enxugando gelo. A semana foi estressante! Fiquei irado por ter que pagar as horas de greve e estou perdendo dias da minha vida inteiros lá dentro. É bem mais fácil encarar a prisão quando é em regime semi-aberto e você tem as manhãs ou as tardes livres; mas em regime fechado é enlouquecedor!
Então eu precisava deste sábado e finalmente pude entender a citação bíblica que diz: “o sábado foi estabelecido por causa do homem e não o homem por causa do sábado ”. (Marcos 2:27) Depois de uma semana horrível em que, além de tudo, magoei e fui magoado por causa de algo que deve ser a quinta prioridade da nossa vida, o sábado foi um dia abençoado, que purificou o meu coração e restabeleceu as minhas energias. Para isso o sábado foi estabelecido na Criação. E foi ótimo porque ainda pude exaltá-lo para a dona da pousada.

Estava eu vestido para ir à igreja da mesma forma que me visto para ir trabalhar. A mulher confundiu-se, pensou que eu ia trabalhar e comentou, estranhando:


- Vai trabalhar hoje?
- Nããããooo (creio que a maioria dos meus leitores conhece esse meu “não” prolongado). Hoje não é dia de trabalhar.

E saí. Mas esqueci minha garrafinha de água e voltei. Deixei a Bíblia e o livro que estou lendo em cima do balcão e fui até o quarto buscar minha garrafa de água. Ao voltar, como sei que ela é evangélica, exclamei:


- Hoje é o sétimo dia!
- Sétimo dia do quê? - perguntou-me.
- Sétimo dia da semana. Dia em que ATÉ Deus descansou de sua criação, abençoou e santificou. (Gênesis 2:3)
- Ah, vai na igreja...
- Sim, hoje é um dia especial para adorar a Deus!

E porque eu não profanei o sábado do Senhor e o exaltei logo pela manhã, Deus me concedeu mais bênçãos que ajudaram a purificar o meu coração. Subi no ônibus, passei a roleta, sentei ao lado de uma garota e ameacei pegar o livro que estou lendo, quando a garota perguntou-me:

- É o novo dele?
- Não sei; eu ganhei. Vamos ver... huuumm... é de 2009! É novo, sim, mas não tanto. Pra mim, é novo. Ganhei neste ano.


O livro é de Alejandro Bullón, o pastor que, do meu ponto de vista, é o mais conhecido entre os adventistas. Outro dia, na igreja, uma senhora pediu-me para vê-lo. E o que chama a atenção das pessoas é o nome do autor, pois todos falam com intimidade sobre ele. É engraçado. Se alguém fala em Bullón, pode crer que é adventista.

Ela perguntou a qual igreja eu pertencia, eu disse e perguntei a ela se ela estava indo para a igreja também. Ela disse com um peso na voz que denunciou todo o peso da consciência dela que estava indo trabalhar. Eu compreendi o dilema daquela garota, pois uma coisa é errar sem saber que está errando e a outra é errar sabendo. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. (João 8:32) Mas quem era eu, naquele momento, para condenar aquela jovem? Quem sou eu agora para condenar quem quer que seja? Sou tão pecador quanto ela, quanto qualquer um de vocês e foi fácil ter empatia com ela, pois a minha semana foi ruim exatamente por eu me desviar dos caminhos de Deus. Reclamei demais por ter que repor as horas de greve. Mandei e-mails revoltados, xinguei pelo MSN e até escrevi um texto, onde deixei escapar palavrões depois de muito tempo (desde que xinguei o Lula, na verdade, e disseram que palavras de baixo calão não combinam com o meu blog, procurei me conter).

Paulo alerta em Filipenses 2:14: “Fazei tudo sem murmurações nem contendas” e eu murmurei demais essa semana. Senti-me culpado, pedi perdão a Deus e, ao abrir a Sua palavra, não havia condenação ou repreensão; mas amor e misericórdia. Que Deus maravilhoso! Que amor infinito! A gente erra, peca, erra de novo a mesma coisa e pelo mesmo motivo e Ele está de braços abertos e sorriso no rosto. Nós não merecemos tanto amor! Somos reles, porcos, nojentos, fazemos tudo para desagaradá-Lo e Ele continua nos chamando, nos querendo.

Sentindo empatia pela menina, eu disse a ela que é complicado, pois muitas vezes o mundo nos oferece coisas maravilhosas e das quais precisamos muito e não conseguimos resistir. Então ela mesma reconheceu que não conseguimos resistir por falta de fé:

- Faltou fé na certeza de que Jesus teria algo melhor para mim no futuro. Eu caí na primeira tentação.
- Não se preocupe. Nosso Deus tem um amor infinito; Ele sabe que você está arrependida e pode perdoá-la. Vou orar para que você consiga um emprego onde trabalhe só de segunda a sexta. Deixe-me apenas contar-lhe uma história: eu vou me casar e preciso falar com o pastor da minha igreja, porque ele é um homem abençoado, um cara assim... sabe... muito difícil explicar... não há palavras... mas eu ficaria muito feliz se ele pudesse realizar o nosso casamento, porque ele é fantástico! Semana passada, eu tentei falar com ele, mas em cada vez que eu ia começar, a gente era interrompido por alguém. Sabe aquelas coisas que acontecem para impedir mesmo? Então... beleza! Eu falei: “deixa pra semana que vem”. Só que ontem eu estava lendo a Bíblia e me deparei com Isaías 58:13-14. Putz, mas acho que nem vou ler pra você, porque serve pra você também.

Bem... ela insistiu e acabei lendo. Fiquei muito feliz, pois senti que Deus me usou como instrumento para corrigir o caminho daquela moça. O nome dela é Carol, se vocês quiserem orar por ela... a referida passagem dizia: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do SENHOR o disse”. E quando a boca do Senhor diz, amigo, pode escrever. E digo isso não por fanatismo, mas baseado na própria Bíblia. Após o dilúvio, Deus prometeu que nunca mais mandaria outra coisa semelhante para acabar com a raça humana. “Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz”. (Gênesis 8:21) E até os dias de hoje, a promessa tem sido cumprida.

Então, porque convidar o pastor para fazer o meu casamento, é assunto de interesse pessoal, deixei de fazer.
É uma bênção atrás da outra quando fazemos a vontade Dele. Depois disso, começou a chover. Forte, muito forte. Eu estava no ônibus, desci no terminal Papicu (sim, em Fortaleza existe um bairro chamado Papicu) e continuou chovendo. Peguei outro ônibus e ainda chovia. Quando chegou na hora de eu descer, coincidentemente parou de chover. Coincidência? Milagre? Natureza? Deus? Vocês decidem!

Na igreja, pude louvar a Deus com cânticos bem alegres e esclarecer minhas dúvidas a respeito desse amor infinito, louco de Deus. Ou melhor, não esclareci nada. Eu percebi que todos os irmãos tem as mesmas dúvidas. Inclusive o pastor. A única coisa que pôde acalmar o meu coração foi aquela frase: aceite o que você não pode entender. O amor de Deus está além da nossa compreensão. Basta aceitar. E pronto!
Foi um feliz sábado!
Desejo que todos vocês possam descobrir e aceitar o “louco” amor que Jesus lhes está oferecendo.

Um fraterno abraço!