Na oração sacerdotal (João 17), pronunciada no jardim do
Getsêmani, a principal preocupação na mente de Cristo era a unidade de Sua
igreja – aqueles que haviam saído “do mundo” (João 17:6). Ele pleiteou com o
Pai em favor de uma unidade, no seio da igreja, que fosse semelhante àquela
experimentada pela Divindade. Ele orou para que todos fossem um; “e como és
tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em Nós; para que o mundo creia
que Tu me enviaste” (João 17:21).
Semelhante unidade é o mais poderoso testemunho que a igreja
pode oferecer, pois ele provê a evidência do abnegado amor de Cristo pela
humanidade. Ele afirmou: “Eu neles, e Tu em Mim, a fim de que sejam
aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que Tu Me enviaste e os
amaste, como também amaste a Mim” (João 17:23).
Um homem visitava um hospício. O enfermeiro lhe mostrava
pacientemente os vários setores daquela casa. Intrigado com a flagrante
desproporção entre o número de funcionários e o de enfermos ali internados, o
visitante perguntou: “Vocês não tem medo de que os internos se unam e agridam
vocês? Afinal, eles são em número muito maior!”
O enfermeiro respondeu: “Oh, não! Ninguém precisa ficar com
medo. Os loucos nunca se unem” (www.sitedopastor.com.br).
Que tipo de unidade tinha Cristo em mente para Sua igreja?
1.
Unidade no Espírito - em sua defesa da unidade da igreja, Paulo
afirmou: “Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os
membros, sendo muitos, constituem um só corpo, assim também com respeito a
Cristo. Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer
judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber
de um só Espírito” (1 Coríntios 12:12,13).
O Espírito Santo é a força impelente por trás da unidade da
igreja. Por Seu intermédio são os crentes conduzidos até ela. Ao chamar os
membros de todas as nacionalidades e etnias, o Espírito Santo batiza-os num
único corpo, o corpo de Cristo – a igreja. À medida que eles crescem em Cristo,
as diferenças culturais não mais causam divisão. O Espírito Santo quebra as
barreiras entre ricos e pobres, altos e baixos, homens e mulheres.
Compreendendo que à vista de Deus todos eles são iguais.
2.
Unidade de fé – a diversidade de dons não
implica, porém, em diversidade de crenças. A base de nossa fé é a Palavra de
Deus: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Romanos
10:17). Falando da unidade, Ellen White assim se expressou: “Deus está
guiando um povo do mundo para a exaltada plataforma da verdade eterna – os
mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Disciplinará e habilitará Seu povo. Eles
não estarão em divergência, um crendo uma coisa e outro tendo opiniões e fé
inteiramente opostas, e movendo-se cada qual independentemente do conjunto.
Pela diversidade dos dons e governos que Ele pôs em Sua igreja, todos
alcançarão a unidade da fé. Se alguém forma seu próprio conceito no tocante à
verdade bíblica, sem atender à opinião de seus irmãos, e justifica seu
procedimento alegando que tem o direito de pensar livremente, impondo suas
ideias então aos outros, como poderá cumprir a oração de Cristo? E se outro e
outro ainda se levantam, cada qual afirmando seu direito de crer e falar o que
lhe aprouver, sem atentar para a fé comum, onde estará aquela concórdia que
existia entre Cristo e Seu Pai?” (A Igreja Remanescente, páginas 25 e 26).
Nos últimos dias, a igreja de Deus será composta por pessoas
que compartilham as verdades do evangelho eterno. A vida dessas pessoas será
caracterizada pela observância aos “mandamentos de Deus e a fé de Jesus”
(Apocalipse 14:12). Juntas, elas proclamam ao mundo o convite à salvação
procedente de Deus.
A unidade é essencial à igreja. Sem ela, a
igreja fracassará no desempenho de sua sagrada missão. Existem alguns
benefícios na unidade para o fortalecimento da igreja e seu crescimento:
1)
A unidade torna eficazes os esforços da igreja:
“Os homens não obedecem às palavras de Jesus Cristo, buscando assim unidade na
fé, no espírito e na doutrina. Não pelejam pela unidade do espírito pela qual
Cristo orou e que tornaria o testemunho dos discípulos de Cristo eficiente em
convencer o mundo de que Deus enviara Seu Filho para que todo aquele que nEle
crê, não pereça, mas tenha vida eterna. Se entre os filhos de Deus houvesse a
união por que Cristo orou, dariam eles um testemunho vivo e irradiariam
resplendente luz que brilhasse entre as trevas morais do mundo” (A Igreja
Remanescente, página 44).
É a unidade da igreja que a habilita a exercer consciente
influência sobre os incrédulos e os mundanos.
2)
A unidade revela a realidade do Reino de Deus.
“Os anjos trabalham harmoniosamente. Perfeita ordem caracteriza todos os seus
movimentos. Quanto mais aproximadamente imitarmos a harmonia e ordem dos anjos,
tanto maior êxito terão os esforços desses agentes celestiais em nosso favor.
Se não virmos necessidade de ação harmônica, e formos desordenados,
indisciplinados e desorganizados em nossa maneira de agir, os anjos que são
perfeitamente organizados e se movem em perfeita ordem não poderão com êxito
trabalhar por nós. Eles se afastarão pesarosos, pois não estão autorizados a
abençoar a confusão, distração e desorganização. Todos os que desejarem a
cooperação dos mensageiros celestiais, devem trabalhar em harmonia com eles. Os
que receberam a unção do Céu, em todos os seus esforços incentivarão a ordem, a
disciplina e unidade de ação, e então os anjos de Deus poderão cooperar com
eles. Mas nunca, jamais esses mensageiros celestes sancionarão a
irregularidade, a desorganização e a desordem. Todos esses males são o
resultado dos esforços de Satanás para enfraquecer-nos as forças, destruir-nos
a coragem e evitar a ação bem sucedida” (A Igreja Remanescente, página 24).
3)
A unidade demonstra a força da igreja. Uma
igreja é verdadeiramente próspera e forte quando seus membros estão unidos a
Cristo e uns com os outros, trabalhando harmoniosamente em favor da salvação do
mundo. Uma igreja unida resistirá aos ataques satânicos, pois os poderes das
trevas são impotentes contra uma igreja cujos membros amam uns aos outros,
assim como Cristo os amou. O resultado de uma igreja unida pode ser comparado
com o desempenho de uma orquestra. Quando os músicos estão afinando os
instrumentos, eles produzem um som estranho e desagradável. Entretanto, quando
o maestro aparece e todos os olhares se voltam para ele, obedecendo à sua
regência, os sons desconexos dão lugar à beleza e harmonia.
Como alcançar a unidade?
“A causa da divisão e discórdia na família e na igreja é a
separação de Cristo. Aproximar-se de Cristo é aproximarem-se uns dos outros. O
segredo da verdadeira união na igreja e na família não é a diplomacia, o trato
habilidoso, o sobre-humano esforço para vencer dificuldades – embora haja muito
disto a ser feito – mas a união com Cristo” (Lar Adventista, página 179).
Quando Cristo iniciou Sua obra mediadora ao lado de Seu Pai
no Céu, garantiu que o alvo de ter Seu povo unido não era uma ilusão. Através
do Espírito Santo, Ele concedeu dons especiais, cujo propósito particular era
estabelecer a “unidade da fé” entre os crentes. Ao analisar esses dons, Paulo
disse que Cristo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres. Esses dons foram concedidos à
igreja com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade
da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus.
Em nossa busca de unidade, não podemos sacrificar as verdades
que fizeram de nós um povo distinto. A Bíblia, falando do Espírito Santo,
afirma que Ele é o Espírito da verdade (João 15:26). Em Sua oração
intercessora, Cristo pede ao Pai: “Santifica-os na verdade; a Tua Palavra é
a verdade” (João 17:17). Portanto, para que possam experimentar a unidade,
os crentes devem receber a luz que brilha da Palavra.