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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Greve pra mais de mês

Cheguei a tempo de ouvir a comemoração. Alguns colegas saindo, outros pegando material para os piquetes, mas não a tempo de “erguer as mãos e dar glória a Deus” (ou seja, votar pela greve). Se eu tivesse me programado, não teria dado tão certo. Foi chegar e saber o resultado:
- E aí, o que vocês decidiram?
- Vamos para a greve!
- A partir de amanhã?
- Sim. A partir das 0h.
- Tempo indeterminado?
- Isso mesmo.
Informado acerca do resultado, vim-me embora para casa fazendo contas. Se a greve dos bancários (categoria desunida) começar forte (o que, em 7 anos, nunca vi), pode ser que os bancos convoquem o sindicato para reunião na terça-feira.
Se a reunião começar e terminar na terça-feira (por enquanto, estou trabalhando apenas com o melhor dos cenários, hein), o sindicato pode convocar Assembléia na quarta-feira e a categoria deve rejeitar a proposta. Quase sempre é isso o que acontece. Ninguém aceita a primeira proposta logo de cara. Vem o feriado e, caso a greve continue forte, pode haver outra reunião na quinta ou na sexta-feira. O sindicato convoca Assembléia, que aprova a proposta e voltam a trabalhar na terça pós-feriado.
Pensando agora no cenário mais realista (eu não diria o pior), a greve começa fraca e os bancos esperam para ver como será a adesão ao movimento. Portanto essa semana já morreu. Conforme a greve vai ficando mais forte, eles sentem-se mais pressionados a fazer uma proposta. Porém, se não chamarem o sindicato para reunião até quarta, quinta e sexta é que não acontece nada (véspera e antevéspera de feriado). Acho que vou viajar mais cedo nesse feriado...
Os banqueiros só voltam do feriado na quarta-feira, enquanto os sindicalistas vão tentar emendar com o feriado de Finados (em 2 de novembro). Com sorte, a primeira reunião para proposta acontecerá só lá para o dia 20 ou 21 de outubro. Isso pode ser perigoso para a categoria também, porque greves muito longas tendem a enfraquecer. Aos poucos, as pessoas começam a voltar ao trabalho, contra a vontade da maioria. Então, pode ser que a maioria, em Assembléia, opte por aceitar a primeira proposta, logo de cara.
Mas vamos admitir que os bancários sejam tão bons negociadores quando se trata dos seus direitos, quanto são para vender seguros de vida, títulos de capitalização e outras bugigangas. Qualquer negociador, por mais amador que seja, sabe que sempre é possível melhorar a primeira proposta. Os bancários não aceitam e decidem continuar em greve. Se houver outra reunião uma semana depois, novamente terá que ser até quarta-feira (27 de outubro), pois de novo será semana que precede feriado. Então ou os bancários aceitam a proposta e voltam a trabalhar na véspera do feriado ou a decisão será adiada para depois. Isso é greve pra mais de mês.
Vamos planejar 2011, porque 2010 já foi.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Breve história das duas últimas décadas

Em 2002, quando Lula foi eleito, o Brasil parecia estar num beco sem saída: éramos reféns do FMI e estávamos a um passo da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).
Lendo o caderno DINHEIRO, na FOLHA DE SÃO PAULO, ou ECONOMIA, no ESTADO DE SÃO PAULO, concluíamos que o Brasil precisava fazer algumas coisas diferentes do que mandava o FMI. Mas não podia. Era preciso seguir as diretrizes do Fundo Monetário Internacional. Não tínhamos autonomia para mandar no quintal da nossa própria casa e isso não era um absurdo!
Após a moratória decretada por José Deus nos Livre da Reeleição Sarney, era preciso recuperar nossa credibilidade. Mostrar-nos novamente dignos de confiança. A única maneira de fazer isso era obedecer ao FMI e pagar a dívida.
Depois do controle da inflação, esse foi o maior mérito do governo FHC: recuperou a confiança dos investidores internacionais e voltou a atrair dólares para o Brasil. O problema é que, a cada crise internacional (Tigres Asiátcos – 1996, Rússia – 1998 e Argentina – 2001), os dólares fugiam.
Em 1999, a equipe econômica de Fernando Henrique Cardoso decidiu desvalorizar o real, visando incentivar as exportações, melhor maneira de atrair dólares em caráter definitivo. Essa medida mostrou-se inteligentemente acertada, pois, após dois anos, a Argentina teimosa, por insistir no modelo do câmbio fixo (um dólar era igual a um peso argentino), naufragou. Pois é... ouço vozes do passado me dizendo que a Argentina naufragou porque o peso argentino ficou pesado demais.
No final de 2002, o Brasil estava à deriva. O comandante não estava no barco, pois o comandante era o FMI. Insistíamos no comércio com um MERCOSUL falido, onde, por ser o mais forte, sempre saíamos perdendo (por mais paradoxal que isso seja. Afinal, no mundo real, a regra é que o mais forte sempre vença. E o pior é que isso aconteceu, de fato, no mundo real). MERCOSUL esse que evoluiria na direção da ALCA, onde os países da América Latina não passariam de um grande depósito de lixo dos Estados Unidos.
Tornara-se rotina obedecer ao FMI e pagar as parcelas em dia. Não que isso estivesse errado. Quem tem dívida, deve pagar. Mas ninguém pode viver só para pagar dívidas. O modelo neoliberal, que vinha sendo usado até então, não servia mais. Precisávamos de outra coisa. Qualquer outra coisa, fosse o que fosse.
Lula era essa qualquer outra coisa. Era a nossa tábua de salvação. O nosso Messias. Barbudo e tudo. Mais maduro, porém, prometera não cometer loucuras econômicas. Mas quem acreditou? Lá se foram os dólares novamente. Dessa vez, por pouco tempo. Uma linda atitude dos dois governos serviu para acalmar os ânimos: formou-se uma equipe de transição, composta por membros do governo Fernando Henrique e membros do futuro governo Lula. Agora só faltava uma coisa e Lula não demorou a fazer: anunciou que Antonio Palocci seria o Ministro da Fazenda e este garantiu que a política econômica do governo anterior seria mantida.
Além dos investimentos estrangeiros terem voltado com força, as exportações brasileiras iam de vento em popa, pois a economia mundial vivia tempos áureos. Sim, Lula teve sorte por “coincidir” estar no governo durante o período da expansão da economia no mundo inteiro. Mas lembremos que “sorte é o encontro da oportunidade com a capacidade” e que ela sempre procura aqueles que têm objetivos claramente definidos.
O governo Lula fez mais economia do que o necessário para pagar juros (superávit primário) e pagou mais do que os juros da dívida. Pagou o principal!
Talvez a maioria não se lembre como era ruim ser escravo do FMI. É como ser sustentado pelos pais. Ou pelo cônjuge. Ou pelos filhos. Não se tem vida própria, pois quem detém o domínio econômico, detém também o domínio político. “Enquanto você morar na minha casa, submeter-se-á às minhas regras”. Porém, uma vez livres do FMI, podíamos finalmente mandar na nossa própria casa.
Esse foi o maior feito do governo Lula! Apesar de todos os posteriores terem sido relvantes, só foram possíveis graças a este.
20 milhões de brasileiros deixaram a linha da pobreza, 31 milhões entraram para a classe C, a renda média das famílias aumentou e as reservas monetárias do Banco Central cresceram exponencialmente, o que livrou a nossa cara na maior crise do século, visto que tínhamos gordura (dólares) para queimar.
O Bolsa-Família, programa do Projeto Fome Zero, o programa mais polêmico do governo Lula, também ajudou o Brasil a continuar em pé durante a crise. Enquanto o resto do mundo agoniza, nós continuamos caminhando.
Dizem que não se deve dar dinheiro às pessoas, que o Bolsa-Família é esmola e que o certo é dar emprego. Mas as pessoas não entendem que emprego não se dá. Emprego se gera. Ninguém pode obrigar o empresário a contratar determinado trabalhador só porque a família dele está passando fome.
Geração de emprego é RESULTADO de uma economia forte e equilibrada, onde a população consome, a demanda aumenta e o empresário, para atender à demanda, gera empregos.
Sob esse ponto de vista, o Bolsa-Família gera empregos, pois, graças a ele, pessoas que antes não podiam consumir, agora podem.
Tudo isso feito, Lula ainda não estava feliz. O Brasil crescia pouco, como nos tempos de Fernando Henrique Cardoso. Era preciso começar o “espetáculo do crescimento”.
Reeleito em 2006, Lula tirou Antonio Palocci e colocou Guido Mantega no Ministério da Fazenda, com a missão de fazer o Brasil creser muito mais.
O ano de 2007 entrou para a história como o “ano da Bolsa”. Nunca tantas empresas foram tão bem sucedidas em suas aberturas de capital. Nunca o investidor, tanto grande quanto pequeno, ganhou tanto dinheiro. O IBOVESPA (índice composto pela rentabilidade das principais ações da Bolsa brasileira) bateu recordes atrás de recordes. Um ano depois, Michael Phelps faria a mesma coisa nas piscinas de Pequim. A BOVESPA passou a atrair mais e mais pessoas físicas. O Brasil estava pronto para ganhar o investment grade (grau de investimento). Isso significa que o Brasil subiria um degrau na escala de classificação de riscos dos maiores bancos do mundo. Na prática, significava que o Brasil estava cada vez mais confiável e que, se você, investidor estrangeiro, colocar o seu dinheiro aqui, não o perderá. Para nós, brasileiros, significou mais dólares, pois fundos de pensão internacional que, até então, não puderam investir aqui devido a sua política de riscos, agora podiam.
Mas, para ganhar esse investment grade, tivemos que passar por uma prova de fogo. Aquela que separa homens de meninos.
Veio a crise do subprime nos Estados Unidos e até o Lehman Brothers (um dos maiores bancos estadunidenses) quebrou.
Durante seis anos, justificaram-se os números auspiciosos do governo Lula dizendo que o mundo todo estava bem. Não se perdia a chance de dizer que, apesar disso, o Brasil crescia pouco, comparado a seus pares. Mas veio a maior crise do século XXI e, graças à atuação primorosa do governo (essa devemos a ele, temos que reconhecer), fomos um dos primeiros, senão o primeiro país a sair da crise e voltar a crescer. Foi então que os críticos calaram-se.
No meio do maremoto, Lula – visionário para uns, bêbado para outros – disse:
- Esse tsunami que estão falando que está acontecendo por aí, vai chegar aqui no Brasil uma marolinha.
Pode não ter chegado como uma simples “marolinha”, mas um “tsunami” também não foi.
Lula sabe que toda crise no capitalismo é basicamente uma crise de confiança. O que seu governo fez? Foi na contramão. Confiou na população.
Reduziu-se o IPI dos carros e dos produtos de linha branca, visando incentivar o consumo. A estratégia deu certo. Mas não foi só isso. Lula exigiu que os bancos diminuíssem o spread (a diferença entre os juros cobrados de quem toma dinheiro no banco e os pagos a quem investe). Para isso, utilizou os bancos públicos e essa é a vantagem de se possuir um ou dois bancos públicos. Imaginou que, se os públicos diminuíssem o spread, devido à concorrência, os privados também diminuiriam. E foi isso mesmo o que aconteceu. Porém, não sem a intervenção do Presidente da República.
Primeiro, ele pediu educadamente ao presidente do Banco do Brasil, Lima Neto, que diminuísse os juros. Lima Neto disse que faria um estudo e levaria ao presidente Lula. Porém, Lula achou que aquele estudo estava demorando demais e ele não tinha tempo a perder. Substituiu Lima Neto por Aldemir Bendine e mostrou que não estava brincando. Bendine o atendeu prontamente e, por causa da redução dos juros, os bancos tiveram que expandir fortemente o crédito, o que fomentou o consumo e aqueceu a economia doméstica. Hoje, o Brasil ainda é o campeão mundial dos juros. Porém, estamos com a menor taxa da nossa história!
Antes da crise, o governo Lula democratizou o crédito, criando o microcrédito para a população de baixa renda com taxas mais acessíveis para quem ganha até um salário mínimo. Desenvolveu o mesmo tipo de crédito nas mesmas condições para as microempresas e implantou o crédito consignado em folha de pagamento, modalidade com os menores juros do mercado, visto que o risco também é ínfimo.
Para quem brandia a bandeira socialista, Lula promoveu uma revolução capitalista!
Lula e seus crustáceos fizeram muito bem ao Brasil, mas isso não os credencia a indicar Dilma Roussef como sua sucessora. Ela é um crustáceo e nunca será mais do que isso. Lula é molusco e também nunca será mais do que isso. Eles são de espécies diferentes e é isso que quero dizer quando digo que “Lula é Lula e Dilma é Dilma”.
Ser de espécies diferentes significa que Dilma Roussef não sabe o que é passar fome, como Lula. Mas Marina sabe. Significa que Dilma Roussef não é de origem humilde, como Lula. Mas Marina é. Aliás, Marina é de origem até mais humilde do que Lula, visto que ela vem de um lugar esquecido pelo resto do Brasil, enquanto Lula veio do principal estado nordestino. Dilma nasceu na metade de baixo do Brasil. Marina e Lula, na de cima. Se formos retornar à metáfora dos frutos do mar, Marina, sim, é da mesma espécie de Lula e significaria a continuidade dos avanços que o governo Lula nos trouxe.
Dilma representa, no máximo, a continuidade dos altos gastos do governo. Para custeá-los, sabem quem vai voltar? A CPMF. De cara nova, após uma plástica, perdeu uma letra e mudou de nome. Agora ela é a CSS (Contribuição Social para a Saúde). Igualzinha a Dilma, que também fez plástica e mudou de personalidade. A CPMF também voltará mais boazinha, mordendo mais fraco, só de brincadeirinha, com alíquota de 0,1% em vez de 0,38% como quando foi extinta. Mas assim como Dilma, que hoje sorri, mas amanhã ninguém sabe; a CSS também pode crescer e começar a morder para valer. Então seremos nós que choraremos.
Contra a CSS e para o Brasil continuar avançando nas áreas social e econômica, porém, com sustentabilidade, Marina Silva deveria ser a primeira presidenta do Brasil.
Marina Silva porque ela é mulher e somente as mulheres têm sensibilidade para perceber as necessidades e aflições das pessoas sem que precisemos falar nada. As mulheres sabem só de olhar.
Marina Silva porque ela foi analfabeta até os 16 anos de idade, estudou e tornou-se nacionalmente conhecida. Para uma mulher saída do Acre, é uma vitória e tanto!
Marina Silva porque ela é professora e sabe das dificuldades de se dar aula nesse país. Exatamente por isso acredito que ela lutará para aumentar os investimentos em educação. E já que falamos tanto em economia, é muito importante que Educação Financeira seja ensinada nas escolas. Afinal, um país que cresce como o nosso e onde a população fica mais rica, precisa de educação financeira para saber como e onde investir o dinheiro.
Marina Silva porque ela é a candidata mais equilibrada dos três principais. Ela reconhece as virtudes e os defeitos, tanto do governo Lula quanto do governo FHC e isso dá moral a ela para conversar, tanto com PSDB e seus aliados, quanto com PT e seus aliados, podendo formar uma enorme base.
Marina Silva, por fim, porque ela é poetisa e escreveu essa poesia que resume todas as qualidades que enumerei (sensível, equilibrada, sensata):

Pequeno Dado

Eis um pequeno Dado
Jogado por sobre a mesa:
Ali nada era certeza
Tudo era interrogar.

Mas, para minha surpresa,
Na forma de um colosso,
o pequeno Dado jogado,
Era de carne e osso
E sabia até cantar.

Pulava, gingava e sorria,
Cheio de alegria
No milagre do olhar,
No cuidado e na labuta

De René, Nega e Ângela,
Mulheres que nos constrangem
A também lhe enxergar.
A também a dar-lhe a voz.
Voz que em cada um de nós,
Visitantes, jornalistas,
Fotógrafos a perder de vista,
Se embargava no chorar.

Vendo aquele Dado exposto
Num lugar de dar desgosto
Que nem dá para explicar

Como é que aquele Dado
Lá no Coque tão jogado
Podia ser tão garboso,
Podia ser tão charmoso.

Hip-hop, capoeira, cantor,
Constitucionalista,
Denunciador de injustiça,
Com quatro anos de idade?

Dado, meu pequeno Dado
Que Dilma, Serra, Plínio ou Marina
Ajude a mudar a sina
De tantos Dados jogados.

domingo, 12 de setembro de 2010

Coerência para renovar

Um homem precisa ser coerente, não só com as palavras do seu texto, mas também com suas atitudes diante da vida. E uma mulher também. Minha luta por renovação na política não é de agora. Em 2008, meu voto foi para um professor de Direito Constitucional da Central de Concursos que não foi eleito vereador da capital. Dois anos se passaram e, para continuar rumo à renovação, vou votar no Ângelo Argondizzi para deputado estadual. E dessa vez, muito mais consciente, pois eu conheço esse cara há 3 anos.
Historiador, cientista contábil, ponte-pretano e campineiro, o candidato sempre esteve envolvido na política, colocando o dedo na ferida do sindicato dos bancários, da diretoria da PREVI e da CASSI, apontando os erros e conseguindo grandes vitórias mobilizando os colegas de classe.
Entre suas qualidades está a arte da oratória. Sabe se expressar com segurança, gesticulando no ritmo da fala e aumentando ou diminuindo o tom de voz conforme o discurso. Ao contrário de alguns gerentes, nunca vi Ângelo Argondizzi escorado em mesa, cadeira, parede ou o que quer que possa escorar uma pessoa enquanto fala.
Segundo Marcelo Paioli, que viu Argondizzi atuar em diversos movimentos grevistas, “ele não tem medo de enfiar o dedo na cara do gerente e dizer que o cara não pode obrigar ninguém a furar greve”. Ângelo Argondizzi é o meu candidato a deputado estadual.
Para a Câmara dos Deputados, estou sem opção e por isso estou pensando seriamente em negociar o meu voto com alguma mulher-fruta. Quero fazer negócio com a mulher-pêra ou com a mulher-melão. Que tipo de negócio? Qualquer um, desde que elas se abram às minhas propostas...
Para o Senado Federal, é muito provável que eu vote na Ana Luiza e no Marcelo Henrique, do PSTU e do PSOL, respectivamente.
Isso porque aprendi com Aloizio Mercadante que esse pessoal pode ser muito bom na oposição. Nos dois mandatos de Lula, reclamou-se muito que a oposição era frouxa e, sem dúvida, se tem algo que esse pessoal de extrema esquerda sabe fazer como ninguém, é reclamar.
Aloizio Mercadante mostrou-se assim também: um excelente reclamão, pois era muito bom quando estava na oposição. Já na situação... a situação é outra.
Lula nos mostrou quão verdadeiro é o pensamento que diz que, na política, "o poder a gente toma com a esquerda e mantém com a direita".
Aloizio Mercadante é canhoto. Creio que os meus escolhidos para o Senado também sejam e por isso mesmo saberão fazer oposição aos prováveis desmandos da tia Dilma, como por exemplo o retorno da famigerada CPMF.
Sei que os candidatos escolhidos não serão eleitos, mas odeio o argumento de votar em fulano de tal porque "ele não vai ganhar mesmo". Se todo mundo pensar assim, ele ganha.
Finalmente, o meu voto para governador do estado de São Paulo iria para o Paulo Skaf, porque, a princípio, pelo que eu me lembrava, ele fizera uma boa gestão na FIESP.
Porém, já que eu estava inclinado a votar no ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e conhecia - aliás, conheço - o assessor de imprensa que trabalhou com o candidato na época em que ele era presidente da Federação, perguntei ao ex-assessor de imprensa Marco Antonio da Silva:
- Marco Antonio da Silva, o que você acha do Paulo Skaf? Ele seria um bom governador para São Paulo?
- Acho que a máquina de propaganda do Skaf é muito boa. Mas o que vivi na Fiesp no período dele me faz convicto de que não devo votar nele. O Skaf passou pela Fiesp simplesmente pra tocar um projeto político. E no maior descaramento o vi inaugurar como obra dele unidades e programas do SENAI elaborados pelo presidente anterior: o Horácio Lafer Piva, o qual teria meu voto se concorresse, porque não separava elevador só pra ele, não humilhava as pessoas no particular e bajulava em público. Mas é esse cinismo que o credencia para a política.
Com o Horácio, que é o dono da Klabin, aprendi na prática o que é uma empresa valorizar a qualidade de vida do funcionário. Com o Skaf, que se elegeu na politicagem sem que na época fosse dono de uma empresa, aprendi como interesses pessoais podem descontruir todo um projeto em benefício de todos. E conheci a ideologia dele, afinada com a escravidão do capitalismo chinês, na qual devemos nos suicidar no trabalho. Ele teve o desaforo de obrigar todo mundo a tirar férias só no mês de dezembro. Ele é um desaforado!
É claro que eu prefiro acreditar em um amigo a acreditar num político. Prefiro acreditar até num inimigo a acreditar num político. A não ser que o meu amigo ou inimigo seja o tal político.
De qualquer modo, não voto em “desaforados”!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Renovação no Congresso Nacional

A cada 4 anos o Congresso Nacional deveria ser renovado. A lógica é muito simples: se hoje, apenas 10% dos congressistas são honrados, honestos e lutam por um país mais justo e estes forem mantidos; daqui a 4 anos, na época da renovação, serão 20% de bons e assim sucessivamente. Não sou inocente e não me iludo pensando que chegará o dia em que 100% das pessoas serão boas. O crime sempre existiu e continuará existindo até 2012 (enquanto o mundo for mundo), mas se chegarmos a 70% ou 80% de parlamentares e conseqüentemente de população honesta, honrada e ética, eu já fico feliz.
Em primeiro lugar, é preciso parar de generalizar e achar que todo político é ladrão. “Se entrou nesse meio, é porque não presta” é o que mais se ouve nas ruas. Se pensarmos assim, pessoas honestas e éticas como aquele seu professor do cursinho, aquele seu colega de trabalho ou aquele seu vizinho que é candidato a deputado estadual não poderão ser eleitos, já que de vez em quando vocês tomam uma cervejinha e batem uma bolinha juntos. E, amigo leitor, eu sei que você é ético e honesto. Você jamais se misturaria a essa laia.
Mas também eleger pessoas que já estão na política há décadas sem ajudar o país a avançar é que não podemos mais. Chega de Collor, Barbalho, Berzoini, Calheiros, Sarney (todos eles), para não mencionar o trio paulista de quem já falei na semana passada. Nenhuma lei da Ficha Limpa tem o poder do nosso voto! A única forma de extinguirmos de vez essa gente da vida política é não os elegermos nunca mais.
Nesse caso, para ser coerente com a idéia de renovação, até vale tentar um Marcelinho Carioca, um Kiko do KLB, um Romário, assim como tentaram Frank Aguiar 4 anos atrás. Se não der certo, daqui a 4 anos, renova; caem fora como cairá Frank Aguiar, se o Povo quiser. Mas vai que dá certo! Vai que o Marcelinho faz outro gol de placa na Câmara como ele fez na Vila Belmiro... vai que o Kiko do KLB canta melhor que o Eduardo Suplicy...
Quando se fala em renovação, também se fala em rejuvenescer as idéias. Por exemplo, Eduardo Suplicy já foi um grande senador. Não é mais. Está na hora de sair. Sei que ainda não é a vez dele. Só daqui a 4 anos, pois o mandato de senador dura 8 anos. Outro que já foi bom e perdeu toda sua credibilidade é o candidato ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante. Caiu no mesmo abismo do descrédito que José Serra, pois escreveu no Twitter que se desfiliaria do PT e que sua decisão era irrevogável. Porém, caiu na “conversa mole” de Lula e revogou sua decisão. Se um não fosse barbudo e o outro bigodudo, seria para desconfiar, hein!
Esse episódio lembra um do LOST, na sexta temporada, quando um templário está ensinando o herói a matar o monstro e diz: “Quando você o vir, crave a estaca em seu coração. Não deixe que ele diga uma palavra a você, pois ele é muito ardiloso e o convencerá a fazer exatamente o que ele quer”. Tirando a parte da estaca no coração, se me dissessem que a esposa do Mercadante disse as mesmas palavras a ele antes do encontro com Lula, eu acreditaria.
Outro bom exemplo é o da vereadora de Maceió, Heloísa Helena. Foi uma excelente senadora no primeiro mandato do Lula, descompatibilizou-se do cargo para concorrer às eleições presidenciais de 2006, perdeu e não pôde voltar ao Senado. Está na hora de voltar e as pesquisas apontam que ela é mesmo a preferida dos alagoanos. Infelizmente em segundo lugar vem Renan Calheiros. Alô, Alagoas! Acorda, Alagoas! Assim, vocês marcam um a favor e outro contra. Claro que é melhor do que dois contra, como acho que vai acontecer na maioria do país. Mas reeleger Renan Calheiros é premiar a imoralidade, a falta de decoro e a safadeza, para falar o português claro.
Felizmente há esperança. Heloísa Helena deve voltar ao Senado e Cristovam Buarque deve continuar. Roberto Requião e Aécio Neves deverão ser eleitos. A perspectiva para o próximo Senado é muito boa. Infelizmente ainda são poucos e ainda é possível contar nos dedos os bons. Mas é assim mesmo... o processo é lento. Como faziam os Pokémon, o importante é evoluir.