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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Deus da Graça no Antigo e no Novo Testamento

Em toda a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, só existe UM plano de salvação para a humanidade: a chamada "salvação pela graça", através da fé no sacrifício salvífico feito por Cristo na cruz do Calvário.
Alguns têm advogado duas dispensações:

1) dispensação da lei - Antigo Testamento;
2) dispensação da graça - Novo Testamento.

Faria realmente a Bíblia tal distinção? Com certeza, não! O plano da salvação é único, completo, perfeito. Sendo Deus onisciente, não precisa corrigir aquilo que faz.
Quando o homem pecou, sua primeira providência foi se esconder da face do Senhor. Ao perguntar Deus: "Adão, onde estás?", Deus desejava que ele reconhecesse e confessasse seu pecado. A partir desse momento, o homem começou a apontar para várias direções, a fim de justificar seu erro. Pôs a culpa na mulher, que por sua vez, pôs a culpa na serpente. A implicação de tudo isso é que, finalmente, a culpa é atribuída ao próprio Deus, como Criador.
Por causa do pecado e suas conseqüências - "o salário do pecado é a morte" (Romanos 6:23) - Deus fez aos representantes da raça humana, Adão e Eva, a promessa de restauração, a qual incluía a morte de Seu Filho único (Gênesis 3:15). É interessante notar que logo após haver feito a promessa, o Senhor preparou vestimentas para Adão e Eva. Elas foram feitas de peles. Ali no Éden ficou claro para Adão e Eva que "sem derramamento de sangue não há remissão de pecado" (Hebreus 9:22), e que, se queremos ser salvos, precisamos crer no sacrifício para o qual a morte daquele animal apontava: o sacrifício de Cristo (Patriarcas e Profetas, página 140).
Logo, não podemos pensar em salvação pelas obras. Muito menos em salvação pela lei. Só existe um meio de sermos salvos: é "pela graça, por meio da fé". Todo Antigo Testamento é uma ilustração do plano da salvação. O sangue daqueles inocentes animais não tinha nenhum mérito intrínseco. O pecador era justificado não por causa do sacrifício que oferecia, mas pela fé no verdadeiro sacrifício: "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29).
A maior prova disso é ilustrada na experiência de Caim e Abel. "Trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. O Senhor Se agradou de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta, não Se agradou" (Gênesis 4:3-5). Por que Deus Se agradou da oferta de Abel e não da de Caim?
Através da sua oferta, Caim reconheceu PARCIALMENTE os direitos de Deus sobre ele. Um espírito secreto de ressentimento e rebelião o moveu a responder as ordens de Deus segundo sua própria escolha. Já falamos sobre isso no texto CAIM E ABEL PROVADOS. Obedeceu em aparência, porém sua forma de proceder revelava um espírito desafiante. Caim se propôs justificar-se a si mesmo por suas próprias obras, ganhar a salvação por seus méritos pessoais. Por outro lado, a oferta de Abel foi uma demonstração de fé no plano redentor e no sacrifício expiatório de Cristo.
Outra prova inequívoca do método de salvação pela graça no Antigo Testamento pode ser vista no reconhecimento de Davi acerca de seu pecado no caso Urias e Bate-Seba (homicídio do primeiro e adultério com a segunda). Depois de ser descoberto por Natã, Davi reconheceu publicamente seu pecado e implorou o perdão do Senhor. Ele pediu: "Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade; e, segundo a multidão das Tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões. [...] Pois não Te comprazes em sacrifícios; do contrário, eu tos daria; e não Te agradas de holocaustos. Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus" (Salmos 51:1, 16-17).
Poderíamos acrescentar experiência após experiência, e todas elas apontariam para o único modelo de salvação instituído pelo Criador: salvação única e exclusivamente pela graça, por meio da fé em nosso Senhor Jesus Cristo.
Qual é, então, o papel da lei, uma vez que a salvação não decorre de sua obediência? A lei, diz Paulo, "nos serviu de aio para conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé" (Gálatas 3:24). O aio, "tutor", nas famílias gregas, era uma espécie de supervisor e acompanhante dos meninos enquanto estes eram menores de idade. O trabalho do tutor era acompanhar os meninos à escola, protegê-los de perigos, impedir que se comportassem mal, bem como discipliná-los, caso fosse necessário. Paulo usa essa figura para mostrar a função da lei. A lei aponta para nossa condição pecaminosa e nos conduz a Cristo, por meio de quem somos salvos. Logo, como diz o mesmo apóstolo, "a lei é boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo" (1 Timóteo 1:8). Querer atribuir à lei uma função que ela não tem é legalismo. Foi isso que Jesus condenou quando esteve pessoalmente aqui na Terra.
Alguns anos atrás, numa igreja da Inglaterra, o pastor notou um ex-assaltante se ajoelhando para receber a Ceia do Senhor ao lado de um juiz da Suprema Corte da Inglaterra. O juiz era o mesmo que, anos antes, havia condenado o assaltante a sete anos de prisão. Após o culto, enquanto o juiz e o pastor caminhavam juntos, o juiz perguntou:

- Você viu quem estava ajoelhado ao meu lado durante a Ceia?
- Sim - respondeu o pastor - Mas eu não sabia que você havia notado.

Os dois caminharam em silêncio por alguns momentos. Daí o juiz disse:

- Que milagre da graça!

O pastor concordou: - Sim, que milagre maravilhoso da graça!
Daí o juiz perguntou: - Mas você se refere a quem?
O pastor respondeu: - É claro que é à conversão do assaltante!
O juiz falou: - Mas eu não estava pensando nele. Estava pensando em mim mesmo.

- Como assim? - indagou o pastor.

O juiz respondeu:

- O assaltante sabia o quanto ele precisava de Cristo para salvá-lo de seus pecados. Mas, olhe para mim. Eu fui ensinado desde a infância a ser um cavalheiro, a cumprir minha palavra, fazer minhas orações, ir à igreja. Eu passei por Oxford, recebi meu diploma, fui advogado e eventualmente me tornei juiz. Pastor, nada, a não ser a graça de Deus, podia ter me levado a admitir que eu era um pecador igual àquele assaltante. Levou muito mais graça para me perdoar por meu orgulho, minha confiança em mim mesmo, para me levar a reconhecer que não sou melhor aos olhos de Deus do que aquele assaltante que eu mandei à prisão.
E que maravilhosa é a graça! Boas pessoas só não entrarão no Céu porque seu orgulho as impede de chegar ao Salvador.

Steven J.Cole - Not Healthy but the Sick World - March 1, 1997 - extraído e adaptado do livro Nisto Cremos

Um comentário:

  1. É... dá o que pensar...
    Eu não concordo, mas... estou pensando nas coisas que você escreveu.

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