Seguidores

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O juízo final - parte 2

Eu não tenho mesmo nenhuma classe. Olha um e olha outro e diga quem é o intelectual.

Deixemos os ditadores e suas arrogâncias e passemos à "rodinha" dos intelectuais.

- Bom dia, senhor Machado, que prazer em conhecê-lo. Esperei uma vida por esse momento... - entusiasma-se João Guimarães Rosa.

- Meu amigo, o prazer é todo meu. Fique sabendo que eu li todos os seus livros. São muito bons. - diz o educado e simpático Machado de Assis.

- Olha quem está chegando aqui. Mané... o grande Manuel Bandeira.

- Andorinha lá fora está dizendo:
"Passei o dia à toa, à toa".
Andorinha, andorinha, a minha cantiga é mais triste:
Passei a vida à toa, à toa.

- Mas o que é isso, Mané? Acabou, acabou, agora você vai para o Paraíso. É a Pasárgada que você sempre sonhou. - consola Guimarães Rosa.

- Bom... primeiro temos que ver se eu vou mesmo para o Paraíso. Depois, isso não tira o vazio que foi a minha vida. Vida, noves fora, zero. Tudo por causa desse maldito pulmão! Eu quero ser julgado logo. Não vejo a hora de encontrar Deus e perguntar por que ele fez isso comigo!

- Todos têm muitas contas a acertar com Deus, mas no momento, está todo mundo calmo, conversando, se divertindo porque na hora que o julgamento começar o clima vai fechar, os ânimos esquentar-se-ão, por isso é melhor ficar calmo agora, já que depois... - Mário de Andrade acalma Manuel Bandeira.

José de Alencar, curioso, pergunta:

- Mário, por que filhos de ricos cafeicultores paulistas decidiram romper com a arte tradicional e fazer a Semana de Arte Moderna?

- Exatamente por isso, Alencar. Nós não precisávamos de dinheiro e nós podíamos fazer a arte que nós quiséssemos. Nós achávamos que o Brasil não tinha uma arte brasileira, era tudo copiado da Europa. Veja o caso da literatura por exemplo, eles não falavam sobre absolutamente nada, a preocupação deles era simplesmente fazer poesias belas. Não havia crítica, não havia nada. Eles simplesmente descreviam tudo, era uma arte descritiva, descreviam Vaso Grego, Vaso Chinês, só faltou o vaso sanitário. HAHAHA.

Todos deram muita risada, menos Alberto de Oliveira, autor das poesias com esses nomes, Olavo Bilac e Raimundo Correia, grandes amigos de Alberto.

Olavo Bilac partiu para defesa de seu amigo:

- Escuta aqui, senhor Mário de Andrade - com o dedo em riste - Nós jamais fomos vaiados por centenas de pessoas em uma apresentação. Quando vocês começaram com esse movimento esdrúxulo que até hoje eu não entendo, nós não paramos de produzir nossas obras. E eu pergunto à Vossa Senhoria: quem vendia mais? Nós ou os senhores? Eu nem pergunto isso pelo dinheiro, pois o senhor já disse que não precisava, mas sim pelo gosto do público. Nós vendíamos mais porque o público gostava mais das nossas poesias. Logo, nossas poesias eram melhores. Até hoje, se o senhor pegar uma poesia sua e uma minha e sair perguntando para essa multidão que aí está qual é a melhor, eu não tenho dúvida que a minha ganhará de lambujem. E, além disso, eu aposto que a maioria pegará a sua poesia e dirá: "Isso é poesia? Quem falou?" HAHAHAHA.

Todos riram, menos os modernistas. Osvald de Andrade foi quem tomou as dores do amigo:

- Isso porque as pessoas aprendem desde pequenas que poesia tem que ter rima, por isso elas gostam mais da poesia de vocês. Mas, qualquer pessoa mais culta sabe que vocês perderam toda espontaneidade já que vocês ficam muito presos à rima. Como nós não ficamos presos à rima, nós somos mais espontâneos e temos liberdade para fazer qualquer crítica que nós queiramos. E esse é outro motivo pelo qual as pessoas não gostavam da nossa poesia. Primeiro, elas não entendem. Segundo, nós as criticamos. E os senhores, como pessoas inteligentes que são, sabem que as pessoas não gostam de ser criticadas.

- Na verdade, o que aconteceu com vocês, já acontecera conosco antes. Não é verdade, senhor Castro Alves?

- É verdade, sim, senhor Raul Pompéia. Enquanto nós, românticos, agradávamos a todos, com nossas poesias belas e suaves; vocês, realistas, eram duramente criticados, inclusive por nós, porque vocês expunham a realidade da moral humana com enorme perfeição. Mas eu tenho humildade em reconhecer que vocês foram muito melhores.

Fato é que em um grupo de pessoas tão inteligentes como os já citados e ainda: Cecília Meirelles, Carlos Drummond de Andrade, Eça de Queirós, Luís Vaz de Camões e tantos outros, o assunto não acabava nunca. Tinham assunto e polêmica para a eternidade toda, por isso é melhor parar por aqui e passarmos à "rodinha" dos jogadores de futebol.

ENTRETANTO, PARA QUE O TEXTO NÃO FIQUE MUITO LONGO E CANSE OS MEUS QUERIDOS LEITORES, VAMOS PUBLICAR A CENA DA CONVERSA ENTRE OS JOGADORES DE FUTEBOL E A CHEGADA DO JUIZ NO PENÚLTIMO CAPÍTULO DA SÉRIE.

2 comentários:

  1. Que ridículo! Briguinhas para saber quem é o melhor! Contas para acertar com Deus... que história é essa?! É Ele que tem contas para acertar conosco! Porque insistimos em pecar e continuar pecando. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.
    João 3:19

    ResponderExcluir
  2. Não dá nem para comentar o texto com essa foto. Olha a cara de louco do sujeito. É o 'Jovem-Piradão'. Nesse dia você cheirou até queijo ralado, hein, 'Jovem-Drogadão'?

    ResponderExcluir