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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Agradeça em todas as situações

SEBRAE-CE

Ocorre em Fortaleza, de 3 a 12 de fevereiro, no Centro de Convenções do SEBRAE, a Feira Internacional de Artesanato. Encontrei um peruano dia desses e perguntei se ele já aproveitou para conhecer a praia, apesar de ter vindo a trabalho. Respondeu-me que não gosta de praia. Ao ver minha cara de espanto, explicou que cresceu na praia. Hoje nem come peixe, pois comeu muito peixe na infância.
Minha cunhada mais nova sonha em morar em São Paulo e eu digo a ela “cuidado com os seus desejos, pois eles podem se realizar”. Minha amiga soteropolitana não frequenta mais o melhor Carnaval do mundo, pois diz que ele virou “Carnaval de gringo”. Ou seja, posso deduzir que, baiano mesmo, tem pouco no carnaval da Bahia.
Isso me levou a pensar em como valorizamos pouco o que temos e valorizamos muito o que não temos. Se, por um lado, a busca daquilo que não temos, faz-nos crescer e progredir na vida, levando a própria humanidade ao desenvolvimento; por outro lado, torna-nos eternos insatisfeitos, adiando a nossa felicidade para quando tivermos aquilo que ainda não temos.
Quantos de nós, hoje, agradecemos por termos olhos e podermos ver o dia nascer? Quantos de nós agradecemos por saber ler e escrever? Quantos agradecem por ter ouvidos que funcionam para ouvir sua canção preferida e também a preferida do vizinho que, por acaso, você detesta? Quantos agradecem?
Quantos hoje agradeceram por ter mãos que podem pegar uma caneta, um copo com água para matar a sede, um garfo com comida para matar a fome ou simplesmente acariciar a pele de alguém? E as pernas, que te levam pelos caminhos que você quiser ir, já agradeceu? E dos que agradeceram hoje, quantos agradeceram ontem? Quantos agradecerão amanhã?
Talvez por isso sejamos tão miseráveis! Estamos sempre olhando para o amanhã, reclamando do que não temos e esquecemos de viver hoje e agradecer pelo que temos. Talvez por isso o mar está tão agitado nas últimas semanas, a ponto de estar invadindo a Avenida Beira-Mar. Ele bate nas rochas, furioso, e espirra para fora da praia.
Porque somos egoístas. Porque o sujamos e o maltratamos. Porque cremos que sabemos tudo, a ponto de poder seguir nosso próprio caminho sem orientação de ninguém. Afinal, a vida é mesmo de cada um e cada um faz dela o que bem quiser. É por pensar assim que tem muita gente tirando a própria vida, cansado de esperar essa tal felicidade que não chega nunca. É incrível os argumentos que as pessoas usam para justificar um ato criminoso!
 “A vida de outrem eu não posso tirar, mas com a minha, eu faço o que eu quiser”, foi o que eu ouvi esta semana. Mas está escrito: NÃO MATARÁS e, mesmo no Código Penal Brasileiro, não existe crime MATAR. Existe homicídio e suicídio, o que prova que MATAR a si ou a outrem é a mesma coisa, do ponto de vista ético.


Ninguém quer morrer, de verdade. A vida é tão boa! O que as pessoas querem matar é a própria dor e não vêem outra forma que não seja matando junto a vida que alimenta a dor. O que as pessoas nessa situação dramática não compreendem – muitas vezes, por falta de vontade mesmo – é que se pode matar a dor com remédios e que a vida não alimenta a dor. De jeito nenhum! O que alimenta a dor são as escolhas erradas que fazemos, muitas vezes, porque, com esse relativismo moral instalado na sociedade atual, falta-nos um padrão para que saibamos distinguir o que é certo do que é errado.
Quando escuto esse tipo de lamento, vejo o quanto tem gente perdida no mundo, à deriva, sem objetivos, à espera de salvação. E olhem que ouvi isso de, pelo menos duas pessoas diferentes nos últimos dois meses. É alarmante! Uma (a desta semana) está tão decidida que disse que está fazendo um diário e pedirá para o filho dela me avisar quando realizar. Com a outra, não falo desde o Natal, o que me faz temer que já tenha acontecido o pior. Falta alguma coisa neste mundo... alguma coisa, não. Alguém.

2 comentários:

  1. Texto bem articulado, mas no meu ponto de vista há algumas contradições. Veja que você se espantou por seu amigo Peruano não gostar de praia, justamente porque ele cresceu em uma. Mas ao desejar morar em São Paulo você criticou sua cunhada justamente porque foi onde você cresceu.Outro ponto foi mencionar as gratidões. Na minha opinião creio que a melhor forma de agradecer é fazendo bom uso da ferramenta. Creio que não preciso agradecer por ter dedos toda vez que esteja digitando, mas é minha obrigação entender que a minha máquina há uma limitação, senão o ônus de ter utilizado de forma errônea caíra na minha própria conta. Ainda enfatizando meu ponto de vista seria a mesma coisa que eu receber um presente de uma pessoa e toda a vez que eu o utilizar ou lembrar dele ter que agradecer a pessoa que me presenteou, na minha opinião a melhor forma de agradecer alguém ao receber um presente ou uma benção (como preferirem se expressar)é cuidando bem dele, se eu preservar meus dedos, poderei digitar pelo resto da minha e se eu cuidar bem do presente que eu ganhei deixarei muito contente o meu presenteador.

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  2. Querido Renato,

    Perdoe-me se a construção do texto levou-te a entender que havia incoerência entre "o amigo peruano que não gosta de praia" por ter nascido e se criado em uma, eu não recomendar que minha cunhada more em São Paulo por eu já ter morado nessa cidade e a falta de gratidão das pessoas, a qual também sou.
    Deixe-me explicar por que não há incoerência: creio que eu sou ingrato a São Paulo, assim como o peruano é ingrato às praias. Nem diria especificamente "São Paulo e praias", mas ao passado.
    Quanto a agradecer ou não pelos dedos, creio que cada um tenha uma opinião e faça conforme preferir. Eu sou da opinião que a gratidão faz muito mais bem a quem agradece do que a quem é agradecido.

    Abaixo o comentário da minha amada, pois a mesma não tem conta do Google para comentar neste espaço:
    "
    Bom dia, meu amor,

    sinto orgulho de você! Maravilhoso texto!
    A reflexão é essencial em nossas vidas, pois nos leva a gratidão!
    Quanto ao comentário do Renato, concordo que uma das formas de sermos gratos é cuidando do que temos, mas também me lembrei do que li, ontem, no livro do Augusto Cury, lembra? Devemos ser mais contemplativos e isso significa admirar o simples, o singelo. Assim, agradecer pelos dedos, olhos, mãos, pés etc. faz com que eu possa admirar mais e mais meu Criador e ser grato a Ele sempre que pensar nisso. Sei que quando conversar com vc saberei me explicar melhor.

    Bjosss

    Te amo!"

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