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sábado, 12 de novembro de 2011

Infeliz pousada nova

Aproveitei a greve dos bancos para ir a São Paulo rever minha mãe, meu irmão, minha noiva e anunciar oficialmente o meu casamento. Graças a Deus, minha mãe aceitou hiper bem e ajudou-nos muito em tudo. A colaboração dela foi e continua sendo fundamental, pois estou longe e minha noiva não pode resolver tudo sozinha. Além disso, minha mãe já tem experiência nessas coisas.
Convidamos alguns padrinhos, escolhemos o modelo do nosso convite, definimos a igreja em que casaremos e recebemos vários “nãos” de vários pastores que estarão em férias na data do nosso casamento. Provei a roupa que usarei, mas antes disso, testei minha paciência esperando a tarde toda minha noiva mostrar seu vestido para a minha mãe. Ah, sim! Também já compramos as alianças! Fomos ao cartório pegar a relação de documentos necessários e passei uma procuração para a minha mãe. Ela será oficialmente a minha procuradora para assuntos relacionados ao casamento. Mulher curte muito mais essas coisas. Homem geralmente apenas concorda. E, sim: casar é uma vez só! Mesmo minha mãe dando um monte de coisa pra gente, o orçamento inicial já triplicou. Eu não sei se nós somos muito ruins de estimativas ou, se por trabalharmos no setor público, estamos viciados em triplicar os orçamentos. Casar é caro. Muito caro! 
De volta a Fortaleza, decidi trocar de pousada. Passei para uma que é R$ 200,00 mais barata e é mais perto do banco. Imaginei que esses R$ 200,00 poderiam ser investidos no aluguel do nosso apartamento. Mas é o típico exemplo do barato que sai caro.
A princípio, essa pousada me pareceu igualzinha a outra. Deduzi que fosse mais barata, porque era mais longe da praia e não tinha TV a cabo. Como não vou à praia todos os dias, mas vou, sim, ao banco todos os dias, para mim, é mais vantajoso morar perto do banco do que da praia. Como prefiro ficar na frente do computador do que na da televisão, não me importei que não tivesse canais fechados. Para falar a verdade, aproveitei bem pouco essa mordomia na outra pousada.
Eu devia ter olhado os quartos antes de me mudar. Eu devia ter perguntado mais. Isso aqui é um pardieiro. Com todo respeito à dona do local, que é muito legal e faz de tudo para agradar aos hóspedes, mas limpeza de quarto dia sim, dia não é o fim da picada! O quarto não tinha guarda-roupas nem tem armarinho no banheiro, onde também falta porta para fechar o box do chuveiro.
Digo que não tinha guarda-roupas e que a dona da pousada faz de tudo para agradar aos hóspedes, pois eu estava tão chateado pela falta de armário para pendurar minhas camisas sociais que queria ir embora. A dona Delzuyt (dona da pousada) providenciou um guarda-roupas para mim. Verdade que as portas fecham mal, mas tudo bem. Pelo menos, minhas camisas e calças estão penduradas.
As camas não tem cabeceira, lembrando muito a daqueles hoteizinhos de quinta categoria onde se levam meninas na “hora do aperto”. Em vez de armarinho no banheiro, onde minha escova de dente, meu pincel de barba e outras coisas ficariam guardadas; há uma pedra de granito, onde você simplesmente coloca suas coisas em cima, deixando-as à mercê de insetos e bactérias. Aliás, inseto é o que não falta na pousada: já cruzei com quatro baratas, sendo que a última conseguiu entrar no meu quarto. Quem disse que eu dormia sem que minha visitante tivesse me dado “tchau”, ou seja, eu não sabia se ela tinha partido ou se ainda repousava no meu quarto. Há também muitos aracnídeos no meu quarto, principalmente no banheiro. Todo dia tomo banho com mais três ou quatro aranhas – e eu nem sei se digo que é no bom ou no mau sentido. Dia desses, eu estava tomando banho e, quando terminei, olhei para trás, havia três aranhas trabalhando na construção de suas teias. Pelo menos, a minha escova de dente e o meu pincel de barbear estão muito bem guardados no meu estojo. Aqui, também não há frigobar no quarto. Na Atlântico Centro tinha.
O café-da-manhã é tão ruim quanto o da pousada anterior: dois tipos de suco – geralmente um deles, eu não gosto; quando não, os dois – frutas – que eu também não tenho o costume de comer a essa hora nem em nenhuma outra – pão francês – na outra pousada, ao menos, tinha pão de leite, além do pão francês – bolacha de água e sal, bolo comprado em padaria, cuscus e torradas. Assim como na pousada anterior (Atlântico Centro), se a gente pedir ovo, eles fazem. O problema é que no quintal, há 3 gatos que circulam pela cozinha à noite.
Mais uma desvantagem: tirando a dona Delzuyt e os filhos dela, os funcionários daqui são tudo bichas. É incrível! Parece que o Universo armou uma grande arapuca para mim, pois, quando eu descobri essa pousada e fiz as perguntinhas básicas, era noite e parece que o moleque que fica na recepção à noite não é bicha – pelo menos, não dá bandeira. Ele pediu para eu vir no dia seguinte falar com Delzuyt a respeito do preço. A bichinha que estava com ela mal falou comigo e por isso não percebi nada também naquele dia. Mas o jeito de falar dessas pessoas não engana.
A dona Delzuyt é evangélica, com certeza, pois no meu primeiro dia aqui, após ter me ajeitado no quarto, com o guarda-roupas, afirmei que agora estava melhor para passar os 30 dias aqui e ela exclamou: “em nome de Jesus”. Tudo que evangélicos pedem é, em nome de Jesus, pois Ele disse “E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei a fim de que o Pai seja glorificado” (João 14:13). No segundo dia, ao nos saudar com o famoso “bom dia”, perguntei a ela se estava tudo bem, ela disse que sim e eu exclamei “graças a Deus!” Ao que ela me respondeu: “sem Ele, nós não somos nada”.
Imagino que ela tenha contratado tanta bicha louca a fim de convertê-los, a fim de mostrar o erro em que eles estão incorrendo. Não sei se existe ex-bicha, mas até ex-corinthiano sei que existe e, depois da minha conversão – a conversão mais improvável da história – não duvido de mais nada. Além do mais, é, no mínimo, uma bela prova de tolerância dessa senhora. Eu mesmo não posso ser chamado de homofóbico nem de preconceituoso, pois, por mais que eu não goste do comportamento homossexual e condene a prática dos “padeiros esquecidos”, possuo um profundo respeito por todas as pessoas e, prova disso, é que num desses dias em que lá estive, saí para o trabalho carregado de livros, quando todos eles caíram ao chão. O “rapaz alegre” pegou os livros para mim e ainda fui chamado de Rafinha.
Mas se vocês pensam que acabou, peço que se acalmem. O pior ainda está por vir. Para mim, o item de consumo mais básico de todos é a internet. Aqui em Fortaleza, descobri que até posso viver sem eletricidade, pois o notebook funciona com bateria e o banho pode ser gelado sem problema nenhum. Não assisto televisão e o ser humano foi programado para dormir quando a noite chega. Ou seja, é perfeitamente possível viver sem eletricidade. MAS VIVER SEM INTERNET NÃO!!!!!!!!!!!!
COMO VOU CHECAR OS MEUS E-MAILS? EU TENHO 4 CONTAS DE E-MAILS PARA CHECAR! COMO VOU RESPONDER OU ESCREVER PARA OS MEUS AMIGOS? EU NÃO LIGO PARA AS PESSOAS, EU NÃO VOU À CASA DELAS, MAS E-MAIL EU ENVIO.
COMO VOU ACOMPANHAR AS COTAÇÕES DAS AÇÕES NO IBOVESPA? A GRÉCIA ESTÁ PERTO DE DECRETAR MORATÓRIA E O IBOVESPA VAI DERRETER NESSE DIA. SE EU NÃO SOUBER QUE ISSO ACONTECEU, COMO PODEREI COMPRAR AÇÕES COM A COTAÇÃO MAIS BAIXA DO ANO???
Vou contar a vocês o que aconteceu: no primeiro dia, eu já percebi que o sinal de internet daqui era muito, muito, muito ruim. Só pega mais ou menos bem em um lugar da pousada. Graças a Deus por isso. Consegui publicar o texto VELHA DISCUSSÃO e, pelo menos, respondi à maioria dos e-mails do IG. Porém, no segundo dia, em pleno feriado do dia das crianças, o presente que eu ganhei foi a internet bloqueada por falta de pagamento. Sim, isso mesmo que vocês leram: FALTA DE PAGAMENTO. Vergonhoso!
Mas Deus é tão perfeito e maravilhoso que Ele me colocou aqui, pois Ele me conhece muito bem. Se eu estivesse num lugar bom como eu estava antes, eu não me animaria a procurar um apartamento para morar com a minha noiva, futura esposa e eterna namorada. Ele me conhece e sabe que conforto é muito importante para mim. Colocando-me nessa horrível pousada, tirou-me da zona de conforto, fazendo com que eu deseje sair daqui e procure uma moradia onde os presentes da lista possam ser entregues. Afinal, os convidados são de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, mas moraremos em Fortaleza e, até para fazer a lista de presentes, temos que fornecer um endereço para entrega dos mesmos.
O nome do local que eu não indico nem para o meu pior inimigo é Pousada Residêncial Iracema, mais uma coisa que Deus não permitiu que eu visse foi esse acento circunflexo no segundo E. Se eu tivesse visto, jamais teria vindo, pois se alguém não sabe escrever o próprio nome do estabelecimento de onde tira o seu sustento, saberá atender bem aos clientes? Na primeira vez que eu estava procurando pousadas, fui num lugar que não aceitava pagamento em cartão nem em chegues. Claro que não fiquei. Na verdade, fiquei na dúvida, se a pousada não aceitava pagamento em CHEQUES ou em JEGUES. Vai ver que não aceita em nenhuma das duas formas e resolveu fundir as palavras para comunicar.
Foi bom ter estado lá. Melhor ainda foi ter saído.

3 comentários:

  1. kkkkk Obrigada pela dica. Parabéns pelo casório. E amei a parte da nossa língua que anda sendo assassinada a cada segundo e ninguém parece ligar. Noutro dia me mandaram um anúncio de vaga de "acessor de imprensa"... fiquei passada!!!!

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  2. vc tava descrevendo a pousada e eu pensei que vc tava num acampamento selvagem. Mas tá anotado. valeu pelo serviço de cidadania.

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