Seguidores

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Terceira admissão

Acabei de admitir, pela terceira vez, que sou evangélico. Desta vez, para a menina do caixa onde comi uma mousse de sobremesa. Ela me perguntou:

- O senhor é evangélico?
- Não. O Senhor não tem religião.
- Desculpe, eu me refiro a você. É que você estava lendo a Bíblia...
- Ah, sim... - admiti – E você?

Ela negou. Por que, então, quis saber? Eu sempre pensei que evangélicos perguntavam se outros eram evangélicos porque o ser humano naturalmente reconhece os semelhantes.
A primeira vez que admiti foi pra uma família que estava pedindo esmola na rua. Era de noite e eu estava indo comer pastel. Vestido de bermuda e camiseta regata. Não levava nada nas mãos. Como aquela mulher deduziu que eu era evangélico? Ela me perguntou e eu admiti. Claro que aproveitou para pedir dinheiro. Comecei a discutir com ela:

- Não vou lhe dar dinheiro, pois acredito que somos salvos pela graça e não pela obra. O profeta Isaías disse que nossas obras são como trapos de imundície e Paulo, na epístola aos Efésios, diz que “pela graça sois salvos, mediante a fé, e isso não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”.
- Mas temos que amar os nossos irmãos como a nós mesmos.
- Sim. Mas não vou lhe dar dinheiro, porque o dinheiro não é expressão de amor. Se assim fosse, o Sílvio Santos seria o homem mais amoroso do mundo.

A segunda vez foi no Banco do Brasil. Eu, recém-chegado à agência Empresarial Fortaleza, sentava no lugar de um colega que estava em férias. Quando esse colega voltou das férias, desapropriou-me. Então fui invadir o terreno de uma estagiária – no bom sentido, é claro – que também já estava de saída (passou no concurso do Banco do Nordeste). Chegando à mesa, havia uma escultura em gesso de uma mulher com uma coroa e as mãos espalmadas uma sobre a outra. Perguntei ao colega:

- Isso é seu?

Ele disse que não e perguntou se eu era evangélico, porque evangélicos não crêem em outro que não seja Deus e me reconheceu por isso. Jesus disse e está escrito em João 14:6 “ninguém vem ao Pai, se não por mim”, ou seja, não precisamos de intermediários. Ele é o nosso único intermediário. Admiti pela segunda vez. Nada contra esculturas de gesso, mas em Êxodo 20:3-6, o próprio Deus diz: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás nem lhes dará culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que guardam os meus mandamentos”. Oh, que Deus maravilhoso! Ele visita SÓ até a terceira geração daqueles que O aborrecem, porém faz misericórdia ATÉ MIL gerações daqueles que guardam os Seus mandamentos. Meu colega perguntou de que igreja eu era e eu perguntei da dele. Eu disse que era adventista e ele respondeu que era batista. Então citou Isaías 46:5-7 “A quem me comprareis para que eu lhe seja igual? E que coisa semelhante confrontareis comigo? Os que gastam o ouro da bolsa e pesam a prata nas balanças assalariam o ourives para que faça um deus e diante deste se prostram e se inclinam. Sobre os ombros o tomam, levam-no e o põem no seu lugar, e aí ele fica; do seu lugar, não se move; recorrem a ele, mas nenhuma resposta ele dá e a ninguém livra da sua tribulação”. Começamos a conversar e ganhei mais um truta. Ainda finalizou com Isaías 46:9 “Lembrai-vos das coisas passadas da antigüidade: que eu sou Deus, e não há outro, eu sou Deus e não há outro semelhante a mim”.
E pensar que, quando eu trabalhava na agência, em Guarulhos (a famigerada Parque Industrial Cumbica), muitos clientes me perguntavam se eu era evangélico. Eu negava, me sentia ofendido e tinha vontade de dizer que nem acreditava em Deus. Nunca respondi dessa forma, pois achava (e acho) que ninguém tinha culpa (nem tem) das minhas frustrações e não era justo descontá-las nos outros. Mas sempre me intrigou e me incomodou o fato de tanta gente fazer a mesma pergunta. Eu não andava com a Bíblia. Só podia ser por causa da roupa social. Mas não era justo! Todo mundo que trabalha em banco usa roupa social. Que diabos! Eu não era evangélico!
Teria eu, naquela época, já cara de evangélico? Eu não queria! Hoje entendo o que não tinha capacidade nem sensibilidade para compreender: o Espírito Santo já morava em mim. Sempre habitou em mim, mas eu teimava em sufocá-Lo. Agora que O aceitei e Ele tomou conta da minha vida, posso finalizar com Lucas 15:32: “Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse seu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado”.

2 comentários:

  1. Bombástico! Você, evangélico? Não! Rsrsrs. Mas como nada do que foi será, é compreensível que mudemos sempre enquanto estivermos vivos. Mas você, evangélico? Rsrsrsrs

    ResponderExcluir