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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Despedida de São Paulo

Eu acho que todo mundo gostaria de estar presente no próprio velório. Para saber quem choraria, quem sorriria e quem apareceria apenas para cumprir o protocolo. De certa forma, pude sentir, quem sabe, uns 10% dessa emoção quando me despedi de São Paulo. As coisas que eu mais ouvi e li foram que eu era especial e faria falta.
A minha superior imediata e a porteira do meu prédio chegaram a ter os olhos marejados, mas se seguraram. A única que não se segurou e chorou copiosamente – nem poderia deixar de ser – foi a minha mãe. Eu não vi a minha namorada chorar, porém ela chegou a minha casa com os olhos vermelhos e não quis admitir que chorou por minha causa.
Meu irmão foi outro que não queria dar o braço a torcer. Dizia que estava comemorando a minha partida e eu dava risada, pois sabia que era só da boca pra fora. Na hora H, no último instante, ele me deu um abraço forte, fez um carinho na minha cabeça e me disse algumas belas palavras.
Achei louvável os meus primos – gente que cresceu comigo, foram meus confidentes algumas vezes, brincaram e brigaram muitas vezes comigo, quando criança – terem ido ao aeroporto despedir-se de mim. A verdade é que sempre estivemos presentes nos principais momentos das vidas uns dos outros.
Após o check-in, chegada a hora do embarque, parecia que eu estava no corredor da morte, caminhando rumo à sala de embarque. Minha mãe segurando meu braço de um lado e meu irmão, do outro. É... despedida é sempre ruim mesmo, mas, uma vez no avião, era concentrar-se na nova vida que se iniciaria. A viagem de avião foi o ritual de transição.
Minha cunhada também foi se despedir. Uma “aborrecente” de 15 anos que aproveitou 15 dias de suas férias passeando comigo em São Paulo. Minha outra cunhada – que, na verdade, virou ex – não foi, porque o meu irmão surtou no último fim de semana antes da minha partida e terminou o namoro.
Notei algumas coisas muito interessantes no meu “velório”: meus amigos mais próximos não se despediram. Não tiveram coragem. Disseram que a gente se vê, que a gente se fala, que não perderíamos o contato e que me visitariam. Esses, com certeza, estariam chorando no meu velório.
Há também aqueles que sei que chorariam pela força e ternura que me abraçaram na despedida. Além disso, disseram que “não existe encontro sem o Greghi” e, por isso, no próximo, deverei estar presente por videoconferência.
Engraçado mesmo foi no trabalho – e aqui, é óbvio que não estou falando daqueles que tornaram-se amigos. Houve aqueles poucos que me deram a maior força e disseram que eu estava fazendo a coisa certa, que agora era a hora, “vai em frente”, etc. Houve aqueles que ficaram tristes por perder um bom colega de trabalho (não estou querendo me gabar, não, gente. Eu vi a tristeza em seus olhos). Houve também quem misturasse a tristeza no olhar com a felicidade de um sorriso sincero. A felicidade era obviamente por saberem que eu estava indo para um lugar que todo mundo imaginava ser melhor. E agora que estou aqui, posso lhes afirmar: é melhor mesmo.
Há aqueles também que não se importam com a minha existência e me desejaram um protocolar “boa sorte e seja feliz”, por educação. Natural...
Mas a imensa maioria demonstrou espanto e admiração pela minha “coragem”.

- Você conhece Fortaleza?
- Não.
- Conhece alguém lá?
- Não.
- Tem família lá?
- Não.
- E como é que você vai?
- De avião.
- E a sua família?
- Eles ficam. Não se adaptariam ao clima de lá.

E as pessoas acharam que eu fui corajoso por causa disso. Mas eu não acho, porque eu vim me preparando para isso há muito tempo. Quando aconteceu, foi muito natural. Na verdade, na minha mente, já tinha acontecido.
Graças a Deus, eu tenho a “sorte” de cruzar com as melhores pessoas no meu caminho. Há uma arquiteta onde eu trabalhava que é uma pessoa MA-RA-VI-LHO-SA! Cheia de vida, cheia de luz, cheia de graça! Denise é seu nome. Ela lembrou que tem umas primas aqui em Fortaleza e me passou os contatos. Pelo menos, já tenho um contato por aqui. Georgeana, freqüentadora da Igreja da Graça, fomos a um super, hiper, mega rodízio de sushi há dois domingos. Para vocês terem uma idéia, os sushis ficam sobre um trenzinho que fica dando voltas numa mesa enorme, passando por você a cada cinco minutos aproximadamente. Além disso, os garçons passam servindo as comidas quentes, como hot rolls, camarões ao alho e óleo e à milanesa, caranguejos, espetinhos de carne, lingüiça, salmão e queijo, porção de fritas e macaxeira. É um rodízio completo.
É claro também que não me esquecerei de Júlio César, um cabra de Fortaleza que me ajudou muito enquanto eu estive em São Paulo. Credenciei a empresa dele para prestar serviços para o Banco do Brasil e ele foi muito solícito quando soube que eu me mudaria para cá, disponibilizando-se a me ajudar em qualquer coisa que eu necessitasse.
Lamento não ter conseguido me despedir de todo mundo. E olha que foram tantas despedidas que fiquei me sentindo o Romário ou o Ronaldo, quando se despediram do futebol. O primeiro virou deputado federal; o segundo, empresário de sucesso. Se eu tiver uma vida pós-despedida tão boa quanto a deles... se não, tendo uma vida tão boa quanto a minha, já está bom também.

3 comentários:

  1. Amigo Greghi,

    Recebemos muito pouco da vida quando ficamos passivos diante dos acontecimentos. O envolvimento é um pré-requisito
    se quisermos crescer. Precisamos de entusiasmo para atingir nossas metas, de vigor para saudar o dia com esperança.
    Quando encaramos o dia com ânimo, estamos abertos a todas as possibilidades.
    “Quando acredito na vitória, eu venço.
    Existe uma mágica em acreditar.”

    Seja sempre feliz... Bj

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  2. Fala Gregório,

    Vc está cada vez melhor meu caro, parabéns pelo texto, pela "coragem" e pela intensidade com que tem vivido a vida.

    toda sorte pra vc
    Abraço do Marco

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  3. Rafa,

    Não me despedi, pq só soube que vc estava indo prai, quando minha mãe leu o post da sua chegada.

    Mas pode ter certeza que eu estaria ai chorando por vc, me incluo como prima, apesar da distância, crescemos juntos e dividimos a mesma vó.

    O meu choro seria um misto, mas seria de alegria em saber que vc estava indo ser feliz, tava indo buscar a sua felicidade, estava indo atrás de seus objetivos.

    Desejo uma FELIZ VIDA NOVA e que agora vc avise qndo vier pra Sampa, para poder dar um abraço apertado nesse primo querido do coração.

    Beijos

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