Seguidores

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Balanço da primeira semana


Acabou-se a primeira semana do Jovem Dragão em Fortaleza. Foi uma boa semana. Ele já lavou suas cuecas várias vezes. Já sentiu azia por ter exagerado no café-da-manhã, mas não tomou remédio, porque acha que remédio, só em último caso. Já sentiu saudades do irmão e da “namorada”, mas só porque ficou olhando fotos e recordando os bordões de seu irmão: “truta”, “prego”, “toma um autógrafo”.
Conheceu pessoas incríveis, como Daniela, a mineira de Belo Horizonte que pedala todas as terças, quintas, sábados e domingos; ela gosta tanto de pedalar que trouxe a bicicleta dela para as férias. Pedalou de dia. E pedalou à noite. Ah, trouxe também a filha, Rebeca, 16 anos. Como todas as mineiras que conheço, ambas (mãe e filha) são muito simpáticas. Há dois dias, o Jovem Dragão conheceu duas outras pessoas fantásticas: o paulista Duda e a catarinense Sheila. O paulista mora onde o Jovem Dragão se criou, o bairro da Zona Leste, Vila Esperança, próximo ao metrô Vila Matilde e, ao aparecer o nome da rua Heloísa Camargo na conversa, o Jovem Dragão lembrou-se de seu amigo corinthiano fanático: Émerson. Sim, o paulista Duda sabe quem é o Émerson, acho que a rua inteira sabe. Pois é... que mundo pequeno, não?
A catarinense Sheila é uma mulher peculiar: a primeira que conheci que não carrega bolsa. Sexta-feira fomos à praia e confiei na bolsa dela para guardar o meu protetor solar, que carreguei na mão e deixei-o largado em cima da mesa enquanto estivemos na praia, porque ela não anda com bolsa. Mas eu não fui o único traído por pensar que conheço as mulheres. Ainda bem. O paulista Duda também caiu nesse conto da carochinha e confiou na bolsa de Sheila para guardar protetor solar, óculos e sei lá mais o quê. E também teve que ficar com tudo nas mãos. Ela também foi a primeira pessoa que conheci que fuma, mas não bebe. Ela quebrou um axioma que eu tinha criado: NEM TODO MUNDO QUE BEBE, FUMA; MAS TODO MUNDO QUE FUMA, BEBE. Posso afirmar que essa mulher peculiar fumou para caramba, mas ficou só na aguinha de coco. Questionei-a sobre esse traço e ela respondeu-me que bebe, sim; mas precisa estar com muita vontade. Não deixa de ser interessante. Partiu para São Paulo a fim de encontrar um “amor de verão”. Aliás, eu disse a ela que aqui tem muito paulista. É verdade! Nem peguei sotaque cearense ainda, pois estou convivendo com muitos paulistas. Quando eu fiz essa observação a ela, ganhei como resposta: “vocês estão em todos os lugares!” E já que ela não completou, completo eu: parecem praga.
O staff aqui do hostel é muito bom! Destaque para as duas meninas da cozinha e da limpeza, Josy e Edilene, muito simpáticas e prestativas. Logo cedo já estão sorrindo e animadas. Também com esse sol e essa temperatura em pleno mês de agosto, não dá pra ficar desanimado. Hoje ganhei duas broncas de Marli, a simpática dona do hostel. Até para dar bronca, ela é simpática. A primeira foi porque eu estava fazendo pão na chapa de manhã. Não pode. Se quiser, pede para Edilene ou Josy. Hóspede só pode usar a cozinha depois das 10h. A segunda foi porque eu sou muito espaçoso. Após ocupar o maleiro destinado a mim, ocupei também o contíguo. Não pode. Chegou outro hóspede e o maleiro estava ocupado. Aí ficou chato, né? Ela tem razão, claro, e chegou toda delicada, falando do perigo de deixar objetos de valor, como o notebook, fora do maleiro trancado. Era exatamente este objeto que estava no outro maleiro.
Mas tem um hóspede aqui que merece um destaque por ser uma figura estranha. No primeiro dia dele, comentei com um colega: “Cara novo no hostel?”, o colega respondeu que sim e eu cometi a minha primeira gafe aqui no CE. Comentei:
- Pelo jeito, não é brasileiro, pois não entendeu o que eu falei...
Vocês estão me entendendo? Ele estava arrumando as coisas dele na mochila e arrumando as coisas dele, continuou. O colega do hostel respondeu-me:
- É brasileiro, sim; de Campinas.
O cara é assunto aqui no hostel. Todo mundo diz que ele é um bicho do mato, estranho, esquisito, não fala com ninguém e só responde se você falar alto. Não, ele não é surdo. É tímido mesmo. Sei disso, porque assisti ao jogo Guarani X São Caetano pela Série B do Campeonato Brasileiro com ele e ele sempre respondia aos meus comentários. Tirando o fato de não cumprimentar todas as pessoas sempre, não é mal-educado. Tentamos chamá-lo para ir à praia, almoçar, jantar... não adianta. Ele não “se mistura à essa gentalha”. Acorda de manhã cedo, toma o café separado e sai não se sabe para onde e é melhor nem saber. Na hora da janta, prepara a própria janta e também come em separado. Fica assistindo televisão até certa hora e se recolhe. Abre a boca raríssimas vezes, mas parece ser boa gente. Deve ser muito sábio, pois quem ouve e observa mais do que fala, geralmente é sábio.
Nesta semana, procurei rádios daqui e não achei, pois era hora da Voz do Brasil. Hoje (sábado), sim, achei algumas rádios boas na minha caminhada para o almoço. Há a rádio 100, com o slogan TUDO BEM, TUDO CEM! Fui curtindo o programa SENSASAMBA, o que me fez gravar essa rádio na memória do celular.
Quarta-feira, fui conhecer a agência onde vou trabalhar e os colegas com quem vou me relacionar. A agência é muito bonita, apesar de terrivelmente mal localizada. É no centro, sim. Mas é no centro também que os mendigos trabalham. É uma quantidade enorme, dois ou três por quadra. E, misturado aos mendigos, há sempre bandidos. Vou ter que sair correndo da agência, quando escurecer. Pelo menos, é perto. Creio que dê para ir a pé. Voltar, não. Os colegas são “esquisitos”. A primeira impressão não foi boa...
Aqui no hostel já virei o “Rafa”. Lá na agência, já disse que o pessoal em São Paulo me chamava de “Greghi”, ou seja, é assim que quero ser chamado.
Em 9 dias, perdi o café-da-manhã 4 vezes, descobri uma pastelaria ótima, um rodízio de pizza, que é o único lugar fora do shopping Aldeota que aceita VISA-VALE REFEIÇÃO e isso é horrível! Outra coisa horrível é o trânsito. Congestionado nos horários de pico, louco em qualquer horário. No meu segundo final de semana por aqui, presenciei 3 acidentes. E olha que o domingo nem acabou, hein! Dois com motos e uma traseira de Uno amassada. Isso sem contar os vários “quases” que já vi. Faltam semáforos por aqui e isso talvez ajudasse. A buzina é a imperatriz do trânsito! Em todas as ruas, todas as esquinas, toda hora tem uma buzina sendo disparada. Nos horários de pico, porém, chega a ser irritante!
Fui às duas praias urbanas mais famosas de Fortaleza: Iracema e Futuro. A última é disparada melhor do que a primeira. Posso dizer que é a melhor praia, em termos de estrutura, a que já fui. Há um quiosque que está mais para um shopping do que para um quiosque de praia. Tem área com piscina, mesas dentro e fora da praia, lojas de roupa, chuveiros e atendimento rápido, ao contrário do que dizem. Pelo menos, com relação à velocidade do atendimento, não tive problemas por aqui. Meu maior problema com atendimento nesta cidade é a aceitação de VISA-VALE REFEIÇÃO. Oh, dificuldade!
Já conheci também o Mercado e o Teatro Municipal de Fortaleza. O mercado, também chamado de Mercado Central, lembra, de longe, assim... no branco do olho... o Shopping 25. Isso devido a variedade de objetos à disposição: de comidas a artesanatos, passando por roupas e calçados. Só não tem eletrônicos.
O Teatro Municipal José de Alencar também é lindíssimo! Inaugurado em 17 de junho de 1910, apresenta arquitetura eclética, sala de espetáculo em estilo art nouveau, auditório do foyer com 120 lugares (primeiro bloco), sala de espetáculos propriamente dita, com 800 lugares (segundo bloco), espaço cênico a céu aberto, onde antes funcionava um hospital municipal e o prédio, que hoje é anexo ao teatro, mas que antes, era o IML. Só faltava o cemitério no lugar da praça em frente para completar o trio da morte: morre no Hospital, tem o corpo despachado no IML e enterra no cemitério.
No auditório, há vários camarotes e cada camarote é nomeado com o título de um livro de José de Alencar. No teto, há uma pintura à Capela Sistina – exagero meu – e do lado esquerdo, consta a data de nascimento do maior autor do Romantismo brasileiro e, do lado direito, a data de sua morte. À frente, a pintura que representa a “Apoteose” do romancista sendo coroado por Lucíola que, segundo informações do guia responsável pelo theatre-tour, foi o livro preferido de Alencar.

Um comentário: