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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Primeira fase: encerrada

São Paulo, 4 de maio de 1983. Começa a maior viagem da minha vida.
Dizem que a gente não escolhe onde nascer. Então digo que tenho sorte por ter nascido em São Paulo. Todo mundo que nasce em São Paulo tem certa mania de grandeza. Nessa cidade, tudo é grande: temos a maior economia do país, a maior população, a maior frota de veículos, o maior terminal rodoviário, o maior aeroporto, a maior Parada Gay do mundo – nessas horas, dá até vergonha de ser paulistano – a Bolsa de Valores brasileira está em São Paulo e a lista poderia prolongar-se até o final da página, o que cansaria a beleza dos meus leitores, se é que já não cansou.
São Paulo é a capital cultural, além de econômica do país. Shows, filmes, peças de teatro... tudo passa primeiro pela capital paulista.
São Paulo se orgulha de ser o mundo numa cidade. Com bairros tipicamente japonês, italiano e libanês, São Paulo é, talvez, o único lugar do mundo onde japoneses, chineses e coreanos convivem pacificamente. Onde judeus e muçulmanos cruzam-se na rua 25 de março sem explodirem-se mutuamente. Agora... experimente cruzar com a torcida do São Paulo, Corinthians ou Palmeiras vestindo a camisa de um dos adversários para sentir a tolerância de seu povo.
Sou grato por ter nascido e me criado em São Paulo. Tive uma boa base educacional e pude me formar, ter um diploma universitário que hoje não vale nada (jornalismo), mas diploma é só um papel. O que importa é a experiência e o aprendizado que esta cidade me proporcionou. Sábado estava conversando com uma amiga e disse: “Acho que todo mundo deveria, pelo menos, uma vez na vida, nem que fosse por um trimestre, morar em São Paulo”. São Paulo me alimentou. São Paulo me vestiu. Tenho orgulho de dizer que sou paulista – apesar da maior Parada Gay do mundo. Sou paulistano!
Mas... sabe quando você cresce dentro de uma caixa? Uma hora a caixa fica pequena e, ou você sai, ou pára de crescer. Outra boa metáfora é a do bebê no útero da mãe. Por mais confortável que seja aquele lugar, por mais quentinho que seja... se ele não sair de lá, ele não cresce. E pior: morre.
Apesar da enormidade de São Paulo, essa cidade já me deu tudo o que podia me dar. Agora chegou a hora de buscar outros ares, outra vida, outra cidade que possa completar o que São Paulo começou. Como no caso do bebê, é sair ou parar de crescer. Acredito que não posso parar. Ninguém pode. Aliás, essa foi a maior lição que a minha mãe me ensinou durante toda a minha vida: buscar o crescimento contínuo. Melhorar de vida sempre. É isso o que busco, ao partir desta para melhor: o crescimento pessoal, profissional, espiritual, moral e, por que não, financeiro.
Acho que sempre soube que meu reino não era desta cidade. Eu só não sabia de onde seria. Até que, em 2008, conheci Natal e a cultura nordestina. Foi então que eu descobri: meu reino é DESTA região. Aquela cultura, aquele ritmo de vida caiu para mim como o sapatinho de cristal no pé da Cinderela.
Descobrir o seu lugar no mundo é como sair da caverna e ver o paraíso. Quando você volta para a caverna, alguma coisa mágica aconteceu dentro de você e você nunca mais será o mesmo. Essa magia é a mesma que acontece quando você descobre o que é, o que lhe dá prazer na vida, o que você faz até de graça, simplesmente pela satisfação de fazer brotar um sorriso. Isso é a sua missão na vida e a minha é escrever.
Quando me perguntam o que eu faço da vida, eu respondo: “Vivo”. Quando me perguntam com o que eu trabalho, eu respondo que é com as mãos. Quando me perguntam o que eu faço para ganhar dinheiro, para me sustentar, então digo que trabalho em banco. Depois de um suspiro e um lamento, inferem que eu sou bancário e eu refuto: NÃO! EU SOU ESCRITOR! Eu estou bancário, mas eu sou escritor.
Quantos de vocês, leitores, sabem o que são e qual é o vosso lugar? Saber qual é o vosso lugar, permite que você seja a pessoa certa, no lugar certo, na hora certa. Você poderá ser muito mais útil e produtivo ao seu país e à sociedade. Mais do que isso: permite que você seja feliz. Não que você nunca mais vá ficar triste, mas, quando assim estiver, poderá concentrar-se na sua missão. Acredito que tudo se torne ainda mais fácil se você estiver no SEU lugar. Mas isso AINDA não posso dizer, pois AINDA não estou no meu lugar.
Obrigado, São Paulo, por tudo. Após 28 anos, fecha-se um ciclo.
Alô, Fortaleza! Bota mais água e tira o coentro do feijão, porque eu estou chegando. Começa um novo ciclo na minha vida. A realização de um sonho.
Brasileiros, argentina e belga do meu coração, orai por mim, seja qual for a sua crença.

5 comentários:

  1. Amigo querido, muita luz na nova caminhada, estarei sempre torcendo por você.
    beijo grande, Leandra

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  2. Olha só vai morar em uma cidade e um estado q eu moraria, de todos os locais do nordeste o q eu mais amo é Fortaleza, quer me levar?ahahaha faço feijão sem coentro!vai trampar em q ai???boa sorte beijos

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  3. Jovem Dragão muita sorte pra vc !! Tudo de bom , estarei na torcida!!Levanta voo e seja FELIZ!!

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  4. Tudo de melhor nessa sua nova fase... e sempre! Só não esqueça de mandar notícias!!!!
    bjs

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  5. Você merece!!! Que este novo ciclo possa lhe dar a grandeza que tua alam tanto almeja. Mil beijos. Vou sempre torcer por você!!! E não esqueça de mandar noticias.

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