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quarta-feira, 11 de julho de 2012

Fortaleza: capital européia


Fortaleza é a capital brasileira mais próxima da Europa. Localizada a 5.608 km de Lisboa, deve ser por isso que a capital cearense foi invadida pelos europeus. Basta dar uma volta na avenida Beira-Mar para constatar isso. O que mais se ouve é sotaque italiano e francês. Há até um bar no final desta avenida, chamado Internacional, voltado exclusivamente para esse público. O dono é um holandês que veio para Fortaleza, gostou tanto que não quis voltar.
Mas ele não é o único. No começo deste ano, almocei numa cafeteria – não lembro o nome – na avenida Desembargador Moreira, cujo dono era alemão. Os fortalezenses da gema – já ouvi, pelo menos, dois – dizem que "essas pessoas" (que vem de fora, não apenas do país, mas também do estado) estragaram a hospitalidade cearense. Segundo eles, Fortaleza já foi bem mais hospitaleira. Hoje, a falta de educação e respeito parece ser notada até pelos nativos.
Como em toda moeda há duas faces, o lado positivo é que os estrangeiros são capazes de trazer profissionalismo, investimentos e treinamento em atendimento. Confesso que fui muito bem atendido nos dois estabelecimentos citados, cujos donos são europeus. É verdade também que eles esquecem que o mundo é nossa casa – temporária, mas é – e pensam que, por não estarem em seus países de origem, podem sujar à vontade.
Fortaleza é a 5ª maior capital brasileira em termos populacionais e isso obviamente atrai mais gente. Afinal, todos querem saber o que desperta tanto interesse na capital cearense. Dentre os prejuízos que isso traz, destaca-se o aumento do congestionamento no trânsito e da criminalidade. Atualmente, porque é ano de eleição, o governo do estado lançou uma propaganda na TV dizendo que o METROFOR já está funcionando. Só que ninguém viu. Na propaganda, há a informação que das 8h às 12h, o passe é livre. Deve ser a o único horário que funciona, pois não é possível que, numa cidade com 2,5 milhões de habitantes, ninguém fale dessa grande novidade.
Quanto à criminalidade, sábado uma menor esfaqueou o dono de um quiosque na Praia do Futuro, após ter sido demitida. Hoje EU VI com esses olhos que a terra NÃO há de comer, pois Jesus há de voltar antes, um corpo estendido no chão. No caminho para o trabalho, vi um homem coberto com lençol dos bombeiros e uma poça de sangue ao lado dele. Uma mulher o atropelara. Chorava copiosamente num outro canto mais à frente. Foi horrível! Nem me detive por muito tempo. Era de embrulhar o estômago.
Isso para não falar da modalidade de crime número um da cidade: furto de celulares. Os caras passam de bicicleta, tomam da sua mão e bau-bau. Vários hóspedes aqui da pousada já tiveram seus celulares furtados dessa forma. Por isso, a recomendação é: não use o celular se estiver andando na rua.

Centro de Cultura e Arte Dragão do Mar
Apesar disso, Fortaleza continua atraindo estrangeiros. Quando minha esposa e um casal de padrinhos de casamento estiveram por aqui, fomos ao café Santa Clara, no Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar e conhecemos duas alemãs que vieram estudar no Brasil. Uma senhora, colega na empresa onde trabalho, disse essa semana que sábado chegam não sei quantos holandeses para estudar aqui também. A verdade é que, agora, esse pessoal daqueles países pobres da Europa, estão refugiando-se da fome e principalmente dos credores aqui no Brasil.
Por dois dias seguidos, acabei almoçando com estrangeiros. Na segunda-feira, na mesa diagonal frontal à direita de onde eu estava, um grupo de meia dúzia de estadunidenses. Na terça-feira, na mesa atrás de mim, um grupo de meia dúzia de italianos.
Mas das seis estadunidenses – pode até ser preconceito meu – só uma, de fato, parecia natural daquele país. Obviamente é preconceito meu! Julgando pelas aparências, achei que só ela nascera naquele país, porque só ela tinha a pele bem branca e cabelos loiros. Mas as outras tinham tudo para ser brasileiras, cearenses e, quem sabe, até baianas (olha o preconceito de novo): gordas, morena, uma negra, que falavam alto, riam alto, escandalosas mesmo. Essa globalização estragou até os estadunidenses!
E eu pensando: nossa! Como essas brasileiras são fluentes! Elas devem estar recebendo a loira, mas falam muito bem. É impressionante!
Só descobri que eram todas estadunidenses na fila do caixa para pagar, quando perguntei. Saí do restaurante estupefato com o meu preconceito, culpando-me e condenando-me, quando Deus me mostrou que Ele não me condenava. Estou amadurecendo diariamente. Cada dia é um dia e o importante é crescer espiritualmente. Ia eu caminhando distraidamente pela rua, quando de repente, passo no meio, literalmente por dentro de um enxame de abelhas italianas sem ser picado por nenhuma! Louvado seja Deus por isso! Ele, que é o criador de todas as coisas, pode dizer “Não toqueis nos meus ungidos nem maltrateis os meus profetas” (Salmos 105:15). E, de fato, disse. E elas, meras criaturas – como eu – obedeceram. Com a diferença que elas sempre obedecem. Eu, nem sempre.
Na hora, eu não percebi que eram abelhas. Poderiam ser moscas. Por isso continuei caminhando na direção delas. Se eu disser que não as vi, é mentira, porque eu as vi. Mas totalmente distraído, continuei caminhando na direção delas e entrei no enxame. Claro que, se fossem moscas, deveria ter algum cadáver no terreno ao lado, pois eram muitas. Pelo barulho que faziam, podia ser tanto mosca quanto abelha. Quando eu estava no meio do enxame, um cara gritou do outro lado da rua: “Cuidado, hein!” Era o inimigo me exortando a balançar os braços. Certamente eu seria picado, se fizesse isso. Deus segurou os meus braços, pois como eu estava, assim fiquei. Até que dobrei a esquina. Quando dobrei a esquina, já fora do enxame, é que me bateu a curiosidade: o que será aquilo? Por que o cara disse: “cuidado”? Voltei aonde ele estava e perguntei que bicho era aquele. Foi quando ele me disse que eram abelhas italianas. Quando ferroam, a gente fica todo inchado. Então lembrei-me que, quando Deus livrou o seu povo do Egito, mandou dez pragas, dentre as quais moscas, rãs e gafanhotos, para atormentar o povo egípcio (Êxodo 7:14-12:51). Nenhuma atingiu o povo de Deus! É por isso que eu lhes digo: vale à pena andar com Deus!


domingo, 8 de julho de 2012

A grande frustração

Após liderar o Grande Prêmio da Inglaterra durante praticamente toda a corrida, o espanhol Fernando Alonso foi ultrapassado pelo Australiano Mark Webber faltando menos de sete voltas para o final e chegou em segundo lugar. Imgino que a sensação dele seja a mesma que a de um time vice-campeão.
Claro que cada situação é diferente. O Palmeiras, por exemplo, no Campeonato Brasilero de 2009, passou o ano inteiro entre os quatro primeiros, mas terminou o campeonato em quinto lugar, não conseguindo nem sequer classificação para a Libertadores, pois perdeu o último jogo para o Atlético-MG do Leão. A sensação dos palmeirenses foi pior do que a do Alonso hoje.
Também não pode ter sido o caso do Boca Juniors nem da seleção italiana de futebol, pois com times reconhecidamente inferiores aos campeões, com certeza sentiram-se melhores do que o espanhol da Fórmula 1 hoje.
A sensação seria comparável a do piloto da Ferrari, se Corinthians e Espanha tivessem perdido, pois poderiam se perguntar: de que adiantou lutar tanto, não perder nenhum jogo, chegar aqui e perder (como foi com a Alemanha também)? Realmente seria frustrante, como deve ter sido frustrado o espanhol ferrarista, que saiu na frente, ficou na frente a corrida toda e, a menos de dez voltas do final, deixou escapar a vitória.
Nenhuma frustração, porém, se compara a daquele grupo de cristãos, no último dia da história, que correrá ao encontro do Salvador, com sorriso no rosto e não ouvirão:

- Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.

Ao contrário, ouvirão:

- Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. (Mateus 25:34, 41)

Em seu desespero, ainda tentarão argumentar:

- Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?

Então, explicitamente lhes responderá:

- Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. (Mateus 7:22, 23)

Isso, sim, é frustração! Passar a vida toda esperando uma coisa, mas chegar ao final e ser outra. A vida inteira depositando a confiança em "cisternas rotas". Injustiça? Claro que não! Negligência, isso sim!
Quantas e quantas Bíblias estão disponíveis em templos para qualquer um que tenha interesse! Lá está tudo o que precisamos saber. Tudo o que já aconteceu e tudo o que ainda vai acontecer muito em breve! Basta estudá-la, com espírito de reverência, pedindo ao Espírito Santo em oração que lhe guie e Ele revelar-te-á tudo o que você precisa saber. Esta é a função Dele. Não é pastor, não é padre, não é igreja nenhuma que vai te levar ao Conhecimento e à Sabedoria. Pessoas são falhas e podem conduzir-te à "porta larga" (Mateus 7:13) Pergunte diretamente ao Espírito Santo, em oração, e estude a Bíblia com humildade que a resposta ser-lhe-á concedida.
Fato é que ninguém poderá alegar desconhecimento, pois o alerta tem sido dado. A luz está amarela. É tempo de estudar a Bíblia. Chega de edificar prédios sobre a areia! (Mateus 7:26)
Cristãos de todo o mundo, à Bíblia!

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Noite inesquecível


Comemorou-se mais do que quando a seleção brasileira de futebol ganhou a Copa do Mundo. Ao contrário de quando times regionais venceram o campeonato e os mais recentes foram: Internacional (festa só em Porto Alegre) e Santos (festa só em Santos), a festa para o Corinthians foi em território nacional. Rojões, fogos de artifício, buzinaço, gritaria... os corinthianos entraram em êxtase! Se um extraterrestre visitasse o planeta Terra, perguntaria:

- Estão comemorando a virada do milênio?

Talvez o co-piloto da nave espacial respondesse:

- Acho que é a virada de uma Era.

Ninguém comemora como os corinthianos. Quando eu era corinthiano, dizia isso, mas pensava: meu ponto de vista deve estar distorcido pela emoção. Os torcedores dos outros times também amam seus clubes. Sim, é verdade, claro que amam! Não dá para explicar o que acontece com os corinthianos. É a vida deles. É a história deles. Sei lá...
Agora não torço mais para o Corinthians. E posso dizer com imparcialidade: ninguém comemora como os corinthianos. Talvez por isso despertem tanta inveja, tanto ódio. Ódio a ponto de um torcedor que não sabe perder, “brincar” de boliche com os corinthianos (atropelando-os) no Tatuapé (bairro da Zona Leste paulistana). Ódio a ponto de um colega de trabalho baiano me dizer: “Eu não gosto de argentino. Mas eu gosto menos ainda de corinthiano. Por isso, eu vou torcer para o Boca”. Acho que essa frase representa o sentimento de muita gente.
Interessante é que o ódio e inveja que sentem do Corinthians o engrandece. Que outro time desperta tanto interesse no Brasil? O Brasil parou para acompanhar o jogo. Parou também, em 2007, quando no jogo contra o Grêmio, fecharam o caixão do Timão e enterraram-no na série B. Que outro clube brasileiro faz o país parar para assistir a um jogo que pode decretar o rebaixamento para a série B? Parar para assistir a uma final de campeonato é até normal, mas para assistir jogo de definição de rebaixado, só o Corinthians mesmo.
Se o jogo de ontem fosse em horário de expediente, os patrões liberariam os funcionários mais cedo. O Corinthians atrai mais atenção do que a seleção brasileira.
Nunca se viu festa tão grande. Nunca mais se verá. Ainda que o Corinthians ganhe o Mundial Interclubes. Ainda que o Corinthians ganhe mais 10 vezes a Taça Libertadores da América. A festa que houve essa semana – sim, porque festa corinthiana não é de um dia, não; é de uma semana; quiçá de uma quinzena – nunca mais se verá! E tem motivo: principalmente em São Paulo, onde todos os outros clubes considerados grandes já haviam conquistado essa taça, a fama que corria era que o Corinthians não tinha passaporte. Foram nove fracassos, nove vezes que tiveram o passaporte negado... as duas últimas tentativas eram para fazer desistir: a primeira no ano do centenário, com o craque Ronaldo e tudo, perderam para o Flamengo, de Wagner Love; e a segunda ainda na fase pré-Libertadores, para o ridículo Tolima.
Ouviram todo tipo de piada: Toliminado; Libertadores o Corinthians só vai ganhar no Playstation; o Corinthians na Libertadores é igual ao Chaves: você já sabe o que vai acontecer, mas assiste porque é engraçado.
Se fosse a Portuguesa, teria desistido. Mas os grandes se fortalecem nas dificuldades. Parece que, quanto mais apanham, mais resistentes ficam. Até que ficam tão resistentes que o Émerson Sheik diz: “bate, pode bater, bate bem aqui, ó. Num vô caí, não”.
Por isso, nunca mais haverá uma festa como essa. Porque essa alegria foi a vazão de nove frustrações, muitas e muitas chacotas... esse título era o objeto de desejo, o sonho de consumo, a única taça que faltava na sala de troféus corinthianos. Era muita, muita emoção reprimida para extravasar. E desde a vitória contra o Santos, no primeiro jogo, a quantidade de rojões, gritos e hinos nos carros com porta-malas abertos vêm aumentando gradualmente. Ontem, quando o árbitro apitou o final do jogo, não tinha mais por que temer a comemoração antecipada. Ninguém dormiu na cidade de São Paulo.
O dia 4 de julho de 2012 está para sempre marcado na história do Brasil. Seja você corinthiano ou não, você nunca vai esquecer.


terça-feira, 3 de julho de 2012

Poder em ação


Sexta-feira fui à casa de um amigo jogar Kinect Sports para X-box 360, um jogo divertidíssimo e inovador: se as crianças dos anos 90 ficavam imobilizadas diante da tela da TV e nem piscavam enquanto jogavam videogame, o revolucionário Kinect converteu esse padrão. Agora não existe mais joystick. O jogo segue os comandos do seu corpo. É a realidade virtual dentro de casa! É exercício físico sem precisar ir à academia. Na semana seguinte, cada fibra dos seus músculos doem. Isso porque é tão divertido que, mesmo cansado, você quer continuar.


Joguei as seis modalidades que o jogo disponibiliza: boxe (nenhuma habilidade – TKO no primeiro round); tênis de mesa (a que eu mais gosto); vôlei de praia (muito difícil, mas dá pra evoluir porque gosto); atletismo (o que mais cansa); futebol (único em que obtive vitória) e boliche (objeto desta crônica).
Nem me lembro do que foi que ele disse antes da minha jogada. Ou foi algo para me desconcentrar ou afirmou com todas as letras que eu erraria. Também não lembro se o que considero erro foi não ter feito “STRIKE” ou não ter derrubado nenhum pino. Lembro que minha justificativa foi, na brincadeira:

- Você me “secou”. Assim não vale...

Então, ele, para dar uma de bonzão, grande craque do boliche – detalhe: ele é o dono do videogame – pediu para eu “secá-lo” também. Assim, quando ele acertasse, diria: “olha aí, você também me secou”. Mas eu não acredito, de fato, nessas besteiras e fiquei olhando para ele com cara de besta, pensando no que diria. Disse timidamente:

- Eu não tenho poder para isso.

Quando ele jogou e errou, eu exultei, pulando, dançando e cantando e disse:

- Eu não tenho poder para isso, mas eu nem preciso, pois eu conheço Quem tem e Ele luta as minhas lutas por mim.

Ah, gente, é muito bom ver a manifestação do poder de Deus em cada detalhe da vida e é por isso que eu O louvo e dou-Lhe glórias!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Corintheus


Eu não sei se o Corinthians vai ou não ser campeão da Taça Libertadores da América. Mas a comemoração foi desproporcional. O Corinthians ainda não é campeão nem tampouco venceu o jogo na Argentina para ter alguma vantagem no jogo de quarta-feira. Nem o gol fora de casa não vale como critério de desempate na final. Então eu não entendo por que tanta festa. Nem que tivesse ganho. Na verdade, está tudo igual. Quem vencer, será campeão. Se empatar, prorrogação e pênaltis.
Mas não me importa quem será o campeão da Libertadores. Eles se definem como um bando de loucos e é de fato uma loucura adorar um time de futebol. Mas isso não é privilégio dos corirnthianos. Quantas pessoas não transformam seus times de futebol em deuses a ponto de matar e morrer por eles?! Que loucura! Que alegria efêmera proporciona! Que tristeza efêmera proporciona!
Fico triste quando vejo meu irmão ir dormir chateado porque o Corinthians empatou o jogo. A tristeza dele é passageira. Deus é tão misericordioso que também permitiu que o time dele (Palmeiras) fosse à final da Copa do Brasil! A minha tristeza demorará mil anos para passar se ele não vier comigo para a Canaã Celestial. Fico triste porque o meu irmão não conhece o Senhor Jesus e, por não conhecê-Lo, prefere ver o sofrimento corinthiano à exultação palmeirense.
E mesmo que o Corinthians seja campeão, a nação corinthiana sentirá uma alegria incrível, indescritível, uma emoção inominável e que, ao mesmo tempo, não se compara à volta do Senhor Jesus. Eles dizem que esperam por isso a 101 anos. Nós esperamos pelo grande dia a mais de 1.900 anos! Quão glorioso será aquele dia!
Vejo multidões chorando porque um time de futebol perde ou ganha um campeonato, mas não vejo ninguém chorando quando vêem um familiar adorar um ídolo. Os corinthianos quase botam fogo (graças a Deus não são botafoguenses) na cidade de São Paulo com tantos rojões e fogos de artifício, mas não ouço comemoração semelhante quando alguém se batiza e declara publicamente que quer ser de Jesus. Gastam R$ 4.400,00 (quatro mil e quatrocentos reais) – informação do Esporte Espetacular, programa dominical da TV Globo – para ir a um jogo de futebol na Argentina e reclamam quando ouvem sobre os dízimos. Sendo que Deus nos pede tão pouco comparado a tudo o que Ele nos dá! Um corinthiano chora na Argentina, pois acha que perdeu o ingresso, mas não chora por perder a salvação que Jesus lhe oferece de graça.
Eu entendo como podem adorar algo que não tem poder nenhum sobre suas vidas. É porque evidentemente não conhecem Aquele que tem. Mas eu não compreendo como, apesar de tantas evidências que Jesus dá a eles todos os dias, continuam de costas para o Mestre, dizendo com todas as letras: “eu não quero te conhecer”.
Eu quero ver os templos lotados como ficam os estádios de futebol. E quero ver irmãos se abraçando misericordiosamente, fortalecendo uns aos outros com palavras como “te vejo no Céu, hein” em vez de manos abraçando-se e fortalecendo uns aos outros com palavras como “VAI, CURINTIA!!! Vamu sê campião!” Eu quero ver a igreja gritar “Amém” e “Louvado seja Deus” em vez de ver a torcida gritar “gol” e “Le-le-le-ô le-le-le-ô le-le-le-á”.
É triste... as pessoas se preparam a semana inteira para ver o jogo do Corinthians e fazem até contagem regressiva: “É depois de amanhã, hein!”, “É amanhã, hein!”, “É hoje, hein! É hoje, mano”. No dia do jogo, saem correndo do trabalho, tomam banho e põem a camisa do Corinthians. Muitos oram, até lembram de Deus nessa hora. Estou usando o exemplo do Corinthians, porque fiquei impressionado com o que vi nas duas últimas semanas lá em São Paulo – primeiro com a classificação para a final, em cima do Santos e depois com o empate contra o Boca Juniors. Mas troquem o nome do Corinthians pelo de qualquer outro time e o texto continua o mesmo.
Quantos se preparam com o mesmo empenho para a volta do Senhor Jesus? Infelizmente tenho que me incluir nessa multidão que ora pouco, que lê pouco a Bíblia, vigia pouco e leva a mensagem da salvação aos outros com tanta timidez quanto medo! Infelizmente eu, que me digo cristão, não tenho a mesma audácia para defender Jesus que os corinthianos têm para defender o seu time. Tudo bem, eu sei que Jesus é um Deus vivo que não precisa ser defendido. Aliás, quem sou eu para fazer o que quer que seja por Quem já fez e continua fazendo tudo por mim? Os torcedores precisam defender seus times, pois trata-se de deuses mortos que não podem se defender sozinhos.
Mesmo entre os que dizem estar do lado vencedor, quantos estão fazendo contagem regressiva para a volta de Jesus? Quantos estão confessando seus pecados, arrependendo-se sinceramente, abandonando-os e pedindo ao Pai que os cubra com o manto da justiça do Filho, da mesma forma que os corinthianos vestem a camisa e dizem que é um manto sagrado, a segunda pele? A justiça de Cristo deveria ser a nossa segunda pele!
O Bando de Loucos é composto por muito mais gente do que a torcida do Corinthians. É bem provável que eles não aceitem este “absurdo”. Mas Jesus te aceita. Se você quiser entrar no time Dele, Ele vai te colocar na posição que você mais gosta de jogar. Você pode até se machucar. Claro, que jogador nunca se lesiona? Portanto, “não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”. (Mateus 10:28)

domingo, 24 de junho de 2012

Festa na prisão


Confesso que fiquei extremamente dividido e até o fim do jogo não consegui definir para quem torcer. Por um lado, eu sentia pena do Corinthians. Já pensou se eles fossem novamente eliminados? Teriam que agüentar de novo aquelas mesmas piadinhas que já cansaram. Por outro lado, uma espécie de medo de ver a história acontecer tomava conta do meu ser. Medo esse que era muito maior quando eu era verdadeiramente corinthiano. Medo de uma emoção boa, explosiva, inimaginável. Certeza mesmo, só a de que é maravilhoso não mais torcer. Poder assistir a uma partida de futebol com a frieza com que analiso gráficos da Bolsa de Valores. Não, com futebol consigo ser ainda mais frio. Ficar triste, fico. Quando escolho um time para torcer e ele perde. Foi assim quando o Barcelona foi eliminado da Liga dos Campeões e novamente quando o Bayern Munich perdeu a final em casa e nos pênaltis.
O melhor de tudo em não ser mais fanático é realmente poder assistir ao jogo até o fim. Não consegui assistir aos pênaltis que classificaram o Palmeiras em 2000. A gente sofre demais! A televisão mostra as torcidas e vemos as pessoas chorando, angustiadas, tensas, arrancando os cabelos, é até engraçado quando não é o nosso time.
Quanto ao pé frio, pode perguntar para o meu irmão, a minha profecia foi: o Santos vai marcar um gol no último minuto e o Corinthians vai perder nos pênaltis, igualzinho em 2000.
Agora, corinthianos, eu lamento informar, mas dificilmente eu torcerei para o Boca Juniors na final, pois sou brasileiro, não desisto nunca e vou sempre optar por torcer para um time brasileiro, desde que não seja o São Paulo Futebol Clube que, aliás, grande alegria me deu ao ser eliminado da Copa do Brasil. E eu jurava que essa seria deles, já que é a 24ª edição da Copa do Brasil. Mas eles continuam virgens nessa competição. Nunca ganharam. Nunca ganharão. Penso que é a mesma situação do Corinthians com relação à Taça Libertadores da América.
Impressionou-me também a reação dos jogadores corinthianos quando o juiz apitou o final do jogo: com exceção do Jorge Henrique, não vi ninguém chorando, extremamente emocionado, nada. Nas entrevistas, mostraram-se muito centrados e equilibrados. Completamente diferente de outras equipes formadas pelo clube para a disputa deste campeonato, estes jogadores não demonstram estar sentindo o peso da taça, uma conquista tão esperada pela torcida. Ao contrário dos times passados, esse joga a Taça Libertadores como se jogasse qualquer outro jogo. Nem parece que fizeram história ao classificar o Corinthians para a final.
Mérito do treinador? Não apenas. Na verdade, esse parece ser o resultado de um trabalho de longo prazo, iniciado exatamente com outro resultado histórico, porém negativo: o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro em 2007. Seis meses depois, o Corinthians já disputava a final da Copa do Brasil. No ano seguinte, conquistou a Copa do Brasil e o direito de disputar a Taça Libertadores no ano subseqüente. Disputou e perdeu; no ano seguinte, disputou de novo; perdeu de novo. Para o Tolima, ainda na fase pré-Libertadores.
Mas eu lembro de ter visto num desses programas de mesa redonda diretores e conselheiros do Corinthians dizerem que era importante estar disputando a Taça Libertadores, que inevitavelmente chegaria a hora de levantar a Taça. Ou seja, mais uma vez prova-se por A + B que planejamentos de longo prazo dão certo. Não sabemos se o Corinthians levantará a Taça neste ano, mas, mesmo que não levante, se o planejamento for mantido, é óbvio que mais cedo ou mais tarde, chegará a hora dele. Apesar de que eu, particularmente, ache que o Corinthians não nasceu para isso. Mas... acabo de me lembrar de uma frase bastante inspiradora do Wanderley Luxemburgo: “tabus existem para serem quebrados”.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Caim e Abel provados

Caim e Abel, filhos de Adão, diferiam grandemente em caráter. Abel tinha um espírito de fidelidade para com Deus; via justiça e misericórdia no trato do Criador com a raça decaída e com gratidão aceitou a esperança da redenção. Caim, porém, acariciava os sentimentos de rebeldia e murmurava contra Deus por causa da maldição pronunciada sobre a Terra e sobre o gênero humano, em virtude do pecado de Adão. Permitiu que a mente se deixasse levar pelo mesmo conduto que determinara a queda de Satanás, condescendendo com o desejo de exaltação própria, e pondo em dúvida a justiça e a autoridade divinas.
Esses irmãos foram provados, assim como fora Adão antes deles, para mostrar se creriam na Palavra de Deus e obedeceriam à mesma. Estavam cientes da providência tomada para a salvação do homem e compreendiam o sistema de ofertas que Deus ordenara. Sabiam que nessas ofertas deveriam exprimir fé no Salvador a quem tais ofertas tipificavam e, ao mesmo tempo, reconhecer sua total dependência Dele para o perdão; e sabiam que conformando-se assim ao plano divino para a sua redenção, estavam a dar a prova de sua obediência à vontade de Deus. Sem derramamento de sangue não poderia haver remissão de pecados; e deviam eles demonstrar sua fé no sangue de Cristo como a expiação prometida, oferecendo em sacrifício o primogênito do rebanho. Além disto, as primícias da terra deviam ser apresentadas diante do Senhor em ação de graças.
Os dois irmãos de modo semelhante construíram seus altares e cada qual trouxe uma oferta. Abel apresentou um sacrifício do rebanho, de acordo com as instruções do Senhor. “E atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta” (Gênesis 4:4). Lampejou o fogo do Céu e consumiu o sacrifício. Mas Caim, desrespeitando o mandado direto e explícito do Senhor, apresentou uma oferta de frutos. Não houve sinal do Céu para mostrar que era aceita. Abel instou com seu irmão para aproximar-se de Deus da maneira divinamente prescrita; mas seus rogos apenas tornaram Caim mais decidido a seguir a sua própria vontade. Sendo mais velho, achava que não lhe condizia ser aconselhado por seu irmão e desprezou o seu conselho.
Caim veio perante Deus com íntima murmuração e incredulidade com respeito ao sacrifício prometido e necessidade de ofertas sacrificais. Sua dádiva não exprimia arrependimento de pecado. Achava, como muitos agora, que seria um reconhecimento de fraqueza seguir exatamente o plano indicado por Deus, confiando sua salvação inteiramente à expiação do Salvador prometido. Preferiu a conduta de dependência própria. Viria com seus próprios méritos. Não traria o cordeiro nem misturaria o seu sangue com a oferta, mas apresentaria seus frutos, produtos de seu trabalho. Apresentou sua oferta como um favor feito a Deus, pelo qual esperava obter a aprovação divina. Caim obedeceu ao construir um altar, obedeceu ao trazer um sacrifício; prestou, porém, apenas uma obediência parcial. A parte essencial, o reconhecimento da necessidade de um Redentor, ficou excluída.
Quanto ao que respeitava ao nascimento e instrução religiosa, esses irmãos eram iguais. Ambos eram pecadores e ambos reconheciam o direito de Deus à reverência e adoração. Segundo a aparência exterior, sua religião era a mesma, até certo ponto; mas além disto, a diferença entre os dois era grande.
“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim” (Hebreus 11:4). Abeu aprendeu os grandes princípios da redenção. Viu-se como um pecador e viu o pecado e sua pena de morte entre sua alma e a comunhão com Deus. Trazia morta a vítima, aquela vida sacrificada, reconhecendo assim as reivindicações da lei, que fora transgredida. Por meio do sangue derramado, olhava para o futuro sacrifício de Cristo a morrer na cruz do Calvário; e confiando na expiação que ali seria feita, tinha o testemunho de que era justo e de que sua oferta era aceita.
Caim tivera, como Abel, a oportunidade de saber e aceitar essas verdades. Não foi vítima de um intuito arbitrário. Um irmão não fora feito para ser aceito por Deus e o outro para ser rejeitado. Abel escolheu a fé e a obediência; Caim, a incredulidade e a rebeldia. Nisto consistia toda a questão.
Caim e Abel representam duas classes que existirão no mundo até o final do tempo. Uma dessas classes se prevalece do sacrifício indicado para o pecado; a outra arrisca-se a confiar em seus próprios méritos; o sacrifício desta é destituído da virtude da mediação divina e assim não é apto para levar o homem ao favor de Deus. É unicamente pelos méritos de Jesus que nossas transgressões podem ser perdoadas. Aqueles que não sentem necessidade do sangue de Cristo, que acham que sem a graça divina podem, pelas suas próprias obras, conseguir a aprovação de Deus; estão cometendo o mesmo erro que Caim. Se não aceitam o sangue purificador, acham-se sob condenação. Não há outra providência tomada pela qual possam se libertar da escravidão do pecado.
A classe de adoradores que segue o exemplo de Caim inclui a grande maioria do mundo; pois quase toda religião falsa tem-se baseado no mesmo princípio – de que o homem pode confiar em seus próprios esforços para a salvação. Alguns pretendem que a espécie humana necessita, não de redenção, mas de desenvolvimento – de que ela pode aperfeiçoar-se, elevar-se e regenerar-se. Assim como Caim julgava conseguir o favor divino com uma oferta que faltava o sangue de um sacrifício, assim esperam estes exaltar a humanidade à norma divina, independentemente da expiação. A história de Caim mostra qual deverá ser o resultado. Mostra o que o homem se tornará separado de Cristo. A humanidade não tem poder para regenerar-se. Ela não tende a ir para cima, para o que é divino, mas para baixo, para o que é satânico. Cristo é a nossa única esperança. “Nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” “E em nenhum outro há salvação”. (Atos 4:12).
A verdadeira fé, que confia inteiramente em Cristo, manifestar-se-á pela obediência a todos os mandamentos de Deus. Desde o tempo de Adão até o presente, o grande conflito tem sido com referência à obediência à lei de Deus. Em todos os séculos houve os que pretendiam ter direito ao favor de Deus, mesmo enquanto estavam a desatender algumas de suas ordens. Mas as Escrituras declaram que pelas obras “a fé foi aperfeiçoada” e que, sem as obras da obediência, a fé “é morta” (Tiago 2:22, 17). Aquele que faz profissão de conhecer a Deus “e não guarda os Seus mandamentos, é mentiroso e nele não está a verdade” (1 João 2:4).
Quando Caim viu que sua oferta era rejeitada, ficou irado com o Senhor e com Abel; ficou irado de que Deus não aceitasse o substituto do homem em lugar do sacrifício divinamente ordenado e irado com seu irmão por preferir obedecer a Deus a unir-se em rebelião contra Ele. Apesar do descaso de Caim pelo mandado divino, Deus não o deixou entregue a si; mas condescendeu em arrazoar com o homem que tão sem razão se mostrara. E o Senhor disse: “Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?” (Gênesis 4:6). Por meio de um mensageiro angélico foi transmitida a advertência divina: “Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se não fizeres bem, o pecado jaz à tua porta” (Gênesis 4:7). A escolha dependia de Caim mesmo. Se confiasse nos méritos do Salvador prometido e obedecesse às ordens de Deus, desfrutaria do Seu favor. Mas, se persistisse na incredulidade e transgressão, não teria motivos de queixa por ser rejeitado pelo Senhor.
Mas, em vez de reconhecer o seu pecado, Caim continuou a queixar-se da injustiça de Deus e acalentar inveja e ódio a Abel. Rancorosamente censurou seu irmão e tentou arrastá-lo a controvérsia com respeito ao trato de Deus para com eles. Com mansidão, se bem que destemida e firmemente, Abel defendeu a justiça e bondade de Deus. Indicou o erro de Caim e procurou convencê-lo de que a falta estava com ele. Acentuou a compaixão de Deus ao poupar a vida de seus pais, quando Ele os poderia ter punido com morte instantânea, e insistiu em que Deus os amava, ou então não haveria dado a Seu Filho, inocente e santo, para sofrer a pena em que eles tinham incorrido. Tudo isto fez com que a ira de Caim mais se acendesse. A razão e a consciência lhe diziam que Abel tinha razão; mas ele estava enraivecido de que aquele que estivera acostumado a atender seus conselhos pretendesse agora discordar dele; e de que não pudesse ganhar simpatia em sua rebeldia. No furor do seu ódio, matou o irmão.
Caim odiou e matou o irmão, não por qualquer falta que Abel houvesse cometido, mas “porque as suas obras era más e as de seu irmão, justas” (1 João 3:12). Assim, em todos os tempos os ímpios têm odiado os que eram melhores do que eles. A vida de Abel, de obediência e inabalável fé, era para Caim uma reprovação perpétua. “Todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas” (João 3:20). Quanto mais brilhante for a luz celestial que se reflete do caráter dos fiéis servos de Deus, tanto mais claramente se revelam os pecados dos ímpios e mais decididos serão seus esforços para destruir os que lhes perturbam a paz.
O assassínio de Abel foi o primeiro exemplo de inimizade que Deus declarou que existiria entre a serpente e a semente da mulher – entre Satanás e seus súditos e Cristo e seus seguidores. Por meio do pecado do homem, Satanás ganhara o domínio sobre a raça humana, mas Cristo a habilitaria a sacudir este jugo. Quando quer que pela fé no Cordeiro de Deus uma alma renuncie o serviço do pecado, acende-se a ira de Satanás. A vida santa de Abel testificava contra a pretensão de Satanás de que é impossível ao homem guardar a lei de Deus. Quando Caim, movido pelo espírito do maligno, viu que não podia dominar Abel, irou-se de tal maneira que lhe destruiu a vida. E onde quer que haja alguém que esteja pela reivindicação da justiça da lei de Deus, o mesmo espírito se manifestará contra ele. É o espírito que através de todos os séculos acendeu a fogueira ardente para os discípulos de Cristo. Mas essas crueldades amontoadas sobre os seguidores de Jesus são instigadas por Satanás e sua hoste, porque não podem eles obrigá-los a sujeitarem-se ao seu domínio. É a cólera de um adversário vencido. Todo o mártir por Jesus morreu como vencedor. Diz o profeta: “Eles venceram [aquela antiga serpente, chamada o diabo e Satanás] pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte” (Apocalipse 12:11, 9).
Caim, o homicida, logo foi chamado para responder por seu crime. “E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão?” (Gênesis 4:9). Caim tinha avançado tanto no pecado que perdera a intuição da presença contínua de Deus e de Sua grandeza e onisciência. Assim recorreu à falsidade para esconder sua culpa.
De novo diz o Senhor a Caim: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a Mim desde a terra” (Gênesis 4:10). Deus dera a Caim oportunidade para confessar seu pecado. Tivera tempo para refletir. Compreendera a enormidade da ação que praticara e da falsidade que proferira para a ocultar; mais ainda, foi rebelde e a sentença não mais se procrastinou. A voz divina, que tinha sido ouvida em solicitações e admoestações, pronunciou as terríveis palavras: “E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão. Quando lavares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na Terra” (Gênesis 4:11).
Apesar de Caim haver merecido a sentença de morte pelos seus crimes, um Criador misericordioso ainda lhe poupou a vida e concedeu-lhe oportunidade para o arrependimento. Mas Caim viveu apenas para endurecer o coração, para incentivar a rebelião contra a autoridade divina e tornar-se o chefe de uma linhagem de pecadores ousados e perdidos. Esse único apóstata, dirigido por Satanás tornou-se o tentador para outros; e seu exemplo e influência exerceram uma força desmoralizadora, até que a Terra se corrompeu e se encheu de violência a ponto de reclamar sua destruição.
Poupando a vida do primeiro homicida, Deus apresentou diante de todo o Universo uma lição que dizia respeito ao grande conflito. A tenebrosa história de Caim e seus descendentes foi uma ilustração do que teria sido o resultado de permitir ao pecador viver para sempre, para prosseguir com a rebelião contra Deus. A paciência de Deus apenas tornou o ímpio mais ousado e desafiador em sua iniqüidade. Quinze séculos depois de pronunciada a sentença sobre Caim, o Universo testemunhou os frutos de sua influência e exemplo, no crime e corrupção que inundaram a Terra. Tornou-se manifesto que a sentença de morte pronunciada contra a raça decaída pela transgressão da lei de Deus, era não somente justa, mas misericordiosa. Quanto mais vivessem os homens em pecado, mais perdidos se tornariam. A sentença divina, abreviando uma carreira de desenfreada iniqüidade, e livrando o mundo da influência dos que se tornaram endurecidos na rebeldia, era uma bênção e não uma maldição.
Satanás está constantemente em atividade, com intensa energia e sob mil disfarces para representar falsamente o caráter e governo de Deus. Com planos extensos e bem organizados e com poder maravilhoso está o Ser infinito e todo sabedoria, vê o fim desde o princípio, e, ao tratar com o mal, Seus planos foram de grande alcance e compreensivos. Foi o Seu intuito não somente abater a rebelião, mas demonstrar a todo o Universo a natureza da mesma. O plano de Deus estava a desdobrar-se, mostrando tanto Sua justiça como Sua misericórdia, e amplamente reivindicando Sua sabedoria e justiça em Seu trato com o mal.
Os santos habitantes de outros mundos estavam a observar com o mais profundo interesse os acontecimentos que se desenrolavam na Terra. Na condição do mundo que existira antes do dilúvio, viram o exemplo dos resultados da administração que Lúcifer se esforçara por estabelecer no Céu, rejeitando a autoridade de Cristo e pondo à parte a lei de Deus. Naqueles arrogantes pecadores do mundo antediluviano, viram os súditos sobre os quais Satanás exercia domínio. O pensamento do coração dos homens eram só maus continuamente. Cada emoção, cada impulso e imaginação estava em conflito com os divinos princípios de pureza, paz e amor. Isto foi um exemplo da terrível depravação resultante da astúcia de Satanás, de remover das criaturas de Deus a restrição de Sua santa lei.
Pelos fatos manifestos no andamento do grande conflito, Deus demonstrará os princípios de Suas regras de governo, que foram falsificadas por Satanás e por todos que ele enganou. Sua justiça será finalmente reconhecida pelo mundo inteiro, embora este reconhecimento haja de se fazer demasiado tarde para salvar os rebeldes. Deus tem consigo a simpatia e aprovação do Universo inteiro, enquanto passo a passo Seu grande plano avança para o completo cumprimento. Tê-la-á consigo na extirpação final da rebelião. Ver-se-á que todos os que abandonaram os preceitos divinos colocaram-se ao lado de Satanás, em luta contra Cristo. Quando o príncipe deste mundo for julgado, e todos os que com ele se uniram participarem de sua sorte, o Universo inteiro, como testemunha da sentença declarará: “Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos” (Apocalipse 15:3).

Ellen White - Patriarcas e Profetas - páginas 40, 41, 42, 43, 44 e 45.