Fortaleza é a capital
brasileira mais próxima da Europa. Localizada a 5.608 km de Lisboa,
deve ser por isso que a capital cearense foi invadida pelos europeus.
Basta dar uma volta na avenida Beira-Mar para constatar isso. O que
mais se ouve é sotaque italiano e francês. Há até um bar no final
desta avenida, chamado Internacional, voltado exclusivamente para
esse público. O dono é um holandês que veio para Fortaleza, gostou
tanto que não quis voltar.
Mas ele não é o
único. No começo deste ano, almocei numa cafeteria – não lembro
o nome – na avenida Desembargador Moreira, cujo dono era alemão.
Os fortalezenses da gema – já ouvi, pelo menos, dois – dizem que
"essas pessoas" (que vem de fora, não apenas do país, mas
também do estado) estragaram a hospitalidade cearense. Segundo eles,
Fortaleza já foi bem mais hospitaleira. Hoje, a falta de educação
e respeito parece ser notada até pelos nativos.
Como em toda moeda há
duas faces, o lado positivo é que os estrangeiros são capazes de
trazer profissionalismo, investimentos e treinamento em atendimento.
Confesso que fui muito bem atendido nos dois estabelecimentos
citados, cujos donos são europeus. É verdade também que eles
esquecem que o mundo é nossa casa – temporária, mas é – e
pensam que, por não estarem em seus países de origem, podem sujar à
vontade.
Fortaleza é a 5ª
maior capital brasileira em termos populacionais e isso obviamente
atrai mais gente. Afinal, todos querem saber o que desperta tanto
interesse na capital cearense. Dentre os prejuízos que isso traz,
destaca-se o aumento do congestionamento no trânsito e da
criminalidade. Atualmente, porque é ano de eleição, o governo do
estado lançou uma propaganda na TV dizendo que o METROFOR já está
funcionando. Só que ninguém viu. Na propaganda, há a informação
que das 8h às 12h, o passe é livre. Deve ser a o único horário
que funciona, pois não é possível que, numa cidade com 2,5 milhões
de habitantes, ninguém fale dessa grande novidade.
Quanto à
criminalidade, sábado uma menor esfaqueou o dono de um quiosque na
Praia do Futuro, após ter sido demitida. Hoje EU VI com esses olhos
que a terra NÃO há de comer, pois Jesus há de voltar antes, um
corpo estendido no chão. No caminho para o trabalho, vi um homem
coberto com lençol dos bombeiros e uma poça de sangue ao lado dele.
Uma mulher o atropelara. Chorava copiosamente num outro canto mais à
frente. Foi horrível! Nem me detive por muito tempo. Era de
embrulhar o estômago.
Isso para não falar da
modalidade de crime número um da cidade: furto de celulares. Os
caras passam de bicicleta, tomam da sua mão e bau-bau. Vários
hóspedes aqui da pousada já tiveram seus celulares furtados dessa
forma. Por isso, a recomendação é: não use o celular se estiver
andando na rua.
Centro de Cultura e Arte Dragão do Mar
Apesar disso, Fortaleza
continua atraindo estrangeiros. Quando minha esposa e um casal de
padrinhos de casamento estiveram por aqui, fomos ao café Santa
Clara, no Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar e conhecemos duas
alemãs que vieram estudar no Brasil. Uma senhora, colega na empresa
onde trabalho, disse essa semana que sábado chegam não sei quantos
holandeses para estudar aqui também. A verdade é que, agora, esse
pessoal daqueles países pobres da Europa, estão refugiando-se da
fome e principalmente dos credores aqui no Brasil.
Por dois dias seguidos,
acabei almoçando com estrangeiros. Na segunda-feira, na mesa
diagonal frontal à direita de onde eu estava, um grupo de meia dúzia
de estadunidenses. Na terça-feira, na mesa atrás de mim, um grupo
de meia dúzia de italianos.
Mas das seis
estadunidenses – pode até ser preconceito meu – só uma, de
fato, parecia natural daquele país. Obviamente é preconceito meu!
Julgando pelas aparências, achei que só ela nascera naquele país,
porque só ela tinha a pele bem branca e cabelos loiros. Mas as
outras tinham tudo para ser brasileiras, cearenses e, quem sabe, até
baianas (olha o preconceito de novo): gordas, morena, uma negra, que
falavam alto, riam alto, escandalosas mesmo. Essa globalização
estragou até os estadunidenses!
E eu pensando: nossa!
Como essas brasileiras são fluentes! Elas devem estar recebendo a
loira, mas falam muito bem. É impressionante!
Só descobri que eram
todas estadunidenses na fila do caixa para pagar, quando perguntei.
Saí do restaurante estupefato com o meu preconceito, culpando-me e
condenando-me, quando Deus me mostrou que Ele não me condenava.
Estou amadurecendo diariamente. Cada dia é um dia e o importante é
crescer espiritualmente. Ia eu caminhando distraidamente pela rua,
quando de repente, passo no meio, literalmente por dentro de um
enxame de abelhas italianas sem ser picado por nenhuma! Louvado seja
Deus por isso! Ele, que é o criador de todas as coisas, pode dizer
“Não toqueis nos meus ungidos nem maltrateis os meus profetas”
(Salmos 105:15). E, de fato, disse. E elas, meras criaturas – como
eu – obedeceram. Com a diferença que elas sempre obedecem. Eu, nem
sempre.
Na hora, eu não
percebi que eram abelhas. Poderiam ser moscas. Por isso continuei
caminhando na direção delas. Se eu disser que não as vi, é
mentira, porque eu as vi. Mas totalmente distraído, continuei
caminhando na direção delas e entrei no enxame. Claro que, se
fossem moscas, deveria ter algum cadáver no terreno ao lado, pois
eram muitas. Pelo barulho que faziam, podia ser tanto mosca quanto
abelha. Quando eu estava no meio do enxame, um cara gritou do outro
lado da rua: “Cuidado, hein!” Era o inimigo me exortando a
balançar os braços. Certamente eu seria picado, se fizesse isso.
Deus segurou os meus braços, pois como eu estava, assim fiquei. Até
que dobrei a esquina. Quando dobrei a esquina, já fora do enxame, é
que me bateu a curiosidade: o que será aquilo? Por que o cara disse:
“cuidado”? Voltei aonde ele estava e perguntei que bicho era
aquele. Foi quando ele me disse que eram abelhas italianas. Quando
ferroam, a gente fica todo inchado. Então lembrei-me que, quando
Deus livrou o seu povo do Egito, mandou dez pragas, dentre as quais
moscas, rãs e gafanhotos, para atormentar o povo egípcio (Êxodo
7:14-12:51). Nenhuma atingiu o povo de Deus! É por isso que eu lhes
digo: vale à pena andar com Deus!
Após liderar o Grande Prêmio da Inglaterra durante praticamente toda a corrida, o espanhol Fernando Alonso foi ultrapassado pelo Australiano Mark Webber faltando menos de sete voltas para o final e chegou em segundo lugar. Imgino que a sensação dele seja a mesma que a de um time vice-campeão.
Claro que cada situação é diferente. O Palmeiras, por exemplo, no Campeonato Brasilero de 2009, passou o ano inteiro entre os quatro primeiros, mas terminou o campeonato em quinto lugar, não conseguindo nem sequer classificação para a Libertadores, pois perdeu o último jogo para o Atlético-MG do Leão. A sensação dos palmeirenses foi pior do que a do Alonso hoje.
Também não pode ter sido o caso do Boca Juniors nem da seleção italiana de futebol, pois com times reconhecidamente inferiores aos campeões, com certeza sentiram-se melhores do que o espanhol da Fórmula 1 hoje.
A sensação seria comparável a do piloto da Ferrari, se Corinthians e Espanha tivessem perdido, pois poderiam se perguntar: de que adiantou lutar tanto, não perder nenhum jogo, chegar aqui e perder (como foi com a Alemanha também)? Realmente seria frustrante, como deve ter sido frustrado o espanhol ferrarista, que saiu na frente, ficou na frente a corrida toda e, a menos de dez voltas do final, deixou escapar a vitória.
Nenhuma frustração, porém, se compara a daquele grupo de cristãos, no último dia da história, que correrá ao encontro do Salvador, com sorriso no rosto e não ouvirão:
- Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo.
Ao contrário, ouvirão:
- Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. (Mateus 25:34, 41)
Em seu desespero, ainda tentarão argumentar:
- Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?
Então, explicitamente lhes responderá:
- Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. (Mateus 7:22, 23)
Isso, sim, é frustração! Passar a vida toda esperando uma coisa, mas chegar ao final e ser outra. A vida inteira depositando a confiança em "cisternas rotas". Injustiça? Claro que não! Negligência, isso sim!
Quantas e quantas Bíblias estão disponíveis em templos para qualquer um que tenha interesse! Lá está tudo o que precisamos saber. Tudo o que já aconteceu e tudo o que ainda vai acontecer muito em breve! Basta estudá-la, com espírito de reverência, pedindo ao Espírito Santo em oração que lhe guie e Ele revelar-te-á tudo o que você precisa saber. Esta é a função Dele. Não é pastor, não é padre, não é igreja nenhuma que vai te levar ao Conhecimento e à Sabedoria. Pessoas são falhas e podem conduzir-te à "porta larga" (Mateus 7:13) Pergunte diretamente ao Espírito Santo, em oração, e estude a Bíblia com humildade que a resposta ser-lhe-á concedida.
Fato é que ninguém poderá alegar desconhecimento, pois o alerta tem sido dado. A luz está amarela. É tempo de estudar a Bíblia. Chega de edificar prédios sobre a areia! (Mateus 7:26)
Cristãos de todo o mundo, à Bíblia!
Comemorou-se mais do
que quando a seleção brasileira de futebol ganhou a Copa do Mundo.
Ao contrário de quando times regionais venceram o campeonato e os
mais recentes foram: Internacional (festa só em Porto Alegre) e
Santos (festa só em Santos), a festa para o Corinthians foi em
território nacional. Rojões, fogos de artifício, buzinaço,
gritaria... os corinthianos entraram em êxtase! Se um extraterrestre
visitasse o planeta Terra, perguntaria:
- Estão comemorando a
virada do milênio?
Talvez o co-piloto da
nave espacial respondesse:
- Acho que é a virada
de uma Era.
Ninguém comemora como
os corinthianos. Quando eu era corinthiano, dizia isso, mas pensava:
meu ponto de vista deve estar distorcido pela emoção. Os torcedores
dos outros times também amam seus clubes. Sim, é verdade, claro que
amam! Não dá para explicar o que acontece com os corinthianos. É a
vida deles. É a história deles. Sei lá...
Agora não torço mais
para o Corinthians. E posso dizer com imparcialidade: ninguém
comemora como os corinthianos. Talvez por isso despertem tanta
inveja, tanto ódio. Ódio a ponto de um torcedor que não sabe
perder, “brincar” de boliche com os corinthianos (atropelando-os)
no Tatuapé (bairro da Zona Leste paulistana). Ódio a ponto de um
colega de trabalho baiano me dizer: “Eu não gosto de argentino.
Mas eu gosto menos ainda de corinthiano. Por isso, eu vou torcer para
o Boca”. Acho que essa frase representa o sentimento de muita
gente.
Interessante é que o
ódio e inveja que sentem do Corinthians o engrandece. Que outro time
desperta tanto interesse no Brasil? O Brasil parou para acompanhar o
jogo. Parou também, em 2007, quando no jogo contra o Grêmio,
fecharam o caixão do Timão e enterraram-no na série B. Que outro
clube brasileiro faz o país parar para assistir a um jogo que pode
decretar o rebaixamento para a série B? Parar para assistir a uma
final de campeonato é até normal, mas para assistir jogo de
definição de rebaixado, só o Corinthians mesmo.
Se o jogo de ontem
fosse em horário de expediente, os patrões liberariam os
funcionários mais cedo. O Corinthians atrai mais atenção do que a
seleção brasileira.
Nunca se viu festa tão
grande. Nunca mais se verá. Ainda que o Corinthians ganhe o Mundial
Interclubes. Ainda que o Corinthians ganhe mais 10 vezes a Taça
Libertadores da América. A festa que houve essa semana – sim,
porque festa corinthiana não é de um dia, não; é de uma semana;
quiçá de uma quinzena – nunca mais se verá! E tem motivo:
principalmente em São Paulo, onde todos os outros clubes
considerados grandes já haviam conquistado essa taça, a fama que
corria era que o Corinthians não tinha passaporte. Foram nove
fracassos, nove vezes que tiveram o passaporte negado... as duas
últimas tentativas eram para fazer desistir: a primeira no ano do
centenário, com o craque Ronaldo e tudo, perderam para o Flamengo,
de Wagner Love; e a segunda ainda na fase pré-Libertadores, para o
ridículo Tolima.
Ouviram todo tipo de
piada: Toliminado; Libertadores o Corinthians só vai ganhar no
Playstation; o Corinthians na Libertadores é igual ao Chaves: você
já sabe o que vai acontecer, mas assiste porque é engraçado.
Se fosse a Portuguesa,
teria desistido. Mas os grandes se fortalecem nas dificuldades.
Parece que, quanto mais apanham, mais resistentes ficam. Até que
ficam tão resistentes que o Émerson Sheik diz: “bate, pode bater,
bate bem aqui, ó. Num vô caí, não”.
Por isso, nunca mais
haverá uma festa como essa. Porque essa alegria foi a vazão de nove
frustrações, muitas e muitas chacotas... esse título era o objeto
de desejo, o sonho de consumo, a única taça que faltava na sala de
troféus corinthianos. Era muita, muita emoção reprimida para
extravasar. E desde a vitória contra o Santos, no primeiro jogo, a
quantidade de rojões, gritos e hinos nos carros com porta-malas
abertos vêm aumentando gradualmente. Ontem, quando o árbitro apitou
o final do jogo, não tinha mais por que temer a comemoração
antecipada. Ninguém dormiu na cidade de São Paulo.
O dia 4 de julho de
2012 está para sempre marcado na história do Brasil. Seja você
corinthiano ou não, você nunca vai esquecer.
Sexta-feira fui à casa
de um amigo jogar Kinect Sports para X-box 360, um jogo
divertidíssimo e inovador: se as crianças dos anos 90 ficavam
imobilizadas diante da tela da TV e nem piscavam enquanto jogavam
videogame, o revolucionário Kinect converteu esse padrão. Agora não
existe mais joystick. O jogo segue os comandos do seu corpo. É a
realidade virtual dentro de casa! É exercício físico sem precisar
ir à academia. Na semana seguinte, cada fibra dos seus músculos
doem. Isso porque é tão divertido que, mesmo cansado, você quer continuar.
Joguei as seis
modalidades que o jogo disponibiliza: boxe (nenhuma habilidade –
TKO no primeiro round); tênis de mesa (a que eu mais gosto); vôlei
de praia (muito difícil, mas dá pra evoluir porque gosto);
atletismo (o que mais cansa); futebol (único em que obtive vitória) e boliche (objeto desta crônica).
Nem me lembro do que
foi que ele disse antes da minha jogada. Ou foi algo para me
desconcentrar ou afirmou com todas as letras que eu erraria. Também
não lembro se o que considero erro foi não ter feito “STRIKE”
ou não ter derrubado nenhum pino. Lembro que minha justificativa
foi, na brincadeira:
- Você me “secou”.
Assim não vale...
Então, ele, para dar
uma de bonzão, grande craque do boliche – detalhe: ele é o dono
do videogame – pediu para eu “secá-lo” também. Assim, quando
ele acertasse, diria: “olha aí, você também me secou”. Mas eu
não acredito, de fato, nessas besteiras e fiquei olhando para ele
com cara de besta, pensando no que diria. Disse timidamente:
- Eu não tenho
poder para isso.
Quando ele jogou e
errou, eu exultei, pulando, dançando e cantando e disse:
- Eu não tenho
poder para isso, mas eu nem preciso, pois eu conheço Quem tem e Ele
luta as minhas lutas por mim.
Ah, gente, é muito bom
ver a manifestação do poder de Deus em cada detalhe da vida e é
por isso que eu O louvo e dou-Lhe glórias!
Eu não sei se o
Corinthians vai ou não ser campeão da Taça Libertadores da
América. Mas a comemoração foi desproporcional. O Corinthians
ainda não é campeão nem tampouco venceu o jogo na Argentina para
ter alguma vantagem no jogo de quarta-feira. Nem o gol fora de casa
não vale como critério de desempate na final. Então eu não
entendo por que tanta festa. Nem que tivesse ganho. Na verdade, está
tudo igual. Quem vencer, será campeão. Se empatar, prorrogação e
pênaltis.
Mas não me importa
quem será o campeão da Libertadores. Eles se definem como um bando
de loucos e é de fato uma loucura adorar um time de futebol. Mas
isso não é privilégio dos corirnthianos. Quantas pessoas não
transformam seus times de futebol em deuses a ponto de matar e morrer
por eles?! Que loucura! Que alegria efêmera proporciona! Que
tristeza efêmera proporciona!
Fico triste quando vejo
meu irmão ir dormir chateado porque o Corinthians empatou o jogo. A
tristeza dele é passageira. Deus é tão misericordioso que também
permitiu que o time dele (Palmeiras) fosse à final da Copa do
Brasil! A minha tristeza demorará mil anos para passar se ele não
vier comigo para a Canaã Celestial. Fico triste porque o meu irmão
não conhece o Senhor Jesus e, por não conhecê-Lo, prefere ver o
sofrimento corinthiano à exultação palmeirense.
E mesmo que o
Corinthians seja campeão, a nação corinthiana sentirá uma alegria
incrível, indescritível, uma emoção inominável e que, ao mesmo
tempo, não se compara à volta do Senhor Jesus. Eles dizem que
esperam por isso a 101 anos. Nós esperamos pelo grande dia a mais de
1.900 anos! Quão glorioso será aquele dia!
Vejo multidões
chorando porque um time de futebol perde ou ganha um campeonato, mas
não vejo ninguém chorando quando vêem um familiar adorar um ídolo.
Os corinthianos quase botam fogo (graças a Deus não são
botafoguenses) na cidade de São Paulo com tantos rojões e fogos de
artifício, mas não ouço comemoração semelhante quando alguém se
batiza e declara publicamente que quer ser de Jesus. Gastam R$
4.400,00 (quatro mil e quatrocentos reais) – informação do
Esporte Espetacular, programa dominical da TV Globo – para ir a um
jogo de futebol na Argentina e reclamam quando ouvem sobre os
dízimos. Sendo que Deus nos pede tão pouco comparado a tudo o que
Ele nos dá! Um corinthiano chora na Argentina, pois acha que perdeu
o ingresso, mas não chora por perder a salvação que Jesus lhe
oferece de graça.
Eu entendo como podem
adorar algo que não tem poder nenhum sobre suas vidas. É porque
evidentemente não conhecem Aquele que tem. Mas eu não compreendo
como, apesar de tantas evidências que Jesus dá a eles todos os
dias, continuam de costas para o Mestre, dizendo com todas as letras:
“eu não quero te conhecer”.
Eu quero ver os templos
lotados como ficam os estádios de futebol. E quero ver irmãos
se abraçando misericordiosamente, fortalecendo uns aos outros com
palavras como “te vejo no Céu, hein” em vez de manos
abraçando-se e fortalecendo uns aos outros com palavras como “VAI,
CURINTIA!!! Vamu sê campião!” Eu quero ver a igreja gritar “Amém”
e “Louvado seja Deus” em vez de ver a torcida gritar “gol” e
“Le-le-le-ô le-le-le-ô le-le-le-á”.
É triste... as pessoas
se preparam a semana inteira para ver o jogo do Corinthians e fazem
até contagem regressiva: “É depois de amanhã, hein!”, “É
amanhã, hein!”, “É hoje, hein! É hoje, mano”. No dia do
jogo, saem correndo do trabalho, tomam banho e põem a camisa do
Corinthians. Muitos oram, até lembram de Deus nessa hora. Estou
usando o exemplo do Corinthians, porque fiquei impressionado com o
que vi nas duas últimas semanas lá em São Paulo – primeiro com a
classificação para a final, em cima do Santos e depois com o empate
contra o Boca Juniors. Mas troquem o nome do Corinthians pelo de
qualquer outro time e o texto continua o mesmo.
Quantos se preparam com
o mesmo empenho para a volta do Senhor Jesus? Infelizmente tenho que
me incluir nessa multidão que ora pouco, que lê pouco a Bíblia,
vigia pouco e leva a mensagem da salvação aos outros com tanta
timidez quanto medo! Infelizmente eu, que me digo cristão, não
tenho a mesma audácia para defender Jesus que os corinthianos têm
para defender o seu time. Tudo bem, eu sei que Jesus é um Deus vivo
que não precisa ser defendido. Aliás, quem sou eu para fazer o que
quer que seja por Quem já fez e continua fazendo tudo por mim? Os
torcedores precisam defender seus times, pois trata-se de deuses
mortos que não podem se defender sozinhos.
Mesmo entre os que
dizem estar do lado vencedor, quantos estão fazendo contagem
regressiva para a volta de Jesus? Quantos estão confessando seus
pecados, arrependendo-se sinceramente, abandonando-os e pedindo ao
Pai que os cubra com o manto da justiça do Filho, da mesma forma que
os corinthianos vestem a camisa e dizem que é um manto sagrado, a
segunda pele? A justiça de Cristo deveria ser a nossa segunda pele!
O Bando de Loucos é
composto por muito mais gente do que a torcida do Corinthians. É bem
provável que eles não aceitem este “absurdo”. Mas Jesus te
aceita. Se você quiser entrar no time Dele, Ele vai te colocar na
posição que você mais gosta de jogar. Você pode até se machucar.
Claro, que jogador nunca se lesiona? Portanto, “não temais os que
matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que
pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo”. (Mateus
10:28)
Confesso que fiquei
extremamente dividido e até o fim do jogo não consegui definir para
quem torcer. Por um lado, eu sentia pena do Corinthians. Já pensou
se eles fossem novamente eliminados? Teriam que agüentar de novo
aquelas mesmas piadinhas que já cansaram. Por outro lado, uma
espécie de medo de ver a história acontecer tomava conta do meu
ser. Medo esse que era muito maior quando eu era verdadeiramente
corinthiano. Medo de uma emoção boa, explosiva, inimaginável.
Certeza mesmo, só a de que é maravilhoso não mais torcer. Poder
assistir a uma partida de futebol com a frieza com que analiso
gráficos da Bolsa de Valores. Não, com futebol consigo ser ainda
mais frio. Ficar triste, fico. Quando escolho um time para torcer e
ele perde. Foi assim quando o Barcelona foi eliminado da Liga dos
Campeões e novamente quando o Bayern Munich perdeu a final em casa e
nos pênaltis.
O melhor de tudo em não
ser mais fanático é realmente poder assistir ao jogo até o fim.
Não consegui assistir aos pênaltis que classificaram o Palmeiras em
2000. A gente sofre demais! A televisão mostra as torcidas e vemos
as pessoas chorando, angustiadas, tensas, arrancando os cabelos, é
até engraçado quando não é o nosso time.
Quanto ao pé frio, pode
perguntar para o meu irmão, a minha profecia foi: o Santos vai
marcar um gol no último minuto e o Corinthians vai perder nos
pênaltis, igualzinho em 2000.
Agora, corinthianos, eu
lamento informar, mas dificilmente eu torcerei para o Boca Juniors na
final, pois sou brasileiro, não desisto nunca e vou sempre optar por
torcer para um time brasileiro, desde que não seja o São Paulo
Futebol Clube que, aliás, grande alegria me deu ao ser eliminado da
Copa do Brasil. E eu jurava que essa seria deles, já que é a 24ª
edição da Copa do Brasil. Mas eles continuam virgens nessa
competição. Nunca ganharam. Nunca ganharão. Penso que é a mesma
situação do Corinthians com relação à Taça Libertadores da
América.
Impressionou-me também a
reação dos jogadores corinthianos quando o juiz apitou o final do
jogo: com exceção do Jorge Henrique, não vi ninguém chorando,
extremamente emocionado, nada. Nas entrevistas, mostraram-se muito
centrados e equilibrados. Completamente diferente de outras equipes
formadas pelo clube para a disputa deste campeonato, estes jogadores
não demonstram estar sentindo o peso da taça, uma conquista tão
esperada pela torcida. Ao contrário dos times passados, esse joga a
Taça Libertadores como se jogasse qualquer outro jogo. Nem parece
que fizeram história ao classificar o Corinthians para a final.
Mérito do treinador? Não
apenas. Na verdade, esse parece ser o resultado de um trabalho de
longo prazo, iniciado exatamente com outro resultado histórico,
porém negativo: o rebaixamento para a Série B do Campeonato
Brasileiro em 2007. Seis meses depois, o Corinthians já disputava a
final da Copa do Brasil. No ano seguinte, conquistou a Copa do Brasil
e o direito de disputar a Taça Libertadores no ano subseqüente.
Disputou e perdeu; no ano seguinte, disputou de novo; perdeu de novo.
Para o Tolima, ainda na fase pré-Libertadores.
Mas eu lembro de ter visto
num desses programas de mesa redonda diretores e conselheiros do
Corinthians dizerem que era importante estar disputando a Taça
Libertadores, que inevitavelmente chegaria a hora de levantar a Taça.
Ou seja, mais uma vez prova-se por A + B que planejamentos de longo
prazo dão certo. Não sabemos se o Corinthians levantará a Taça
neste ano, mas, mesmo que não levante, se o planejamento for
mantido, é óbvio que mais cedo ou mais tarde, chegará a hora dele.
Apesar de que eu, particularmente, ache que o Corinthians não nasceu
para isso. Mas... acabo de me lembrar de uma frase bastante
inspiradora do Wanderley Luxemburgo: “tabus existem para serem
quebrados”.
Caim e Abel, filhos de Adão, diferiam grandemente em caráter. Abel tinha
um espírito de fidelidade para com Deus; via justiça e misericórdia no
trato do Criador com a raça decaída e com gratidão aceitou a esperança
da redenção. Caim, porém, acariciava os sentimentos de rebeldia e
murmurava contra Deus por causa da maldição pronunciada sobre a Terra e
sobre o gênero humano, em virtude do pecado de Adão. Permitiu que a
mente se deixasse levar pelo mesmo conduto que determinara a queda de
Satanás, condescendendo com o desejo de exaltação própria, e pondo em
dúvida a justiça e a autoridade divinas.
Esses irmãos foram provados, assim como fora Adão antes deles, para
mostrar se creriam na Palavra de Deus e obedeceriam à mesma. Estavam
cientes da providência tomada para a salvação do homem e compreendiam o
sistema de ofertas que Deus ordenara. Sabiam que nessas ofertas deveriam
exprimir fé no Salvador a quem tais ofertas tipificavam e, ao mesmo
tempo, reconhecer sua total dependência Dele para o perdão; e sabiam que
conformando-se assim ao plano divino para a sua redenção, estavam a dar
a prova de sua obediência à vontade de Deus. Sem derramamento de sangue
não poderia haver remissão de pecados; e deviam eles demonstrar sua fé
no sangue de Cristo como a expiação prometida, oferecendo em sacrifício o
primogênito do rebanho. Além disto, as primícias da terra deviam ser
apresentadas diante do Senhor em ação de graças.
Os dois irmãos de modo semelhante construíram seus altares e cada qual
trouxe uma oferta. Abel apresentou um sacrifício do rebanho, de acordo
com as instruções do Senhor. “E atentou o Senhor para Abel e para a sua
oferta” (Gênesis 4:4). Lampejou o fogo do Céu e consumiu o sacrifício.
Mas Caim, desrespeitando o mandado direto e explícito do Senhor,
apresentou uma oferta de frutos. Não houve sinal do Céu para mostrar que
era aceita. Abel instou com seu irmão para aproximar-se de Deus da
maneira divinamente prescrita; mas seus rogos apenas tornaram Caim mais
decidido a seguir a sua própria vontade. Sendo mais velho, achava que
não lhe condizia ser aconselhado por seu irmão e desprezou o seu
conselho.
Caim veio perante Deus com íntima murmuração e incredulidade com
respeito ao sacrifício prometido e necessidade de ofertas sacrificais.
Sua dádiva não exprimia arrependimento de pecado. Achava, como muitos
agora, que seria um reconhecimento de fraqueza seguir exatamente o plano
indicado por Deus, confiando sua salvação inteiramente à expiação do
Salvador prometido. Preferiu a conduta de dependência própria. Viria com
seus próprios méritos. Não traria o cordeiro nem misturaria o seu
sangue com a oferta, mas apresentaria seus frutos, produtos de seu
trabalho. Apresentou sua oferta como um favor feito a Deus, pelo qual
esperava obter a aprovação divina. Caim obedeceu ao construir um altar,
obedeceu ao trazer um sacrifício; prestou, porém, apenas uma obediência
parcial. A parte essencial, o reconhecimento da necessidade de um
Redentor, ficou excluída.
Quanto ao que respeitava ao nascimento e instrução religiosa, esses
irmãos eram iguais. Ambos eram pecadores e ambos reconheciam o direito
de Deus à reverência e adoração. Segundo a aparência exterior, sua
religião era a mesma, até certo ponto; mas além disto, a diferença entre
os dois era grande.
“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício do que Caim” (Hebreus
11:4). Abeu aprendeu os grandes princípios da redenção. Viu-se como um
pecador e viu o pecado e sua pena de morte entre sua alma e a comunhão
com Deus. Trazia morta a vítima, aquela vida sacrificada, reconhecendo
assim as reivindicações da lei, que fora transgredida. Por meio do
sangue derramado, olhava para o futuro sacrifício de Cristo a morrer na
cruz do Calvário; e confiando na expiação que ali seria feita, tinha o
testemunho de que era justo e de que sua oferta era aceita.
Caim tivera, como Abel, a oportunidade de saber e aceitar essas
verdades. Não foi vítima de um intuito arbitrário. Um irmão não fora
feito para ser aceito por Deus e o outro para ser rejeitado. Abel
escolheu a fé e a obediência; Caim, a incredulidade e a rebeldia. Nisto
consistia toda a questão.
Caim e Abel representam duas classes que existirão no mundo até o final
do tempo. Uma dessas classes se prevalece do sacrifício indicado para o
pecado; a outra arrisca-se a confiar em seus próprios méritos; o
sacrifício desta é destituído da virtude da mediação divina e assim não é
apto para levar o homem ao favor de Deus. É unicamente pelos méritos de
Jesus que nossas transgressões podem ser perdoadas. Aqueles que não
sentem necessidade do sangue de Cristo, que acham que sem a graça divina
podem, pelas suas próprias obras, conseguir a aprovação de Deus; estão
cometendo o mesmo erro que Caim. Se não aceitam o sangue purificador,
acham-se sob condenação. Não há outra providência tomada pela qual
possam se libertar da escravidão do pecado.
A classe de adoradores que segue o exemplo de Caim inclui a grande
maioria do mundo; pois quase toda religião falsa tem-se baseado no mesmo
princípio – de que o homem pode confiar em seus próprios esforços para a
salvação. Alguns pretendem que a espécie humana necessita, não de
redenção, mas de desenvolvimento – de que ela pode aperfeiçoar-se,
elevar-se e regenerar-se. Assim como Caim julgava conseguir o favor
divino com uma oferta que faltava o sangue de um sacrifício, assim
esperam estes exaltar a humanidade à norma divina, independentemente da
expiação. A história de Caim mostra qual deverá ser o resultado. Mostra o
que o homem se tornará separado de Cristo. A humanidade não tem poder
para regenerar-se. Ela não tende a ir para cima, para o que é divino,
mas para baixo, para o que é satânico. Cristo é a nossa única esperança.
“Nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser
salvos.” “E em nenhum outro há salvação”. (Atos 4:12).
A verdadeira fé, que confia inteiramente em Cristo, manifestar-se-á pela
obediência a todos os mandamentos de Deus. Desde o tempo de Adão até o
presente, o grande conflito tem sido com referência à obediência à lei
de Deus. Em todos os séculos houve os que pretendiam ter direito ao
favor de Deus, mesmo enquanto estavam a desatender algumas de suas
ordens. Mas as Escrituras declaram que pelas obras “a fé foi
aperfeiçoada” e que, sem as obras da obediência, a fé “é morta” (Tiago
2:22, 17). Aquele que faz profissão de conhecer a Deus “e não guarda os
Seus mandamentos, é mentiroso e nele não está a verdade” (1 João 2:4).
Quando Caim viu que sua oferta era rejeitada, ficou irado com o Senhor e
com Abel; ficou irado de que Deus não aceitasse o substituto do homem
em lugar do sacrifício divinamente ordenado e irado com seu irmão por
preferir obedecer a Deus a unir-se em rebelião contra Ele. Apesar do
descaso de Caim pelo mandado divino, Deus não o deixou entregue a si;
mas condescendeu em arrazoar com o homem que tão sem razão se mostrara. E
o Senhor disse: “Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?”
(Gênesis 4:6). Por meio de um mensageiro angélico foi transmitida a
advertência divina: “Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E, se
não fizeres bem, o pecado jaz à tua porta” (Gênesis 4:7). A escolha
dependia de Caim mesmo. Se confiasse nos méritos do Salvador prometido e
obedecesse às ordens de Deus, desfrutaria do Seu favor. Mas, se
persistisse na incredulidade e transgressão, não teria motivos de queixa
por ser rejeitado pelo Senhor.
Mas, em vez de reconhecer o seu pecado, Caim continuou a queixar-se da
injustiça de Deus e acalentar inveja e ódio a Abel. Rancorosamente
censurou seu irmão e tentou arrastá-lo a controvérsia com respeito ao
trato de Deus para com eles. Com mansidão, se bem que destemida e
firmemente, Abel defendeu a justiça e bondade de Deus. Indicou o erro de
Caim e procurou convencê-lo de que a falta estava com ele. Acentuou a
compaixão de Deus ao poupar a vida de seus pais, quando Ele os poderia
ter punido com morte instantânea, e insistiu em que Deus os amava, ou
então não haveria dado a Seu Filho, inocente e santo, para sofrer a pena
em que eles tinham incorrido. Tudo isto fez com que a ira de Caim mais
se acendesse. A razão e a consciência lhe diziam que Abel tinha razão;
mas ele estava enraivecido de que aquele que estivera acostumado a
atender seus conselhos pretendesse agora discordar dele; e de que não
pudesse ganhar simpatia em sua rebeldia. No furor do seu ódio, matou o
irmão.
Caim odiou e matou o irmão, não por qualquer falta que Abel houvesse
cometido, mas “porque as suas obras era más e as de seu irmão, justas”
(1 João 3:12). Assim, em todos os tempos os ímpios têm odiado os que
eram melhores do que eles. A vida de Abel, de obediência e inabalável
fé, era para Caim uma reprovação perpétua. “Todo aquele que faz o mal
aborrece a luz, e não vem para a luz, para que suas obras não sejam
reprovadas” (João 3:20). Quanto mais brilhante for a luz celestial que
se reflete do caráter dos fiéis servos de Deus, tanto mais claramente se
revelam os pecados dos ímpios e mais decididos serão seus esforços para
destruir os que lhes perturbam a paz.
O assassínio de Abel foi o primeiro exemplo de inimizade que Deus
declarou que existiria entre a serpente e a semente da mulher – entre
Satanás e seus súditos e Cristo e seus seguidores. Por meio do pecado do
homem, Satanás ganhara o domínio sobre a raça humana, mas Cristo a
habilitaria a sacudir este jugo. Quando quer que pela fé no Cordeiro de
Deus uma alma renuncie o serviço do pecado, acende-se a ira de Satanás. A
vida santa de Abel testificava contra a pretensão de Satanás de que é
impossível ao homem guardar a lei de Deus. Quando Caim, movido pelo
espírito do maligno, viu que não podia dominar Abel, irou-se de tal
maneira que lhe destruiu a vida. E onde quer que haja alguém que esteja
pela reivindicação da justiça da lei de Deus, o mesmo espírito se
manifestará contra ele. É o espírito que através de todos os séculos
acendeu a fogueira ardente para os discípulos de Cristo. Mas essas
crueldades amontoadas sobre os seguidores de Jesus são instigadas por
Satanás e sua hoste, porque não podem eles obrigá-los a sujeitarem-se ao
seu domínio. É a cólera de um adversário vencido. Todo o mártir por
Jesus morreu como vencedor. Diz o profeta: “Eles venceram [aquela antiga
serpente, chamada o diabo e Satanás] pelo sangue do Cordeiro e pela
palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte”
(Apocalipse 12:11, 9).
Caim, o homicida, logo foi chamado para responder por seu crime. “E
disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão?” (Gênesis 4:9). Caim
tinha avançado tanto no pecado que perdera a intuição da presença
contínua de Deus e de Sua grandeza e onisciência. Assim recorreu à
falsidade para esconder sua culpa.
De novo diz o Senhor a Caim: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão
clama a Mim desde a terra” (Gênesis 4:10). Deus dera a Caim oportunidade
para confessar seu pecado. Tivera tempo para refletir. Compreendera a
enormidade da ação que praticara e da falsidade que proferira para a
ocultar; mais ainda, foi rebelde e a sentença não mais se procrastinou. A
voz divina, que tinha sido ouvida em solicitações e admoestações,
pronunciou as terríveis palavras: “E agora maldito és tu desde a terra,
que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.
Quando lavares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e
vagabundo serás na Terra” (Gênesis 4:11).
Apesar de Caim haver merecido a sentença de morte pelos seus crimes, um
Criador misericordioso ainda lhe poupou a vida e concedeu-lhe
oportunidade para o arrependimento. Mas Caim viveu apenas para endurecer
o coração, para incentivar a rebelião contra a autoridade divina e
tornar-se o chefe de uma linhagem de pecadores ousados e perdidos. Esse
único apóstata, dirigido por Satanás tornou-se o tentador para outros; e
seu exemplo e influência exerceram uma força desmoralizadora, até que a
Terra se corrompeu e se encheu de violência a ponto de reclamar sua
destruição.
Poupando a vida do primeiro homicida, Deus apresentou diante de todo o
Universo uma lição que dizia respeito ao grande conflito. A tenebrosa
história de Caim e seus descendentes foi uma ilustração do que teria
sido o resultado de permitir ao pecador viver para sempre, para
prosseguir com a rebelião contra Deus. A paciência de Deus apenas tornou
o ímpio mais ousado e desafiador em sua iniqüidade. Quinze séculos
depois de pronunciada a sentença sobre Caim, o Universo testemunhou os
frutos de sua influência e exemplo, no crime e corrupção que inundaram a
Terra. Tornou-se manifesto que a sentença de morte pronunciada contra a
raça decaída pela transgressão da lei de Deus, era não somente justa,
mas misericordiosa. Quanto mais vivessem os homens em pecado, mais
perdidos se tornariam. A sentença divina, abreviando uma carreira de
desenfreada iniqüidade, e livrando o mundo da influência dos que se
tornaram endurecidos na rebeldia, era uma bênção e não uma maldição.
Satanás está constantemente em atividade, com intensa energia e sob mil
disfarces para representar falsamente o caráter e governo de Deus. Com
planos extensos e bem organizados e com poder maravilhoso está o Ser
infinito e todo sabedoria, vê o fim desde o princípio, e, ao tratar com o
mal, Seus planos foram de grande alcance e compreensivos. Foi o Seu
intuito não somente abater a rebelião, mas demonstrar a todo o Universo a
natureza da mesma. O plano de Deus estava a desdobrar-se, mostrando
tanto Sua justiça como Sua misericórdia, e amplamente reivindicando Sua
sabedoria e justiça em Seu trato com o mal.
Os santos habitantes de outros mundos estavam a observar com o mais
profundo interesse os acontecimentos que se desenrolavam na Terra. Na
condição do mundo que existira antes do dilúvio, viram o exemplo dos
resultados da administração que Lúcifer se esforçara por estabelecer no
Céu, rejeitando a autoridade de Cristo e pondo à parte a lei de Deus.
Naqueles arrogantes pecadores do mundo antediluviano, viram os súditos
sobre os quais Satanás exercia domínio. O pensamento do coração dos
homens eram só maus continuamente. Cada emoção, cada impulso e
imaginação estava em conflito com os divinos princípios de pureza, paz e
amor. Isto foi um exemplo da terrível depravação resultante da astúcia
de Satanás, de remover das criaturas de Deus a restrição de Sua santa
lei.
Pelos fatos manifestos no andamento do grande conflito, Deus demonstrará
os princípios de Suas regras de governo, que foram falsificadas por
Satanás e por todos que ele enganou. Sua justiça será finalmente
reconhecida pelo mundo inteiro, embora este reconhecimento haja de se
fazer demasiado tarde para salvar os rebeldes. Deus tem consigo a
simpatia e aprovação do Universo inteiro, enquanto passo a passo Seu
grande plano avança para o completo cumprimento. Tê-la-á consigo na
extirpação final da rebelião. Ver-se-á que todos os que abandonaram os
preceitos divinos colocaram-se ao lado de Satanás, em luta contra
Cristo. Quando o príncipe deste mundo for julgado, e todos os que com
ele se uniram participarem de sua sorte, o Universo inteiro, como
testemunha da sentença declarará: “Justos e verdadeiros são os Teus
caminhos, ó Rei dos santos” (Apocalipse 15:3).
Ellen White - Patriarcas e Profetas - páginas 40, 41, 42, 43, 44 e 45.