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domingo, 9 de junho de 2013

Feitos para outro mundo

"Olhe para fora. Olhe para o céu!" Minha esposa repetia a ordem toda vez que nossa filhinha Marcella (na época, com um ano e meio de idade) insistia em brincar olhando para o assoalho do carro. Viajávamos para Lavras (MG), a fim de participar de uma semana de aulas num curso de pós-graduação na Faculdade Adventista de Minas Gerais (Fadminas), onde eu ministraria aulas de Ciência e Religião. A estrada ficou bastante sinuosa, quando faltavam duas horas para chegar ao colégio, e Marcella começou a ficar enjoada, justamente por não dar ouvidos ao conselho da mãe. Tivemos que parar o carro para ela esvaziar o estômago.
Em nossa jornada pela vida, devemos sempre lembrar deste conselho: "Olhe para o Céu; olhe além!" Quando concentramos a atenção apenas nas coisas deste mundo, nas banalidades da mídia, nas conversações frívolas, nas teorias humanas, a vida se torna "enjoada", sem sentido, vazia. Muitos vivem enfastiados, acabam se acostumando ao mal-estar e talvez ignorem o remédio.
No livro Cristianismo Puro e Simples, C.S. Lewis escreve: "As criaturas não nascem com desejos, a menos que exista satisfação para eles. Um bebê sente fome: bem, existe uma coisa chamada comida. Um patinho quer nadar: bem, existe uma coisa chamada água. [...] Se eu encontrar em mim mesmo um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que fui feito para outro mundo".
Feitos para outro mundo. Por isso é bom estar constantemente olhando para lá, para não esquecer nossa origem e destino. Em Colossenses 3:1,2 o apóstolo Paulo aconselha: "Portanto, se fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra".
Quando experimentamos Jesus como Salvador e Senhor, experimentamos o novo nascimento, nova origem e novo rumo de vida. As coisas "de cima" passam a ter precedência sobre as temporais, passageiras. Ao olhar para o alto, a existência aqui embaixo assume novo sentido e as coisas são colocadas em sua devida posição. A viagem se torna prazerosa e, mesmo que venham curvas e obstáculos no caminho, fica mais fácil transpô-los.
Quando lhe sobrevierem o desânimo e o enjôo que acometem os viajantes da vida, não se esqueça: olhe para o alto; olhe para o Céu; olhe para JESUS. Lembre-se de que você tem nobre origem e um futuro maravilhoso.

Criados em um jardim, não em uma caverna

É justamente essa compreensão da origem e do destino humanos que o inimigo de Deus luta por ofuscar em nossa mente, para que voltemos os olhos para baixo e fiquemos enjoados. É vasto o cardápio de teorias de que ele dispõe. Uma delas é o evolucionismo.
Apocalipese 14:6,7 diz: "Vi outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sobre a terra, e a cada nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo em grande voz: Temei a Deus a dai-lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas".
Se João tivesse usado um computador para registrar essa visão, diríamos que ele copiou e colou parte do texto de Êxodo 20:11, o qual diz: "Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia, descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia de sábado, e o santificou". Apocalipse 14 chama atenção para a questão determinante da adoração: devemos temer (respeitar) a Deus. Qual Deus? O Todo-Poderoso e único Deus Criador do Universo; o nosso Criador e Redentor.
Mas o evolucionismo afirma que todos os seres vivos na Terra evoluíram a partir de um ancestral comum que teria surgido no passado remoto, ancestral esse que até hoje não foi encontrado. Para os evolucionistas naturalistas, Deus é desnecessário nesse processo. Somos apenas animais racionais. Nada temos de especial em relação aos outros seres, a não ser a capacidade mental. E mais: a história da Criação, como relatada no livro de Gênesis, seria apenas mito. Pura lenda ou alegoria.
Acontece que, quando desconsideramos o relato bíblico da Criação, ocasionamos um efeito dominó em toda teologia cristã. Se não houve uma árvore do conhecimento do bem e do mal e a transgressão voluntária de nossos primeiros pais, conseqüentemente, a morte, as doenças e a dor são inerentes à criação. Para que teria morrido Jesus, se o pecado faz parte da história mitológica? E a volta de Jesus para resgatar os que aceitaram a redenção? Seria outro mito cristão? Claro que não.
A verdade é que a doutrina da Criação confere sentido à vida justamente porque mostra o tipo de existência que Deus projetou para Suas criaturas. No mundo ideal de Deus, seres dotados de livre-arbítrio viveriam felizes, livres do sofrimento e capazes de desenvolver todas as maravilhosas faculdades com que foram dotados. O pecado estragou tudo, mas o plano da recriação está de pé e é graciosamente oferecido por Jesus a cada ser humano. Enquanto o novo céu e a nova Terra não vêm, Deus nos apresenta em Sua Palavra o guia para a vida plena, mesmo aqui deste lado da eternidade:

  • Alimentação - Gênesis 1:29 nos apresenta a dieta apropriada para o ser humano.
  • Casamento - Gênesis 2:24 mostra o tipo de relacionamento ideal entre homem e mulher: (1) ambos deixam a casa dos pais; (2) casam-se; (3) e se tornam "uma só carne" através do relacionamento sexual. É essa seqüência de eventos que, quando seguida, torna o casamento uma bênção.
  • Mordomia - Gênesis 1:28 mostra que Deus incumbiu homem e mulher de cuidar da natureza, como bons administradores. Isso é compromisso ecológico.
  • Trabalho - o fato de o Criador ter colocado o primeiro casal num jardim, para dele cuidar, revela desde os primórdios da história deste planeta a nobreza e a importância do trabalho. Como diz o antigo ditado: "cabeça vazia é oficina do diabo". Por isso Deus criou o trabalho. O rei Davi é a prova de que a ociosidade leva ao pecado.
Resumido: o relato bíblico da Criação em Gênesis fornece os pilares da vida com propósito. Se não fomos criados como a Bíblia registra, a moral, a santidade do matrimônio, os valores éticos, etc, são relativizados e, por conseqüência, esvaziados de sentido. Se somos apenas animais racionais, por que devemos confiar em nossos padrões de conduta? Afinal, "se Deus não existe, tudo é permitido", como bem expressou Dostoiévski.
Graças a Deus, Jesus veio a este mundo na condição de segundo Adão para mostrar que há esperança para a humanidade. Referindo-se à ressurreição de Cristo, o escritor G.K.Chesterton disse que "[os amigo de Cristo] estavam contemplando [...] o primeiro dia de uma nova criação, com um novo céu e uma nova terra; e sob as aparências de um jardineiro, Deus passeava novamente pelo jardim, não no frescor da noite, mas do amanhecer" (citado por James Stuart Bell e Anthony P. Dawson, em a Biblioteca de C.S.Lewis, página 46).
Lembre-se: fomos feitos para outro mundo e devemos olhar para o alto, para o mundo que virá e que perdemos por algum tempo. Mas que será nosso de novo, se aceitarmos Jesus como Salvador e permitirmos que Ele nos recrie.

Michelson Borges, jornalista e editor na Casa Publicadora Brasileira; mantém o blog www.criacionismo.com.br

Um comentário:

  1. Vai ver é por isso que eu me sinto tão mal aqui neste mundo. Não me sinto à vontade, porque não estou em casa. A minha casa é junto do meu Pai e dos meus irmãos. Talvez por isso eu veja e sinta a igreja como um excelente refúgio. Lá, encontro pessoas iguais a mim, que pensam como eu, que sofrem tentações e provações por causa da fé, como eu, mas que se apegam a Jesus como socorro bem presente na tribulação (Salmo 46:1). Glória a Deus, porque sei que esse cativeiro está no fim. O resgate já foi pago e logo, logo meu Pai virá me buscar!

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