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domingo, 10 de março de 2013

A graça dá o poder de libertar-se do pecado

Quando o apóstolo Paulo preparava-se para proferir seu tratado magnífico sobre justiça, ele fez a seguinte declaração: Mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça (Romanos 5:20). É muito importante para o homem cuja vida seja caracterizada por atos lascivos saber que, tanto quanto ele se entregou ao pecado, Deus tem uma medida muito maior de graça para vencer essa transgressão. Jesus veio ao mundo para destruir o poder do pecado sobre a vida do cristão. Paulo disse isso desse modo: Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente (Tito 2:11,12).
Sim, é verdade, a graça é o meio pelo qual a salvação está disponível para toda a humanidade. No entanto, é muito mais que isso. A graça é também um mestre, e sua matéria principal é ensinar a ter uma vida agradável a Deus. Quando aquela tentação surgir por meio de algo pecaminoso, a graça estará lá para nos ensinar a dizer: "Não". Quando surgir uma oportunidade para nos entregar a alguma paixão mundana, a graça nos instrui a renunciá-la. A graça diária de Deus não somente nos ajuda durante aqueles momentos de tentação, mas também é uma força ativa na vida do crente para "ter vida sóbria, justa e piedosa neste presente século".
É exatamente a que Paulo se referia quando disse: Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis suportar; antes, com a tentação, proverá também uma forma de escape" (1 Coríntios 10:13). É a graça de Deus que nos capacita a resistir ao desejo assolador pelo pecado. Em outras palavras, a atmosfera que fornece aceitação e perdão quando nos arrependemos é a mesma atmosfera santa que fornece um caminho por meio de toda tentação do pecado.
É meu testemunho que nos últimos 15 anos foi a graça de Deus que me impediu de me entregar à concupiscência poderosa por mulheres que outrora dominou minha vida. Somente para dar um exemplo, contarei um incidente que me aconteceu em 1988. Naquela ocasião, eu estava há três anos fora do pecado habitual. Estava no Texas, realizando uma conferência sobre o domínio do pecado sexual. Estava presente uma médica atraente, que parecia estar interessada no tema da palestra. Ela estava fazendo muitas perguntas e parecia relutante em ir embora depois da conferência.
O homem com quem eu estava viajando tinha outros compromissos e pediu a ela que me desse carona até a casa onde estávamos hospedados. Não pensei em coisa alguma naquele momento. Ela parecia estar interessada em se envolver com o projeto apresentado na palestra. Fiquei contente por ter a oportunidade de conversar com ela sobre o assunto. Entretanto, durante o trajeto da volta, comecei a notá-la fisicamente. Quando chegamos a casa, senti um desejo assolador tomar conta da minha mente. Como eu estava experimentando esse desejo inebriante por aquela mulher, ela deixou claro que estava disponível. Somente então, naquele momento crítico, até mais dominante do que a concupiscência, veio o medo de ser pego, se cometesse adultério. Esse medo que me envolvia por completo era tudo o que eu precisava para sair daquela situação.
Que exemplo da graça maravilhosa, sustentadora de Deus! Isso é o temor de Deus! É diferente de medo! É também medo, mas é uma reverência, um respeito pela consciência da PRESENÇA de Deus.
Se eu tivesse sido deixado por minha conta, teria jogado fora tudo o que o Senhor havia realizado em minha vida nos três anos anteriores. Teria abalado a confiança tão diligentemente restabelecida com minha esposa. Teria mergulhado nas profundezas do pecado mais uma vez. Não obstante, não fui deixado por minha conta! A graça de Deus estava ali para me fornecer um escape.
Se a Sua graça está ali para o cristão, por que alguns homens cedem continuamente às suas tentações? Embora eu não entenda completamente, permanecer em Cristo possibilita a graça de Deus sustentar o cristão. Como João disse: "E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há qualquer pecado. Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca, não o viu nem o conheceu. E aquele que guarda os seus mandamentos nele está, e ele nele. E nisto conhecemos que ele está em nós: pelo Espírito que nos tem dado" (1 João 3:5-6,24).
Deixe-me exemplificar como isso funciona de um modo prático. Já viajei muito. Certa vez, eu estava no aeroporto de Heathrow, fora de Londres; há uma passarela móvel que vai diretamente para o meio do terminal por provavelmente 800m. Existem várias lojas restaurantes e bares delineando cada lado. Se uma pessoa deseja encontrar o pecado, está ali à mão.
Usando esse aeroporto como uma ilustração da jornada cristã da vida, a escada rolante seria o objeto que representaria a graça. Conforme permaneço em Cristo, ela, de alguma maneira, mantém-me protegido de todas as tentações e ciladas deste mundo. Minha responsabilidade é permanecer na escada; o trabalho de Deus é me capacitar a vencer as tentações da vida. Manter um relacionamento dependente do Senhor todo dia, por meio da oração e estudo da Bíblia, mantém-me espiritualmente nutrido e firme na Escada. Esses são os meios que o Senhor usa para infundir em minha vida Seu poder. A passarela móvel é uma ilustração da graça de Deus que me transporta por meio de alguns lugares extremamente diabólicos. Não é meu esforço que me está transportando, é apenas o poder de Deus. Ele receberá toda a glória quando eu chegar ao Céu, porque estou completamente ciente de que não tenho força em mim mesmo para resistir a essas tentações. Sim, se eu estivesse inclinado a cometer pecado, poderia segurar no corrimão da escada rolante em qualquer momento durante minha passagem e visitar alguma livraria que oferecesse pornografia. Contudo, existe um corrimão espiritual chamado temor do Senhor, que foi estabelecido dentro de mim e atua como uma barreira, uma proteção para me impedir de andar errante nos engodos sempre presentes, oferecidos pelo espírito do mundo. Aqueles cujo temor de Deus foi paralisado pelos ensinos da "graça aguada" não desfrutam essa proteção. Em pior situação estão aqueles que andam errantes, livres da disciplina e da força espiritual resultantes de manter uma vida devocional diária.
Tenho uma compreensão melhor da Sua graça maravilhosa, porque tenho sido mantido por ela há muito tempo. Eu a vi operando em meu favor muitas vezes ao longo dos anos. No início de meu caminhar com o Senhor, eu não entendia a graça tão bem. Na realidade, tão espantoso quanto possa parecer, considerando-se a profundidade do pecado que eu estava envolvido outrora, tornei-me um tanto fariseu logo que comecei a andar em vitória sobre o pecado sexual. Eu me dava um crédito muito imerecido por minha libertação. Eu me tornei extremamente semelhante ao fariseu do capítulo 18 de Lucas quando disse: "O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana e dou os dízimos de tudo quanto possuo" (Lucas 18:11,12). Eu estava continuamente me comparando favoravelmente com os outros. Da mesma forma que esse fariseu, eu estava fazendo muitas coisas certas. Meu zelo pelo Senhor era intenso. Eu estava disposto a ter uma vida "totalmente dedicada" a Deus, sacrificando tudo o mais para servir-Lhe. Minha vida devocional estava firmemente estabelecida, mas havia-me esquecido do homem perverso que fui e de tudo o que o Senhor tinha feito por mim. Eu me tornei muito orgulhoso e farisaico.
Deus continuou a tratar comigo. Ele não estava disposto a me deixar nesse estado terrível. Um dia, em 1991, o Senhor me ajudou de uma maneira bastante inesperada. Eu estava preparando meu testemunho para compartilhar num programa de televisão, sabendo que talvez milhões de pessoas o ouviriam. Em meu íntimo, estava ansioso para compartilhar com o mundo como eu tinha vencido o pecado sexual. Todavia, Deus não divide Sua glória com outrem.
Durante aquela ocasião, eu estava pregando em várias igrejas pelo país. Naquele fim de semana em particular, eu havia sido convidado para realizar os cultos em uma igreja em Michigan. Moramos em Kentucky e normalmente minha esposa viaja comigo, mas ela estava com dor na lombar e decidiu ficar em casa. Eu teria de fazer o trajeto de seis horas sozinho. Não existia falta de confiança em mim.
Eu fiz o longo trajeto naquele dia, lutando, às vezes, com a tentação de entrar em alguma cidade e procurar por pornografia ou pior. Mas consegui subjugar esses pensamentos incessantes e cheguei a Michigan. Depois de abastecer meu carro em um posto de gasolina, entrei na loja para usar o banheiro. Passando por dentro da loja (para compreender melhor o que aconteceu em seguida, seria útil imaginar-me passando com minha aparência farisaica!), notei um homem parado na prateleira de revistas, olhando uma revista de mulheres seminuas. Eu passei por ele, espiando por cima de seus ombros esperando ver um corpo nu. Sem dúvida, a revista estava aberta com a foto pornográfica de alguma beldade escolhida para aquele mês.
Aquele único vislumbre de carne me perseguiu o fim de semana inteiro. De alguma maneira, realizei os cultos de domingo e, na segunda-feira de manhã, comecei minha viagem de volta para Kentucky. Assim que saí da residência paroquial, minha mente rapidamente se voltou para aquele posto de gasolina. "Não! Eu não vou parar e olhar para aquela revista!", exclamei para mim mesmo. Não importava o quão forte fosse a postura que tentasse tomar, a imagem da mulher continuava a me atormentar. Por fim, atingi a placa, indicando a saída a 1,6 km de distância. Não vou parar! Vou continuar com Deus!", gritei. "Glória a Deus, aleluia".
Quando o desvio apareceu, saí da auto-estrada, dirigi-me diretamente para aquele posto de gasolina, entrei e saturei minha mente com imagens daquela revista. Meu coração batia freneticamente conforme eu virava as páginas. Somente, então, uma voz sussurrou baixinho: "Fuja!"
Sabendo que era o Espírito Santo, saí imediatamente da loja e fiz o longo trajeto, cheio de culpa, para Kentucky. Durante os dias seguintes, eu me repreendia severamente e continuamente. Uma manhã, minha autocondenação atingiu o ponto máximo. "Como você pode ser tão estúpido! Aqui está você, prestes a falar em uma rádio nacional e você olhou para a pornografia! Seu imbecil!" O longo discurso continuou.
Antes de terminar a história, devo contar um incidente que me aconteceu dez anos antes disso. Eu era um cadete do departamento do xerife de Los Angeles. O treinamento de 18 semanas estava chegando ao fim. Eu era um dos afortunados que haviam suportado os rigores da Academia. Um terço da classe de 150 cadetes havia desistido. Aqueles que continuaram viviam um certo grau de medo de fazer qualquer coisa que pudesse levar à desqualificação.
Naquele dia em particular, os cadetes estavam viajando para o Pomona Fair Grounds, a fim de participar de um curso intensivo de dois dias em uma auto-escola. Havia uma pista de alta velocidade, montada com cones de estacionamento alaranjados na vasta área de asfalto. Finalmente chegou minha vez. A primeira coisa que notei no carro de radiopatrulha foi que ele estava equipado com um santo Antônio. Havia um capacete no banco de direção aguardando-me. "Entre, coloque seu capacete e tome seu assento", disse o instrutor destemido no banco do passageiro.
Fiz exatamente o que ele me mandou. Eu estava dirigindo muito rápido quando, para minha surpresa, o instrutor gritou: "Mais rápido!" Eu imediatamente respondi aumentando minha velocidade ainda mais. Eu estava voando pelas curvas e acelerando nas retas. Ao chegar a uma curva particularmente difícil, perdi o controle por um segundo e fui forçado a dirigir fora da pista. Imediatamente, topei com os cones novamente, voltando para a estrada e terminando o trajeto. Fiquei sentado em silêncio enquanto o instrutor preenchia sua papelada. Sabendo que eu havia saído da pista, lamentei: "Acho que fui reprovado". Eu estava aflito pensando em como aquilo prejudicaria minha graduação na academia.
- Reprovado? Por que acha que foi reprovado? - ele perguntou.
- Perdi o controle naquela curva e saí da pista - lamentei.
- Sim, mas você voltou rapidamente! Você se saiu muito bem! - ele exclamou.
Dez anos depois, quando eu estava em minha caminhada de oração matutina, agredindo-me por ter visto a pornografia no posto de gasolina, Deus falou comigo (mesmo depois de todos esses anos, meus olhos ainda se enchem de lágrimas quando me recordo desse incidente). Em um daqueles momentos revigorantes, eternos, revivi o incidente que aconteceu uma década antes, no carro de radiopatrulha. Agora era o Senhor falando. "Steve, você cometeu um pequeno erro. Mas você se saiu muito bem! Você ora todos os dias. Você persevera Comigo. Você é fiel à Palavra. Sim, você saiu do caminho por um momento, mas voltou rapidamente para ele!"
Recebi uma revelação verdadeira sobre a graça de Deus. A partir daquele dia, entendi que a minha vitória sobre o pecado não era por causa dos meus esforços, mas por causa da graça maravilhosa de Deus!



Steve Gallagher - No Altar da Idolatria Sexual - páginas 307, 308, 309, 310, 311, 312, 313 e 314

Um comentário:

  1. Mais um texto primoroso!
    Obrigado por compartilhar conosco essa história tão esclarecedora sobre a graça e o pecado!

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