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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Graça não é sinônimo de amor

Amor é um termo bíblico usado para descrever o Senhor e, freqüentemente, torna-se embaçado na mente dos cristãos. Deus é amor, e a profundidade, altura e largura de Seu amor são imensuráveis. Limitarei o que tenho a dizer sobre ele em uma grande verdade dupla: Deus deseja ardentemente demonstrar Seu amor para conosco, e Ele espera que esse amor seja retribuído. O Senhor espera que retribuamos Seu amor, mas Ele não é como a pessoa narcisista, que não amará outra pessoa a menos que seu amor seja retribuído. O amor de Deus é desinteressado, doador e sacrificatório por natureza. Porém, o amor de Deus é muito parecido com a eletricidade: deve haver um circuito para que ele seja completo. Ele ama tremendamente as pessoas, mas, se esse amor não for retribuído, ele será, por fim, retirado.
Jesus disse que o grande primeiro mandamento que Deus deu ao homem foi que ele o amasse de todo o seu coração, de toda a sua alma e com todo seu entendimento. A Bíblia inteira fundamenta-se nessa ordem divina.
Porém, amor não é o mesmo que graça. Eles são dois conceitos distintos. Deixe-me demonstrar a diferença entre amor e graça com uma história de vida de Jesus. Certo dia, Ele estava andando, quando um jovem muito rico lhe perguntou o que deveria fazer para ser salvo. Imagine os olhos do nosso Salvador penetrando no mais íntimo do ser desse jovem! O Evangelho de Marcos registra a história:

Tu sabes os mandamentos: não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falsos testemunhos; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe. Ele, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, e vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me. Mas ele, contrariado com essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades. Então, Jesus, olhando ao redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no Reino de Deus os que têm riquezas.  (Marcos 10:19-23)

Muitos cristãos, inclusive eu mesmo, tiveram experiências impressionantes nas quais o amor de Deus tornou-se tão real que era quase tangível. Já participei de cultos de adoração que parecia que a presença de Deus pudesse ser sentida pela congregação como ondas suaves na praia. O Senhor sente um imenso amor por Seu povo. Contudo, deve-se tomar cuidado para não confundir Seu amor com Sua graça.
O amor de Deus pela humanidade é uma força poderosa. É fácil ser arrebatado pelos sentimentos produzidos por esse amor e corrompê-lo em algo para o qual ele não foi destinado. Seu amor não nega Seus mandamentos; simplesmente não negligencia o pecado. Na verdade, Seu amor exige que Lhe obedeçamos e nos desviemos do pecado. Depois do encontro com o jovem rico, Jesus disse aos Seus discípulos: "Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou". (João 14:23,24)
O perigo de saborear o amor de Deus enquanto permanece em um estado sem se arrepender do pecado é que a pessoa pode realmente ser enganada, pensando estar em comunhão verdadeira com o Senhor. Observe que, na história do jovem rico, o amor de Jesus não determinou a vida eterna para esse homem. Sim, Marcos nos diz que Jesus realmente o amou. Estou certo de que Seu amor se manifestou como um sentimento poderoso que emanou de dentro de Seu Ser. Todavia, a eternidade desse homem dependia de sua resposta àquele amor ardente. Ele iria obedecer às palavras de Jesus ou não? Como Jesus é fiel para fazer com todos aqueles que O seguem, Ele misericordiosamente trouxe esse homem a uma decisão: "Escolha hoje a quem servirá, a Deus ou a Mamom!" (Mateus 6:24)
Essa história não tem o propósito de ordenar a todos que dêem todos os seus bens. Jesus viu a idolatria no coração daquele homem e, por conseguinte, levou-o a uma bifurcação na estrada: "Se você quiser ser meu seguidor, deve abrir mão de seu ídolo". Eu pergunto a você: "O Senhor mudou?" Se Ele estipulou essa condição para um homem com relação ao dinheiro, muito mais para aqueles que fizeram do pecado o seu ídolo!
Você notará também que, depois que esse homem tomou sua decisão, Jesus não correu atrás dele (como tantos líderes cristãos fazem hoje em dia), tentando obter algum tipo de acordo: "Escute, eu não quis ser tão enfático assim. Você provavelmente só precisa de um tempo para pôr em prática esse tipo de compromisso. Por que você não me segue por algum tempo e espero que, mais tarde, você possa dar uma parte de seu dinheiro. Afinal de contas, ninguém é perfeito. Somos todos pecadores salvos pela graça".

Eu realmente não consigo imaginar Jesus falando assim.

Um comentário:

  1. Entendo que o amor seja a causa; a graça, o efeito. O amor é maior do que a graça e a graça só existe por causa do amor. Se não houvesse amor, não haveria graça. Em contrapartida, pode-se dizer que sim, haveria amor, ainda que não houvesse graça.

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